Questão 6cec7667-eb
Prova:CÁSPER LÍBERO 2009
Disciplina:Geografia
Assunto:Industrialização, Histórico

“Nos anos 20, Henry Ford fabricava mais de dois milhões de automóveis por ano, cada um idêntico nos mínimos detalhes ao anterior e ao próximo da linha de montagem. Certa vez, Ford comentou ironicamente que seus clientes podiam escolher qualquer cor que quisessem para seu modelo T, contanto que fosse preto. Este princípio de produtos padronizados fabricados em massa definiu a regra para a industrialização, por mais de meio século” (Jeremy Rifkin, O fim dos empregos: o declínio dos níveis dos empregos e a redução da força global de trabalho). Sobre o conceito de fordismo, é correto afirmar:

A partir da leitura do texto “De volta à condição proletária”, de Ruy Braga e Marco Aurélio Santana, responda à questão.


“Berço histórico do chamado ‘novo sindicalismo’ brasileiro, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC comemorou 50 anos de existência no último dia 12 de maio. É praticamente impossível lembrar dessa efeméride sem associá-la àquele movimento grevista do ano de 1978 que renovou o cenário político brasileiro catalisando o fim da ditadura e impulsionando a luta pela redemocratização do país por meio, principalmente, da criação do Partido dos Trabalhadores (PT) – e, posteriormente, da Central Única dos Trabalhadores (CUT). (…) Amalgamada pelo desenvolvimento industrial acelerado, pelo despotismo fabril, por condições de trabalho degradantes, pelo autoritarismo estatal e por intensos fluxos migratórios, essa ‘nova’ classe trabalhadora fordista, periférica, do ABC paulista não tardaria a contradizer os prognósticos sociológicos do início dos anos 1970. Em vez de politicamente ‘passiva’, pois carente de ‘tradições’ organizativas, ela seria militante e rebelde. (…) Contudo, como indicava a filósofa Simone Weil, ‘a condição operária muda continuamente’ (…)
As razões para o desmanche da classe mobilizada e o retorno a uma condição proletária indiferenciada são conhecidas e enlaçam processos econômicos, políticos e simbólicos. Indo do geral ao particular, parece-nos que a mundialização capitalista, tendo os mercados financeiros à frente, responde por parte substantiva dos motivos que geraram essa realidade. Nos países capitalistas avançados, após a longa transição dos anos 1970, a entrada em cena de quantidades desmedidas de capitais financeiros – na forma de fundos de pensão, fundos mútuos, seguros e fundos hedge – reconfigurou o modelo de desenvolvimento fordista que vigorava até então. Resultante da desregulamentação dos mercados de capitais e da contraonfesiva política neoliberal, somadas ao desenvolvimento das tecnologias da informação, um novo regime de acumulação financeirizado emergiu para restabelecer a lucratividade da empresas. (…)
No Brasil, a década de 1990 foi marcada por essas características. As transformações produtivas incrementaram o desemprego e degradaram o ambiente laboral, desestruturando ainda mais nosso mercado de trabalho. O aumento da concorrência entre os trabalhadores foi acompanhado pela multiplicação das formas, até então atípicas, de contratação de trabalho. (…)
Uma imagem capaz de ilustrar com nitidez o especial significado das transformações do mundo do trabalho no Brasil contemporâneo talvez seja a da ocupação que mais cresceu em termos numéricos nos anos recentes: os operários de telemarketing. Amalgamado pelos investimentos no setor de serviços, pelas privatizações, pelas tercerizações, pela rotatividade, pela informatização e pela financeirização das empresas, esse ‘infoproletariado’, carente de tradições organizativas e, portanto, despolitizado e com baixa aparição coletiva na cena pública, é a verdadeira antítese da classe mobilizada das greves de 1978”.
“De volta à condição proletária”, Ruy Braga e Marco Aurélio Santana, Revista Cult, ano 12, número 139. Texto adaptado.

A
Trata-se de um modelo de produção que, comparado à produção em massa, combina novas técnicas gerenciais e utiliza metade dos recursos humanos e materiais, com base no princípio justin-time.
B
Trata-se de uma forma específica de organização do processo de trabalho industrial que aprimorou os princípios tayloristas e introduziu novos, segundo o qual a concepção e o ritmo de produção escapam ao controle do trabalhador, que executa tarefas pré-definidas de modo repetitivo.
C
Trata-se de um modelo de produção apoiado no trabalho de equipe polivalente e concebido para extrair o máximo da capacidade elaborativa de todas as pessoas envolvidas no processo de produção do automóvel.
D
Trata-se de um modelo de engenharia cooperativa baseado na ideia de que a projeção de uma nova mercadoria depende do trabalho conjunto, sintonizado e articulado de todos os trabalhadores, durante todas as etapas: projeto, produção, distribuição, marketing e vendas.
E
Trata-se de um modelo apoiado no princípio clássico taylorista de administração científica que suprime a tradicional hierarquia gerencial pelo trabalho em equipes polivalentes, situadas diretamente na produção.

Gabarito comentado

J
Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: entende-se aqui o conceito de fordismo — modelo de organização da produção industrial associado a Henry Ford e ao desenvolvimento das linhas de montagem no início do século XX. É importante diferenciá‑lo de conceitos posteriores (toyotismo/just‑in‑time, trabalho em equipe polivalente, financeirização), pois perguntas de concurso costumam explorar essas distinções.

Resumo teórico (claro e progressivo): o fordismo combina a produção em massa com a especialização extrema do trabalho, uso intensivo de linhas de montagem e padronização de produtos. Herdou princípios do taylorismo (administração científica) — divisão rigorosa entre planejamento e execução, controle do ritmo pelo gerenciamento, tarefas repetitivas e desqualificadas para o operário. Fontes: Frederick W. Taylor (administração científica) e estudos sobre Ford/produção em massa; Jeremy Rifkin (citado no enunciado) discute impactos laborais desse modelo.

Por que a alternativa B está certa: ela define corretamente o fordismo como uma forma específica de organização do trabalho industrial que aprimora princípios tayloristas, centraliza decisões de concepção e ritmo na gerência e reduz o trabalhador a tarefas pré‑definidas e repetitivas — características centrais do fordismo clássico.

Análise das alternativas incorretas:

A — confunde fordismo com práticas do pós‑fordismo/lean (just‑in‑time). O JIT e redução de estoques são marcas do toyotismo, não do fordismo que valorizava produção em massa e estoques elevados.

C — descreve trabalho em equipe polivalente (multifuncional), prática típica do toyotismo/post‑fordismo; opõe‑se à especialização e repetição do fordismo.

D — fala de engenharia cooperativa e integração de todas as etapas (produção, projeto, marketing) — característica de modelos flexíveis e integração interfuncional, não do fordismo rígido e segmentado.

E — mistura taylorismo com a ideia de supressão da hierarquia e equipes polivalentes — contradição: taylorismo/fordismo mantêm hierarquia e separação entre planejamento e execução; equipes polivalentes pertencem ao pós‑fordismo.

Estratégia para provas: busque termos‑chave: “linha de montagem”, “produção em massa”, “tarefas repetitivas” → fordismo/taylorismo; “just‑in‑time”, “polivalência”, “equipes” → toyotismo/pós‑fordismo. Evite alternativas que misturam princípios opostos.

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