Nas áreas urbanas localizadas nos pontos centrais, o valor
que os lotes vão adquirindo estimula a verticalização, ou seja, o
surgimento do chamado solo criado, cada vez menos acessível
às camadas de baixa renda, que são obrigadas a procurar a periferia das grandes cidades.
(Francisco Capuano Scarlato. População e urbanização brasileira. In: Jurandyr
L. S. Ross (org.). Geografia do Brasil, 1998. Adaptado.)
O fragmento descreve o processo de periferização das grandes
cidades a partir da valorização de suas áreas centrais. No Brasil,
principalmente nas cidades do Sudeste, esse processo foi acompanhado pela
Gabarito comentado
Resposta correta: D
1) Tema central
O enunciado trata da valorização do solo urbano central, sua consequência — a verticalização e o “solo criado” — e o deslocamento das populações de baixa renda para a periferia (processo de periferização). Esse é tema recorrente em provas de geografia urbana: entender causas (mercado fundiário, oferta/demanda) e efeitos socioespaciais.
2) Resumo teórico
A teoria do bid‑rent (Alonso, 1964) explica que lugares centrais têm maior valor de terra, favorecendo usos de alto rendimento (comércio, edifícios altos) e expulsando usos residenciais de baixa renda para a periferia. Nos centros ocorre também falta de reinvestimento em moradias antigas, gerando deterioração. Fontes úteis: IBGE (dados de urbanização) e textos clássicos sobre urbanização e segregação socioespacial.
3) Por que a alternativa D é correta
D fala em “deterioração de muitos centros antigos e das áreas localizadas ao seu redor”. Isso é consequência direta da valorização: enquanto o solo central é apropriado por usos comerciais e edifícios modernos, antigos imóveis centrais tornam-se obsoletos e sem manutenção, gerando degradação urbana — fenômeno observado historicamente em várias cidades do Sudeste brasileiro (ex.: partes do centro de São Paulo e Rio antes de ações de requalificação).
4) Análise das incorretas
A — Formação de “guetos”: refere-se à concentração por origem/etnia; não é a consequência direta enfatizada no texto (o foco foi deslocamento econômico/espacial, não identitário).
B — Desvalorização ao redor de novos centros econômicos: contradiz o enunciado que fala de valorização central e verticalização; não é coerente com o processo descrito.
C — Expansão de infraestrutura nas periferias: normalmente ocorre o oposto — infraestrutura tende a concentrar-se onde há investimento; periferia frequentemente recebe menos serviços, principalmente no primeiro momento da periferização.
E — Preservação e valorização dos centros históricos: pode ocorrer em políticas recentes de requalificação, mas historicamente, especialmente nas grandes cidades do Sudeste, o movimento inicial foi de abandono e degradação, não preservação universal.
5) Estratégias para provas
- Busque relações causa→efeito no enunciado (valorização → verticalização → exclusão).
- Elimine alternativas que contradizem termos-chave (ex.: valorização ≠ desvalorização).
- Cuidado com palavras gerais (“formação de guetos”, “preservação”): verifique se são consequência direta ou possibilidade ocasional.
Referências indicadas: Alonso (1964) sobre bid‑rent; IBGE — estudos de urbanização; Capuano Scarlato (texto citado no enunciado).
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