Questão 777a2f46-de
Prova:Esamc 2015
Disciplina:Geografia
Assunto:Agricultura brasileira, Agropecuária

Leia o fragmento para responder a questão:


    [...] a expansão da agricultura comercial após 1790 não trouxe apenas homens e mulheres livres, mas também, e especialmente, um grande número de migrantes cativos [para a região de Campinas]. Entre 1779 e 1829, a população escrava do município cresceu de 156 para quase 4800. Em 1872, já com o café como força motriz da economia, ela atingiria 14 mil. [...] o comércio interno de escravos, já bastante ativo nas décadas de 1850 e 1860, recrudesceu nos anos 1870, despejando vários milhares de cativos no Oeste Paulista, vindos sobretudo do Nordeste e do Rio Grande do Sul. Foi só a partir de 1881, com a alta tributação sobre o tráfico interno para o Sudeste e a crise da escravidão, que os fazendeiros voltaram-se seriamente para trabalhadores imigrantes.
(SLENES, Robert W. Senhores e subalternos no Oeste.  In____NOVAIS, Fernando A. História da vida privada no Brasil – volume 2. SP: Companhia das Letras, 1997, p. 249.)


Da leitura do texto, infere-se que:

A
apenas com a abolição da escravidão os fazendeiros do Oeste Paulista passaram a estimular a entrada de imigrantes em suas propriedades, como forma de substituir a ausência dos negros na região.
B
a crise da escravidão, ao mesmo tempo em que estimulou o comércio interno de escravos, provocando o aumento do preço da mão de obra negra, incentivou a imigração europeia para o Brasil.
C
apesar do tráfico de negros ter sido proibido em 1850, o sucesso da lavoura cafeeira estimulou a intensificação do comércio de escravos, tendo os imigrantes entrado na vida econômica do Brasil a partir dos anos de 1880.
D
o problema de obtenção de mão de obra negra, no Oeste Paulista, só foi solucionado após o aumento do comércio interno de escravos, fato que se deu com o fim da escravidão no Sul e no Nordeste do Brasil.
E
o aumento no valor do preço dos escravos após a abolição da escravidão, foi um dos grandes responsáveis pelo estímulo à imigração europeia para a região de Campinas.

Gabarito comentado

W
Wendy Moura Monitor do Qconcursos

TEMA CENTRAL: A questão aborda as estratégias de obtenção de mão de obra na expansão cafeeira do Oeste Paulista no século XIX, articulando crise da escravidão, comércio interno de escravos e estímulo à imigração europeia.

EXPLICAÇÃO TEÓRICA: A partir da Lei Eusébio de Queirós (1850), que proibiu o tráfico transatlântico de escravizados, a cafeicultura paulista buscou repor sua mão de obra comprando escravos de áreas em declínio (Nordeste e Sul), intensificando o comércio interno. Com o avanço do movimento abolicionista e o aumento do preço dos escravos, os fazendeiros tiveram que buscar alternativas, investindo na imigração europeia, especialmente a partir de 1870 — antes da Lei Áurea (1888).

ALTERNATIVA CORRETA (B): A alternativa B é a correta pois relaciona causas e consequências: a crise do sistema escravista estimulou o comércio interno (pelas transferências de escravizados de outras regiões para o Sudeste), encareceu a mão de obra e, ao mesmo tempo, fortaleceu os incentivos à imigração europeia. O fragmento do texto comprova esse processo e confirma que os fazendeiros voltaram seus interesses para os imigrantes a partir da década de 1870, marcando transição gradual para o trabalho livre.

ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS INCORRETAS:

A - Incorreta: A imigração europeia começou a ser estimulada ANTES da abolição e não apenas com ela; os fazendeiros já buscavam substituir a mão de obra escrava por imigrantes desde a década de 1870.

C - Incorreta: Apesar do tráfico externo ter fechado em 1850, o comércio interno se intensificou e a chegada de imigrantes foi bem anterior a 1880, mostrando sobreposição dos processos.

D - Incorreta: O problema de mão de obra não foi totalmente solucionado apenas com comércio de escravos; a imigração já era essencial antes do fim da escravidão no Sul e Nordeste.

E - Incorreta: Após a abolição, não existiu valorização de escravos — pois estavam libertos — e o debate migratório é anterior, ligado ao declínio do sistema escravista, não consequência da abolição.

ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO: Atenção às relações cronológicas (antes/depois da abolição), aos conceitos técnicos e à causa e consequência. Cuidado com pegadinhas que invertem ordem dos processos ou generalizam relações.

REFERÊNCIAS: Autores como Emília Viotti da Costa e Boris Fausto mostram, em obras como “Da Senzala à Colônia,” a passagem complexa entre o trabalho escravizado e a mão de obra livre, reforçando essa dinâmica para o vestibular.

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