Questão 6fb8719c-06
Prova:UNIFESP 2015
Disciplina:Português
Assunto:Uso das aspas, Pontuação

O emprego das aspas no interior da fala do escrivão indica que tal trecho

A questão focaliza uma passagem da comédia O juiz de paz da roça do escritor Martins Pena (1815-1848).

JUIZ (assentando-se): Sr. Escrivão, leia o outro requerimento.
ESCRIVÃO (lendo): Diz Francisco Antônio, natural de Portugal, porém brasileiro, que tendo ele casado com Rosa de Jesus, trouxe esta por dote uma égua. “Ora, acontecendo ter a égua de minha mulher um filho, o meu vizinho José da Silva diz que é dele, só porque o dito filho da égua de minha mulher saiu malhado como o seu cavalo. Ora, como os filhos pertencem às mães, e a prova disto é que a minha escrava Maria tem um filho que é meu, peço a V. Sa. mande o dito meu vizinho entregar-me o filho da égua que é de minha mulher”.
JUIZ: É verdade que o senhor tem o filho da égua preso?
JOSÉ DA SILVA: É verdade; porém o filho me pertence, pois é meu, que é do cavalo.
JUIZ: Terá a bondade de entregar o filho a seu dono, pois é aqui da mulher do senhor.
JOSÉ DA SILVA: Mas, Sr. Juiz...
JUIZ: Nem mais nem meios mais; entregue o filho, senão, cadeia.

(Martins Pena. Comédias (1833-1844), 2007.)

A
reproduz a solicitação de Francisco Antônio.
B
recorre a jargão próprio da área jurídica.
C
reproduz a fala da mulher de Francisco Antônio.
D
é desacreditado pelo próprio escrivão.
E
deve ser interpretado em chave irônica.

Gabarito comentado

M
Melissa AguiarMentora Qconcursos

Tema central: Pontuação e interpretação de texto, com foco no uso das aspas na norma-padrão.

Regra principal: De acordo com as gramáticas normativas (como Cunha & Cintra e Evanildo Bechara), as aspas servem para marcar a transcrição exata de falas, pensamentos ou trechos de outros textos, ou seja, para indicar discursos diretos ou citações literais. Elas também podem sinalizar outros usos (ironia, neologismo, ênfase), mas, no contexto de processos, requerimentos ou narrativas, seu uso mais clássico é o de destacar a fala alheia.

Aplicação à questão: No trecho analisado, o escrivão está lendo o requerimento feito por Francisco Antônio. O que está entre aspas é a reprodução literal da solicitação feita por Francisco Antônio, exatamente conforme ele escreveu. Assim, a função das aspas ali é indicar que o escrivão está citando fielmente, palavra por palavra, o texto do requerente. É isso o que resolve a questão.

Análise das alternativas:

A) reproduz a solicitação de Francisco Antônio. (Correta)
O conteúdo entre aspas é o requerimento, tal como escrito por ele. Isso está em perfeito acordo com os usos tradicionais e gramaticais das aspas.

B) recorre a jargão próprio da área jurídica.
Errado. O trecho não está entre aspas por conter termos técnicos, mas por ser reprodução fiel da fala escrita de Francisco Antônio.

C) reproduz a fala da mulher de Francisco Antônio.
Incorreta, pois a mulher é mencionada, mas não fala no trecho citado.

D) é desacreditado pelo próprio escrivão.
Incorreta, pois o escrivão apenas lê, sem emitir julgamento sobre o conteúdo.

E) deve ser interpretado em chave irônica.
Errada. Não há sinal de ironia – as aspas aqui não têm esse valor semântico.

Estratégia importante: Sempre leia atentamente o que vem antes e depois das aspas e pergunte-se: "Esse trecho está sendo citado literalmente?" Se sim, opte por alternativas que falem em reprodução fiel de fala ou texto alheio.

Resumo: Optar por “reproduz a solicitação de Francisco Antônio” está em perfeita consonância com a regra normativa e as gramáticas de referência.

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