No poema, o uso reiterado das aspas tem a intenção de
Leia o poema de Pedro Tierra para responder à questão:
Fui assassinado.
Morri cem vezes
e cem vezes renasci
sob os golpes do açoite.
Meus olhos em sangue
Testemunharam
a dança dos algozes
em torno do meu cadáver.
Tornei-me mineral
memória da dor.
Para sobreviver,
recolhi das chagas do corpo
a lua vermelha de minha crença,
no meu sangue amanhecendo.
[...]
Porque sou o poeta
dos mortos assassinados,
dos eletrocutados, dos “suicidas”,
dos “enforcados” e “atropelados”,
dos que “tentaram fugir”,
dos enlouquecidos.
Sou o poeta
dos torturados,
dos “desaparecidos”,
dos atirados ao mar,
sou os olhos atentos
sobre o crime.
(Pedro Tierra, Poemas do Povo da Noite)
Morri cem vezes
e cem vezes renasci
sob os golpes do açoite.
Testemunharam
a dança dos algozes
em torno do meu cadáver.
Tornei-me mineral
memória da dor.
Para sobreviver,
recolhi das chagas do corpo
a lua vermelha de minha crença,
no meu sangue amanhecendo.
[...]
Porque sou o poeta
dos mortos assassinados,
dos eletrocutados, dos “suicidas”,
dos “enforcados” e “atropelados”,
dos que “tentaram fugir”,
dos enlouquecidos.
dos torturados,
dos “desaparecidos”,
dos atirados ao mar,
sou os olhos atentos
sobre o crime.
Gabarito comentado
Gabarito: D
Tema central: A questão aborda Pontuação, especificamente o uso das aspas na norma-padrão da Língua Portuguesa, em contexto de interpretação textual e análise semântica.
Justificativa da alternativa correta (D):
As aspas destacam no poema expressões como “suicidas”, “enforcados”, “atropelados”, “tentaram fugir”. Nesta construção, as aspas servem para negar o sentido literal dos vocábulos e sinalizar ao leitor que esses termos estão sendo usados com ironia. O poeta critica, de modo sutil e denunciador, versões oficiais ou eufemismos empregados para ocultar ou dissimular atos violentos, revelando que as vítimas mencionadas não morreram da maneira informada, mas, sim, foram alvo de violência e ocultação dos fatos. Segundo a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, “as aspas são empregadas para indicar palavras ou expressões usadas em sentido irônico ou com intenção de sarcasmo”.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta. Amenizar o sentido é suavizar o impacto, e as aspas fazem exatamente o contrário: expõem a ironia.
B) Incorreta. As aspas não indicam sentido objetivo, mas propositalmente duvidam do sentido literal, questionando a narrativa aparente.
C) Incorreta. As aspas não buscam intensificar descontrole emocional, mas sim destacar o uso não literal dos termos por trás de versões oficiais.
E) Incorreta. Não se trata de sugerir exagero, e sim de questionar, de forma crítica e irônica, as justificativas apresentadas para as mortes.
Ponto-chave para provas: O uso de aspas com sentido irônico é um recurso frequente para denunciar contradições ou mostrar distanciamento do discurso oficial, como indica Evanildo Bechara.
Estratégia: Sempre que encontrar aspas dando destaque a palavras polêmicas ou que sugerem dúvida, reflita se há ironia, crítica ou negação do sentido literal. Atenção às pegadinhas: palavras como "exagero", "objetivo" ou "amenizar" costumam aparecer para confundir.
Resumo da aprendizagem: Em questões sobre aspas, lembre-se: servem, muitas vezes, para negar o sentido literal e evidenciar ironia e crítica, principalmente em textos de forte conotação política ou social.
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