Leia o trecho da crônica A morte da Velhinha de
Taubaté, de Luís Fernando Veríssimo, e analise as
considerações que seguem, preenchendo os parênteses
com V (verdadeiro) ou F (falso).
“Morreu no último dia 19, aos 90 anos de idade,
de causa ignorada, a paulista conhecida como “a
Velhinha de Taubaté”, que se tornou uma celebridade
nacional há alguns anos por ser a última pessoa no
Brasil que ainda acreditava no governo.
(...)As circunstâncias da morte da Velhinha de Taubaté
ainda não estão esclarecidas. Sua sobrinha
Suzette, que tem uma agência de acompanhantes
de congressistas em Brasília embora a Velhinha
acreditasse que ela fazia trabalho social com religiosas,
informou que a Velhinha já tivera um pequeno
acidente vascular ao saber da compra de votos para
a reeleição do Fernando Henrique Cardoso, em quem
ela acreditava muito, mas ficara satisfeita com as
explicações e se recuperara.Segundo Suzette, ela estava acompanhando as
CPIs, comentara a sinceridade e o espírito público de
todos os componentes das comissões, nenhum dos
quais estava fazendo política, e de todos os depoentes,
e acreditava que, como todos estavam dizendo
a verdade, a crise acabaria logo, mas ultimamente
começara a dar sinais de desânimo e, para grande
surpresa da sobrinha, descrença.A Velhinha acreditara em Lula desde o começo e
até rebatizara o seu gato, que agora se chamava Zé.
Acreditava principalmente no Palocci. Ela morreu na
frente da televisão, talvez com o choque de alguma
notícia. Mas a polícia mandou os restos do chá que
a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho
para exame de laboratório. Pode ter sido suicídio.
( ) A crônica constrói-se por meio da crítica bemhumorada
do autor à corrupção generalizada da
classe política.
( ) O autor explora, nesse texto, a linguagem típica
da notícia de jornal para apresentar a realidade
brasileira de forma caricaturesca.
( ) A profissão de Suzette na crônica é apresentada
de modo direto, sem eufemismos.
( ) FHC, Lula e Palocci são personagens reais a
partir dos quais a fé da Velhinha na política se
consolida.
( ) Luís Fernando Veríssimo é um autor que, em
seus textos, explora outros gêneros textuais,
como a notícia, o conto, o diálogo, a poesia.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses,
de cima para baixo, é
Gabarito comentado
GABARITO COMENTADO:
Tema central: Compreensão das características da crônica jornalística e análise da ironia e crítica social em “A morte da Velhinha de Taubaté”, de Luís Fernando Veríssimo.
Estratégia para resolver a questão: Busque identificar ironia, crítica social e o hibridismo textual típico das crônicas de Veríssimo, que misturam elementos da notícia jornalística e da literatura. Fique atento a termos subjetivos e comparações indiretas, além do uso de eufemismo e subentendidos no texto.
Análise das afirmações:
(1) Verdadeiro (V): O texto possui crítica bem-humorada à corrupção política. Veríssimo ironiza a inocência da Velhinha que ainda acredita nos políticos, mesmo diante de denúncias.
(2) Verdadeiro (V): Ele simula o formato de notícia de jornal (com data, causa da morte, relato de testemunha) para construir uma narrativa caricatural, recurso frequente na crônica.
(3) Falso (F): A profissão de Suzette é apresentada de modo eufemístico — a personagem acredita que ela faz trabalho social, enquanto o texto sugere uma profissão moralmente questionável, sem dizer explicitamente.
(4) Falso (F): FHC, Lula e Palocci aparecem como personagens reais, mas a “fé política” da Velhinha é apresentada de modo ingênuo e satírico, não como algo verdadeiro ou fundamentado em ações positivas desses personagens. A ironia está em sua crença obstinada.
(5) Verdadeiro (V): Veríssimo tem trajetória notória em diferentes gêneros: crônicas, contos, diálogos, poesias e textos satíricos, evidenciando versatilidade em sua obra.
GABARITO: A) V – V – F – F – V
Análise crítica das alternativas incorretas: Evite erros comuns, como aceitar afirmações que ignoram o tom irônico e o eufemismo do texto. Atenção com alternativas que generalizam ou distorcem o posicionamento de personagens reais na crônica — lembre-se que a ironia serve para construir uma caricatura social, não para consolidar admiração ou confiança sincera.
Dica para provas: Na leitura de crônicas, priorize reconhecer os recursos de humor, subentendidos e críticas disfarçadas, além da exploração de formatos jornalísticos usados com finalidade literária.
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