Examine a passagem do texto 2:
“e eventualmente se interessar por ler o Machadão no
original. Agora, dar uma machadada em um moleque”
Os dois termos em destaque, derivados por sufixação, reportam a Machado de Assis. Tal recurso atribui aos substantivos, respectivamente, sentido de
Examine a passagem do texto 2:
“e eventualmente se interessar por ler o Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um moleque”
Os dois termos em destaque, derivados por sufixação, reportam a Machado de Assis. Tal recurso atribui aos substantivos, respectivamente, sentido de
Para responder a questão, leia as
opiniões em relação ao projeto de adaptação que visa facilitar obras de Machado de Assis.
Texto 1
Isso é um assassinato e eu endosso. A autora [da
adaptação] quer que a Academia se manifeste. Para ela,
vai ser a glória. Mas vários acadêmicos se manifestaram.
Eu me manifestei. Há temas em que a instituição não
pode se baratear. Essa mulher quer que nós tenhamos
essa discussão como se ela estivesse propondo a ressurreição eterna de Machado de Assis, como se ele dependesse dela. Confio na vigilância da sociedade. Vamos
para a rua protestar.(Nélida Piñon. http://entretenimento.uol.com.br)
Texto 2
É melhor que o sujeito comece a ler através de uma
adaptação bem feita de um clássico do que seja obrigado a ler um texto ilegível e incompreensível segundo a
linguagem e os parâmetros culturais atuais. Depois que
leu a adaptação, ele pode pegar o gosto, entrar no processo de leitura e eventualmente se interessar por ler o
Machadão no original. Agora, dar uma machadada em um
moleque que tem PS3, Xbox, 1000 canais a cabo e toda a
internet à disposição é simplesmente burrice.(Ronaldo Bressane. http://entretenimento.uol.com.br)
Texto 3
Não defenderia, jamais, que Secco [autora da adaptação] fosse impedida de realizar seu projeto, mas não me
parece que a proposta devesse merecer apoio do Ministério da Cultura e ser realizada com a ajuda de leis que,
afinal, transferem impostos para a cultura. Trata-se, na
melhor das hipóteses, de ingenuidade; na pior, de excesso
de “sagacidade”. Não será a adulteração de obras, para
torná-las supostamente mais legíveis por ignorantes, que
irá resolver o problema do acesso a textos literários históricos – mesmo porque, adulterados, já terão deixado de ser
o que eram.
(Marcos Augusto Gonçalves. http://www.folha.uol.com.br)
Gabarito comentado
Tema central: A questão trata de morfologia, mais especificamente do processo de formação de palavras por sufixação e da análise semântica dos sentidos gerados por sufixos em substantivos derivados, segundo a norma-padrão.
Justificativa da alternativa correta (D):
Machadão, formado por "Machado" + sufixo aumentativo "-ão", é um exemplo de derivação sufixal. De acordo com Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), o aumentativo pode indicar tamanho ou, mais frequentemente no uso coloquial, simpatia, afeição ou aproximação. Nesse caso, o uso de “Machadão” transmite uma atitude amigável e descontraída, quase como ao chamar alguém de “grande Machado”, criando laço de simpatia e carinho.
Já machadada provém de “machado” + sufixo “-ada”, que, conforme Cunha & Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo), expressa a noção de ação ou efeito do instrumento. No texto, é usada com sentido irônico: comparar a obrigação de ler obras clássicas a um “golpe de machado” destaca o exagero de impor Machado de Assis como algo “doloroso” ou invasivo para o jovem leitor. Trata-se de ironia porque cria um contraste entre a ação literal de uma machadada e a imposição da leitura.
Assim, os sentidos são: simpatia (Machadão) e ironia (machadada), justificando a alternativa D.
Análise das alternativas incorretas:
A) pejo e intimidade: “Machadão” não expressa pejo (vergonha), sendo o sentido oposto, e “machadada” está longe de remeter à intimidade.
B) ironia e simpatia: Inverte os sentidos; simpatia está em “Machadão” e ironia em “machadada”.
C) humor e reverência: Não há reverência explícita em “Machadão”; e “machadada” não tem humor, mas ironia.
E) tamanho e humor: Embora "-ão" sugira tamanho, o contexto evidencia simpatia; e “machadada” reflete ironia, não humor.
Orientação estratégica: Fique atento a como sufixos mudam o sentido das palavras: aumentativos frequentemente comunicam informalidade ou afeto, e sufixos como "-ada" sugerem ação, sendo ferramentas irônicas em certos contextos. Busque sempre interpretar o tom do texto aliado à gramática.
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