A leitura da colonização brasileira presente na obra de Miguel Jorge, Ah, Shakespeare, que falta você me faz!, representa uma visão
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
1. Tema central: a questão pede identificar a visão sobre a colonização apresentada numa obra literária. Isso exige reconhecer recursos de leitura literária (tom, ironia, paródia) e relacioná‑los a concepções históricas ou ideológicas sobre o passado colonial.
2. Resumo teórico sucinto: obras que tratam da colonização podem adotar posturas diferentes: idealização (enaltecimento), crítica (desconstrução, ironia), romântica (valorização sentimental/heroica) ou épica (exaltação heróica). A leitura correta exige identificar o tom e o efeito que o autor pretende produzir: sátira e redução da grandiosidade histórica apontam para uma visão crítica/postcolonial (ver Edward Said; Homi Bhabha).
3. Justificativa da alternativa B (correta): a alternativa aponta que a formação da nação é representada através de figuras de dois bandidos portugueses deixados por Cabral — isso implica desmistificação do mito fundador e uso de humor/ironia para criticar a narrativa oficial. Esse procedimento é típico de uma leitura crítica da colonização: reduzir heróis a vilões ou anti‑heróis, evidenciar violência e interesse em vez de glória, desmonta a versão legitimadora do passado.
4. Por que as outras alternativas estão incorretas:
A (romântica): Romantismo enaltece valores autênticos, o indígenismo idealizado ou o herói nacional. A presença de “bandidos” e o tom de crítica não condensam busca nostálgica nem negação do capital — portanto não cabe "romântica".
C (idealizada): Afirma que a identidade se baseia em valorização indígena e miscigenação positiva. Se o texto caricaturiza Cabral e apresenta figuras ilícitas, não há idealização: há ironia e crítica da formação social.
D (épica): Epopéia exalta heróis e façanhas. A transformação de Cabral em “Cabralinho” bandido é o oposto da exaltação épica — é satírica e desmoralizante.
5. Estratégia de interpretação: procure palavras‑chave do enunciado (tom, figuras presentes) e compare com o efeito literário (ironia ≠ exaltação). Desconfie de alternativas que apresentam termos absolutos sem evidência textual.
Referências úteis: Edward W. Said, Orientalism (1978); Homi K. Bhabha, The Location of Culture (1994); Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira.
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