O Texto 6 menciona um importante processo que
ocorre no organismo humano, a respiração. O aumento
da atividade física provoca a necessidade de maior fluxo
de ar pelos pulmões para maior fornecimento de oxigênio. Sobre o oxigênio utilizado na respiração humana,
assinale a alternativa correta:
TEXTO 6
Rápido, rápido
Sofro – sofri – de progéria, uma doença na qual o organismo corre doidamente para a velhice e a morte. Doidamente talvez não seja a palavra, mas não me ocorre outra e não tenho tempo de procurar no dicionário – nós, os da progéria, somos pessoas de um desmesurado senso de urgência. Estabelecer prioridades é, para nós, um processo tão vital como respirar. Para nós, dez minutos equivalem a um ano. Façam a conta, vocês que têm tempo, vocês que pensam que têm tempo. Enquanto isso, eu vou escrevendo aqui – e só espero poder terminar. Cada letra minha equivale a páginas inteiras de vocês. Façam a conta, vocês. Enquanto isso, e resumindo:
8h15min – Estou nascendo. Sou o primeiro filho – que azar! – e o parto é longo, difícil. Respiro, e já vou dizendo as primeiras palavras (coisas muito simples, naturalmente: mamã, papá) para grande surpresa de todos! Maior surpresa eles têm quando me colocam no berço – desço meia hora depois, rindo e pedindo comida! Rindo! Àquela hora,
8h45min – eu ainda podia rir.
9h20min – Já fui amamentado, já passei da fase oral – meus pais (ele, dono de um pequeno armazém; ela, de prendas domésticas) já aceitaram, ao menos em parte, a realidade, depois que o pediatra (está aí uma especialidade que não me serve) lhes explicou o diagnóstico e o prognóstico. E já estou com dentes! Em poucos minutos (de acordo com o relógio de meu pai, bem entendido) tenho sarampo, varicela, essas coisas todas.
Meus pais me matriculam na escola, não se dando conta que às 10h40min, quando a sineta bater para o recreio, já terei idade para concluir o primeiro grau. Vou para a escola de patinete; já na esquina, porém, abandono o brinquedo que parece-me então muito infantil. Volto-me, e lá estão os meus pais chorando, pobre gente.
10h20min – Não posso esperar o recreio; peço licença à professora e saio. Vou ao banheiro; a seiva da vida circula impaciente em minhas veias. Manipulo-me. Meu desejo tem nome: Mara, da oitava série. Por enquanto é mais velha do que eu. Lá pelas onze horas poderia namorá-la – mas então, já não estarei no colégio. Ali, me foge o doce pássaro da juventude.
[...]
(SCLIAR, Moacyr. Melhores contos. 6. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 54-55.)
TEXTO 6
Rápido, rápido
Sofro – sofri – de progéria, uma doença na qual o organismo corre doidamente para a velhice e a morte. Doidamente talvez não seja a palavra, mas não me ocorre outra e não tenho tempo de procurar no dicionário – nós, os da progéria, somos pessoas de um desmesurado senso de urgência. Estabelecer prioridades é, para nós, um processo tão vital como respirar. Para nós, dez minutos equivalem a um ano. Façam a conta, vocês que têm tempo, vocês que pensam que têm tempo. Enquanto isso, eu vou escrevendo aqui – e só espero poder terminar. Cada letra minha equivale a páginas inteiras de vocês. Façam a conta, vocês. Enquanto isso, e resumindo:
8h15min – Estou nascendo. Sou o primeiro filho – que azar! – e o parto é longo, difícil. Respiro, e já vou dizendo as primeiras palavras (coisas muito simples, naturalmente: mamã, papá) para grande surpresa de todos! Maior surpresa eles têm quando me colocam no berço – desço meia hora depois, rindo e pedindo comida! Rindo! Àquela hora,
8h45min – eu ainda podia rir.
