Sobre a palavra “somenos”, presente nos versos finais
do fragmento do poema “Tambores na tempestade”,
segunda parte do Texto 1, assinale a alternativa correta:
TEXTO 1
Queimada
À fúria da rubra língua
do fogo
na queimada
envolve e lambe
o campinzal
estiolado em focos
enos
sinal.
É um correr desesperado
de animais silvestres
o que vai, ali, pelo mundo
incendiado e fundo,
talvez,
como o canto da araponga
nos vãos da brisa!
Tambores na tempestade
[...]
E os tambores
e os tambores
e os tambores
soando na tempestade,
ao efêmero de sua eterna idade.
[...]
Onde?
Eu vos contemplo
à inércia do que me leva
ao movimento
de naufragar-me
eternamente
na secura de suas águas
mais à frente!
Ó tambores
ruflai
sacudi suas dores!
Eu
que não me sei
não me venho
por ser
busco apenas ser somenos
no viver,
nada mais que isso!
(VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade.
Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 164, 544, 552.)
TEXTO 1
Queimada
À fúria da rubra língua
do fogo
na queimada
envolve e lambe
o campinzal
estiolado em focos
enos
sinal.
É um correr desesperado
de animais silvestres
o que vai, ali, pelo mundo
incendiado e fundo,
talvez,
como o canto da araponga
nos vãos da brisa!
Tambores na tempestade
[...]
E os tambores
e os tambores
e os tambores
soando na tempestade,
ao efêmero de sua eterna idade.
[...]
Onde?
Eu vos contemplo
à inércia do que me leva
ao movimento
de naufragar-me
eternamente
na secura de suas águas
mais à frente!
Ó tambores
ruflai
sacudi suas dores!
Eu
que não me sei
não me venho
por ser
busco apenas ser somenos
no viver,
nada mais que isso!
(VIEIRA, Delermando. Os tambores da tempestade. Goiânia: Poligráfica, 2010. p. 164, 544, 552.)
Gabarito comentado
Comentário de Gabarito – Questão de Morfologia e Interpretação
Tema central: A questão envolve interpretação semântica (significado no contexto) e morfologia, especificamente formação de palavras por composição e análise de classe gramatical.
Justificativa detalhada da alternativa correta (A):
A palavra “somenos” é resultado do processo de composição por justaposição, ou seja, une dois radicais (“so-” + “menos”) sem alteração de seus elementos, mantendo ambos os radicais íntegros. Pela norma-padrão, este é um processo tradicional do português, conforme explicam Bechara e Cunha & Cintra em suas gramáticas.
No contexto do poema, ao afirmar “busco apenas ser somenos no viver, nada mais que isso!”, o eu lírico descreve o desejo de assumir uma posição quase inexistente, de pouca importância, um quase nada (“de somenos valor ou relevância”), como expressam os dicionários normativos. Assim, a alternativa A está correta tanto pela formação da palavra quanto pela ideia transmitida.
Análise das alternativas incorretas:
B) “Somenos” não é verbo, muito menos no imperativo. É um adjetivo invariável, utilizado para qualificar algo de menor valor ou importância, e não expressa ordem ou convocação.
C) O termo “somenos” não é formado pelo prefixo “só-”, e sim por “so-”. Além disso, a interpretação proposta (minimização da vida para os privados dela) foge do sentido textual; trata-se, na verdade, de ser de pouca importância no contexto da existência.
D) O “-s” final não é marca de plural — “somenos” é adjetivo invariável. Não há oposição entre tudo/nada ou muito/pouco expressa formalmente na construção do termo.
Dica para provas: Sempre desconfie de alternativas que interpretam classe gramatical equivocadamente ou que forçam sentidos além do texto! Atenção à formação das palavras e à semântica no contexto. Gramáticas de referência (como Bechara e Cunha & Cintra) são fundamentais para o estudo desses temas.
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