Questão 7f8265cb-af
Prova:PUC - RJ 2017
Disciplina:História e Geografia de Estados e Municípios
Assunto:História e Geografia do Estado do Rio de Janeiro

“Tudo delira e todos nós estamos atacados de megalomania. De quando em quando, dá-nos essa moléstia e nós esquecemos de obras vistas, de utilidade geral e social, para pensar só nesses arremedos parisienses, nessas fachadas e ilusões cenográficas.
Não há casas, entretanto, queremos arrasar o morro do Castelo, tirando habitação de alguns milhares de pessoas”
“Megalomania”, Lima Barreto

De acordo com essa crônica de 1920 sobre o projeto do prefeito Carlos Sampaio para a cidade do Rio de Janeiro, é INCORRETO afirmar que o autor:

A
questiona no projeto elementos antidemocráticos e contrários ao princípio da igualdade social, os quais não correspondiam à concepção de República das elites da época.
B
critica projetos de reforma urbana que não atendem aos interesses reais da maioria da população e promovem obras de caráter superficial no espaço.
C
contesta a pretendida remodelação espacial, dentre outros motivos, pelo aumento da crise habitacional decorrente da demolição de casas populares.
D
combate o arrasamento do morro do Castelo, obra que continuava o processo de expulsão dos trabalhadores do Centro, observado na Reforma Passos.
E
discorda da ideia de que o Rio de Janeiro deveria ser uma espécie de Paris tropical — observando-se que, na época, a capital francesa era um centro irradiador de novidades.

Gabarito comentado

M
Monica Lima Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: crítica de Lima Barreto (1920) às reformas urbanas no Rio — obras de embelezamento inspiradas em Paris que expulsavam populações pobres e priorizavam a aparência sobre necessidades sociais. É preciso conhecer a Reforma Passos, o contexto republicano oligárquico e o modelo higienista/haussmanniano para interpretar o texto.

Resumo teórico: no início do século XX, autoridades cariocas adotaram intervenções higienistas/estéticas (demolições, alargamentos, fachadas) que removeram cortiços e trabalhadores do Centro. Intelectuais como Lima Barreto denunciaram o caráter excludente dessas intervenções — prioridade ao “espetáculo” urbano em detrimento da moradia e da igualdade social.

Por que A é a resposta certa (INCORRETO afirmar)? A alternativa mistura duas ideias: (1) que o autor questiona elementos antidemocráticos — verdadeiro; (2) que esses elementos não correspondiam à concepção de República das elites — falso. Na verdade, Lima Barreto critica precisamente ações que condizem com a visão republicana das elites: modernização seletiva que consolidava desigualdades. Como a alternativa contém essa afirmação errada, ela é a INCORRETA solicitada pelo enunciado.

Análise das demais alternativas (por que não são INCORRETAS):

B — correto: Barreto critica obras superficiais e de aparência, não voltadas aos interesses da maioria.

C — correto: ele aponta que demolições aumentavam a crise habitacional ao retirar moradias populares.

D — correto: opõe‑se ao arrasamento do Morro do Castelo que seguia a lógica expulsiva observada desde a Reforma Passos.

E — correto: rejeita a ideia de transformar o Rio em uma “Paris tropical”; critica a imitação acrítica do modelo parisiense.

Dica de interpretação: atenção às negativas e às orações coordenadas nas alternativas. Se uma parte da frase for falsa (aqui: “não correspondiam…”), toda a alternativa torna‑se equivocada. Busque o núcleo do argumento do autor e compare cada segmento da alternativa com esse núcleo.

Fontes sugeridas: crônicas de Lima Barreto (1920), estudos sobre a Reforma Passos e o higienismo urbano; leituras introdutórias sobre Haussmann e urbanismo republicano brasileiro.

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