9h20min – Já fui amamentado, já passei da fase oral – meus pais (ele, dono de um pequeno armazém; ela, de prendas domésticas) já aceitaram, ao menos em parte, a realidade, depois que o pediatra (está aí uma especialidade que não me serve) lhes explicou o diagnóstico e o prognóstico. E já estou com dentes! Em poucos minutos (de acordo com o relógio de meu pai, bem entendido) tenho sarampo, varicela, essas coisas todas.
Meus pais me matriculam na escola, não se dando conta que às 10h40min, quando a sineta bater para o recreio, já terei idade para concluir o primeiro grau. Vou para a escola de patinete; já na esquina, porém, abandono o brinquedo que parece-me então muito infantil. Volto-me, e lá estão os meus pais chorando, pobre gente.
10h20min – Não posso esperar o recreio; peço licença à professora e saio. Vou ao banheiro; a seiva da vida circula impaciente em minhas veias. Manipulo-me. Meu desejo tem nome: Mara, da oitava série. Por enquanto é mais velha do que eu. Lá pelas onze horas poderia namorá-la – mas então, já não estarei no colégio. Ali, me foge o doce pássaro da juventude.
[...]
(SCLIAR, Moacyr. Melhores contos. 6. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 54-55.)
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa B
Tema central: respiração celular aeróbica — papel do oxigênio e vias metabólicas (glicólise, formação de acetil‑CoA, Ciclo de Krebs e cadeia respiratória/fosforilação oxidativa).
Resumo teórico progressivo:
- Glicólise (citoplasma): glicose → 2 piruvato + ATP + NADH.
- Piruvato → acetil‑CoA (descarboxilação oxidativa na mitocôndria): conecta glicólise ao Ciclo de Krebs; libera CO2 e gera NADH (enzima: complexo piruvato desidrogenase).
- Ciclo de Krebs (matriz mitocondrial): acetil‑CoA é oxidado, produz CO2, GTP/ATP, NADH e FADH2.
- Cadeia respiratória (membrana interna): NADH e FADH2 doam elétrons à cadeia; elétrons fluem até o aceitador final, o oxigênio, que forma água. Energia liberada gera ATP via ATP sintase.
Fontes: Lehninger Principles of Biochemistry; Campbell Biology; Guyton & Hall — capítulos sobre metabolismo celular.
Por que a alternativa B está correta:
A afirmação “A acetil coenzima A é fundamental no Ciclo de Krebs” é verdadeira: a acetil‑CoA fornece o grupo acetila (2C) que se condensa com o oxaloacetato para iniciar o Ciclo de Krebs, sendo peça-chave na oxidação completa da glicose e na geração de NADH/FADH2.
Análise das alternativas incorretas:
A (incorreta) — NAD e FAD são coenzimas que aceitam elétrons (e prótons), formando NADH e FADH2; eles não “aceitam oxigênio” diretamente. O oxigênio é o aceitador final de elétrons na cadeia respiratória, não desses cofatores.
C (incorreta) — o CO2 da respiração é gerado principalmente na descarboxilação do piruvato e nas reações do Ciclo de Krebs (isocitrato → α‑cetoglutarato; α‑cetoglutarato → succinil‑CoA). A cadeia respiratória não produz CO2 (produz H2O).
D (incorreta) — o oxigênio é o aceitador final de elétrons na fosforilação oxidativa (última etapa), não “transportador de elétrons em todas as fases”. Nas fases anteriores (glicólise, Ciclo de Krebs) os elétrons são carregados por NAD/FAD.
Dica de prova: fixe termos-chave: “aceitador final de elétrons = O2”; “acetil‑CoA = entrada no Ciclo de Krebs”; “CO2 = descarboxilações (piruvato e Krebs)”; identifique palavras armadilha como “todas as fases” ou “todo o gás carbônico”. Elimine alternativas que confundem aceitador de elétrons com coenzimas transportadoras.
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