Para a maioria dos que a veem de fora, a Amazônia
é uma enorme extensão verde salpicada de
pequenas comunidades ribeirinhas. Nessa visão,
a preservação das matas estaria garantida se o
“povo da floresta” tivesse boas condições de vida
e não precisasse destruir o ambiente para se
sustentar. Pois bem, o povo não está mais na
floresta. [...] Há quarenta anos, apenas 3,5% da
população da Amazônia vivia em cidades. Hoje,
são 73%.(SOARES, 2009, p. 39).
A partir da análise do texto, aliada aos conhecimentos sobre
a região Amazônica, pode-se afirmar:
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa B
Tema central: urbanização da Amazônia e suas consequências socioespaciais — como migração, distribuição de investimentos públicos e impactos sobre serviços e saúde. É preciso entender demografia regional, custo da provisão de infraestrutura em áreas de baixa densidade e dinamismo epidemiológico.
Resumo teórico: a Amazônia apresentou forte processo de urbanização nas últimas décadas; cidades concentram população e poder político, enquanto o povoamento é espacialmente rarefeito fora dos centros. Em territórios de baixa densidade, o custo por habitante para levar água, saneamento e saúde é alto, tornando esses locais menos atrativos para investimentos públicos concentrados. Fontes úteis: IBGE (PNAD/Atlas do Desenvolvimento Humano), relatórios do Ministério da Saúde e estudos sobre políticas regionais.
Por que a alternativa B é correta: ela aponta que o povoamento rarefeito dificulta a distribuição de recursos federais porque governos tendem a priorizar áreas de maior densidade — é um princípio reconhecido em planejamento público e em prática orçamentária: maior retorno político e econômico por real investido em centros densos. A observação casa com dados de concentração urbana e com a lógica de custo/benefício do investimento público (IBGE; estudos sobre regionalização de serviços públicos).
Análise das alternativas incorretas:
A — Errada. A migração para centros urbanos na Amazônia ocorreu em várias fases e ganhou força especialmente a partir das décadas seguintes (anos 60–80) por múltiplos fatores (desenvolvimento industrial em Manaus, projetos governamentais, infraestrutura, pauta agropecuária). A causalidade única atribuída à criação da Zona Franca de Manaus (anos 1950s/1957) é simplista e imprecisa.
C — Errada. Embora a bacia amazônica concentre grande parte da água doce do planeta, isso não se traduz em ampla cobertura de água encanada nos domicílios. A infraestrutura de abastecimento é deficitária em muitas áreas urbanas e rurais da região (dados do SNIS e IBGE mostram cobertura inferior à média nacional).
D — Errada. A urbanização associada a políticas de saneamento pode reduzir certas doenças, mas a leishmaniose é transmitida por vetor (flebotomíneos) e sua dinâmica pode até mudar com urbanização e desmatamento — não há garantia generalizada de diminuição. Muitos estudos mostram manutenção ou mesmo expansão para áreas periurbanas.
E — Errada. Belém e Manaus são as maiores metrópoles da região, mas não apresentam os melhores indicadores sociais nem a melhor infraestrutura do país. Persistem desigualdades, déficit em saneamento e infraestrutura comparados a outras regiões brasileiras; afirmação absoluta é incorreta.
Dicas de prova: destaque termos absolutos (sempre, todos, a que possui o maior…), verifique escala (regional vs. nacional), questione relações causais simplistas e compare com dados oficiais (IBGE, Ministério da Saúde, SNIS).
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