Leia os fragmentos retirados da obra Terras do sem fim de
Jorge Amado, em seguida, observe os termos destacados e a
análise feita em cada uma das proposições:
I - “(...) Ester ficou com os avós que lhe faziam todas as
vontades, que a mimavam”. A flexão do verbo “fazer” está
perfeita, concordando com o sujeito “os avós”;
II - “escapou da justa condenação devido à chacina de
advogados que desmoralizavam a profissão, mas não escapou
da condenação pública”. O uso da crase na expressão “à
chacina” está de acordo com a norma culta; bem como a
ausência da crase na expressão “a profissão” também está
correta em função da transitividade do verbo “desmoralizar”;
III - “O vestido é meu, foi o senhor quem me deu”, a colocação
do pronome “me” não está de acordo com a norma culta.
O correto seria “... o senhor quem deu-me”, não há nenhum
elemento atrativo para a posição proclítica, ou seja, o pronome
antes do verbo;
IV - “Passo a passo até alcançar o caminho mais largo, onde
são menos numerosos os espinhos e os atoleiros.” A crase é
obrigatória na expressão “passo à passo”;
V - “O menino que assistia ao júri, saíra pela mão do pai, mas já estava na porta da sala quando o meirinho badalou a grande
sineta chamando os advogados e os escrivães.” A regência do
verbo “assistir” está de acordo com a norma culta, ou seja,
assistir com sentido de “presenciar” é transitivo indireto e
exige o emprego da preposição “a”, portanto, a expressão “ao
júri” está corretíssima.
Considerando a análise feita em cada proposição, é CORRETO
afirmar que:
Gabarito comentado
Gabarito: D
Tema central: A questão aborda quatro tópicos fundamentais da gramática normativa: concordância verbal, crase, colocação pronominal e regência verbal. Em concursos, é essencial saber identificar erros nessas áreas, analisando a relação entre termos e as regras que regem sua combinação.
Análise das proposições:
I – Correta. O verbo “faziam” concorda com o sujeito “os avós”, ambos no plural. Pela regra da concordância verbal (Bechara), o verbo ajusta-se ao núcleo do sujeito.
II – Correta. O uso da crase em “à chacina” está correto: a expressão pede preposição “a” (devido a) e o substantivo feminino “chacina” permite o artigo “a”, formando “à”. Já em “a profissão” não há crase (verbo “desmoralizavam” é transitivo direto). Regra de crase: só ocorre se houver preposição + artigo, como ensina Celso Cunha & Lindley Cintra.
III – Incorreta. A justificativa dessa alternativa está errada. A próclise (posição do pronome antes do verbo: “quem me deu”) é obrigatória por causa do pronome relativo “quem” — atrativo de próclise. A sugestão “deu-me” contraria a norma-padrão (cf. Rocha Lima).
IV – Incorreta. “Passo a passo” é uma locução cristalizada sem crase. Não se usa crase em expressões formadas por palavras repetidas (ex: frente a frente, gota a gota). Portanto, “passo à passo” seria erro grave.
V – Correta. O verbo “assistir”, no sentido de “presenciar”, é transitivo indireto e exige preposição “a”: “assistia ao júri”. O uso da crase está correto. Essa é uma regra clássica de regência verbal (Pasquale Cipro Neto).
Resumo dos erros: As alternativas III e IV possuem justificativas em desacordo com a norma-padrão, como exigido pelos principais manuais e gramáticas (Evanildo Bechara, Celso Cunha & Lindley Cintra).
Estratégia para questões similares: Atente ao contexto da frase; procure elementos que exigem ou proíbem crase, e avalie a posição dos pronomes levando em conta os chamados “elementos atrativos”. Cuidado com pegadinhas: expressões cristalizadas e pronomes relativos como “quem” são focos frequentes de erro!
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