‘Brasil pode se tornar o país mais obeso do mundo em 15 anos’
Afirmação de Mariana Della Barba, publicada pela BBC Brasil, em 26-08-2015. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/546202-brasil-pode-se-tornar-pais-mais-obeso-do-mundo-em-15-anos. Acesso em: 19 jul 2016.

A reportagem feita com profissionais de alta qualificação sobre os temas nutricionais em todo mundo aponta para um fenômeno chamado de transição nutricional no país. Tal fenômeno está associado ao:

acréscimo de produtos de baixo valor nutricional à rica dieta da população que, a partir da melhoria de renda, deixa de comer frutas e legumes para aumentar o consumo de carne vermelha.

aumento da renda média das famílias brasileiras e a substituição da escassez alimentar anterior por produtos industrializados mais baratos, que possuem baixo valor nutricional e são altamente calóricos.

redirecionamento da renda média dos habitantes do país para o consumo, em quantidades elevadas, de bens alimentares geneticamente modificados que eliminam a fome utilizando-se de meios não seguros.

fortalecimento do consumo de produtos da agricultura orgânica pelas populações que melhoram os seus recursos econômicos, aumentando-se a acumulação de bens materiais e reduzindo-se os cuidados com a alimentação.

encarecimento dos bens de primeira necessidade aumentando-se o consumo de produtos industrializados com alta concentração de açúcar, mais caros do que as frutas e verduras, e altamente calóricos.

Gabarito comentado

Taina VegaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: a transição nutricional — processo pelo qual padrões alimentares e estados nutricionais mudam com o desenvolvimento econômico, geralmente em direção a maior consumo de alimentos industrializados, ricos em calorias e pobres em nutrientes, e aumento da obesidade.

Resumo teórico: a transição nutricional (Popkin; estudos da OMS e FAO) descreve etapas: de insegurança/deficiências à dieta baseada em cereais; depois maior consumo de açúcares, gorduras, alimentos processados e proteína animal à medida que a renda e urbanização crescem. Essa mudança está associada a aumento de doenças crônicas não transmissíveis (obesidade, diabetes, hipertensão).

Por que a alternativa B é correta? Porque resume com precisão a explicação acadêmica: elevação da renda média combinada com maior disponibilidade e baixo preço de produtos industrializados leva à substituição da escassez por alimentos ultraprocessados, calóricos e de baixo valor nutricional — fator chave no aumento da obesidade nacional (Popkin, WHO).

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Afirma que a população deixa de comer frutas e legumes para aumentar consumo de carne vermelha. Na transição nutricional o aumento de ultraprocessados é mais determinante do que um simples troca por carne vermelha; além disso, ganho de renda não implica automaticamente maior consumo de carne em detrimento de hortaliças.

C — Incorreta. Mistura temas distintos (OGM, insegurança dos métodos) que não são a explicação central da transição nutricional; cientificamente não há relação direta entre alimentos geneticamente modificados e o fenômeno descrito no enunciado.

D — Incorreta. O consumo de produtos orgânicos tende a ser associado a melhores práticas alimentares, não ao aumento da obesidade. A alternativa confunde correlações e dá uma interpretação contrária ao observado empiricamente.

E — Incorreta. Afirma que produtos industrializados são mais caros que frutas e verduras; na prática, ultraprocessados são frequentemente mais baratos por calorias e mais acessíveis, o que facilita seu consumo em massa e favorece ganho de peso.

Estratégia para resolver: ao ver termos como "transição nutricional" ou "obesidade", associe rapidamente ao modelo de Popkin e à ideia de substituição por alimentos industrializados baratos e calóricos. Desconfie de alternativas que misturam temas estranhos ao conceito (OGM, orgânicos como causa) ou que invertem a relação preço/consumo.

Fontes para estudo: Popkin B. (2002, 2010) sobre transição nutricional; WHO/FAO relatórios sobre dieta e doenças crônicas.

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