A MÁQUINA DO MUNDO
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
( ... )
O trecho ao lado integra um poema maior da
obra Claro Enigma, de Carlos Drummond de
Andrade. Considerando o poema como um todo,
NÃO É CORRETO afirmar que
A MÁQUINA DO MUNDO
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas
lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,
a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.
( ... )
O trecho ao lado integra um poema maior da
obra Claro Enigma, de Carlos Drummond de
Andrade. Considerando o poema como um todo,
NÃO É CORRETO afirmar que
Gabarito comentado
Tema central: O poema “A Máquina do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade, explora a busca (e a recusa) do sentido existencial mediante um convite à compreensão absoluta da realidade, em diálogo com tradições literárias clássicas.
Conceitos essenciais: O poema faz parte da obra Claro Enigma (1951), marcada pelo tom existencial, filosófico e introspectivo do Modernismo. Apresenta um eu-lírico desencantado, caminhando por uma estrada de Minas, que rejeita a revelação cósmica oferecida pela “máquina do mundo”. Essa recusa expressa o ceticismo do sujeito moderno diante da possibilidade de um sentido total e definitivo para a vida.
Justificativa da alternativa correta:
Alternativa C (Incorreta) — O erro está em afirmar que o caminhante “aceita o convite” e “decifra a máquina do mundo”. No poema, o eu-lírico expressamente recusa a oferta de entendimento pleno. Ele não decifra nem compreende o sentido íntimo da vida, mas, ao contrário, lamenta e rejeita esta revelação, evidenciando o desencanto e a insatisfação do homem moderno. Ler com atenção expressões como “quem de a romper já se esquivava” e “só de o ter pensado se carpia” é essencial para não cair em pegadinhas de interpretação literal.
Análise das alternativas corretas:
A) Correta, pois identifica o tom sombrio do poema e sua integração com os chamados “poemas escuros” de Claro Enigma.
B) Correta, ao destacar o lirismo filosófico e existencial, representado por um viajante desiludido diante da revelação.
D) Correta, pois há efetiva intertextualidade com as estruturas e temas de Camões (Os Lusíadas) e Dante (A Divina Comédia), mas com resultado invertido: enquanto nos clássicos a revelação é aceita, Drummond a recusa.
Estratégias de interpretação:
Fique atento a alternativas que subvertem o sentido principal do texto poético. Muitas vezes, bancas usam termos como “aceita”, “compreende” ou “decifra” para testar se o candidato realmente entendeu o desfecho ou postura do eu-lírico.
Para resolver questões desse tipo, concentre-se nos verbos que indicam ação ou recusa do personagem, e observe o teor das metáforas, sempre contextualizando com o pensamento moderno-existencialista do início do século XX.
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