Na frase “Ora, dizer que saúde é bem-estar é o mesmo que
dizer que seis é meia dúzia.” (2º§), a concordância
estabelecida pela forma verbal grifada anteriormente está
corretamente estabelecida, assim como ocorre em:
Texto para responder às questão
A saúde em pedaços: os determinantes
sociais da saúde (DSS)
A redução da saúde à sua dimensão biológica se
constitui em um dos maiores dilemas da área. Isso porque
essa visão estreita fundamenta práticas de pouco alcance
quando se trata de saúde coletiva, porquanto prioriza a
assistência individual e curativa, constituindo-se em uma
espiral em torno das doenças e que, exatamente por isso,
ajuda a reproduzi-las. Porém, essa concepção, embora
hegemônica, não existe sem ser tensionada.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda na
primeira metade do século XX, tentou destacar que saúde
não é só a ausência de doença. Todavia, pouco explica o
porquê disso, uma vez que, como diria Ana Lúcia Magela de
Rezende, na sua “Dialética da Saúde”, cai na tautologia de
definir a saúde como sendo o completo bem-estar físico,
psíquico e social. Ora, dizer que saúde é bem-estar é o
mesmo que dizer que seis é meia dúzia. O que é o bem-estar?
Na formulação da OMS essa questão permanece vaga.
O uso do termo completo junto a bem-estar torna o conceito
ainda mais problemático, tendo em vista seu caráter
absolutista e, logo, inalcançável nestes termos.
Foi o campo da Saúde do Trabalhador e, posteriormente,
com maior precisão, a Saúde Coletiva (com origens na
Medicina Social Latino-Americana) que superaram as
dicotomias entre saúde e doença, social e biológico, e
individual e coletivo ao formularem a concepção de saúde
enquanto processo. Considerando tal processualidade, nem
estamos absolutamente doentes nem absolutamente sãos,
mas em contínuo movimento entre essas condições. Saúde e
doença são dois momentos de um mesmo processo,
coexistem, uma explicando a existência da outra.
O predomínio de uma ou de outra depende do recorte
e/ou ângulo de análise em cada momento e contexto. Essa
forma de entender a saúde rompe com o pragmatismo
biologicista, mas sem negar que a dimensão biológica é
parte relevante do processo saúde-doença.
Possui o mérito (com autores como Berlinguer,
Donnangelo, Laurell, Arouca, Tambellini, Breilh, Nogueira,
entre outros) de demonstrar que, embora a saúde se
manifeste individual e biologicamente, ela é fruto de um
processo de determinação social. Processo esse que é
histórico e dinâmico, uno mas heterogêneo. Na verdade, só
pode ser processo por causa dessas características. Ele nem
pode ser considerado estaticamente ou como algo imutável
ou imune às transformações sociais, nem pode ser
considerado como um conjunto de fragmentos ou fatores
quase que autônomos uns dos outros ou, muito menos,
como uma massa homogênea e amorfa.
(Diego de Oliveira Souza. Doutor em Serviço Social/UERJ. Professor do
PPGSSUFAL/Maceió e da graduação em Enfermagem/UFAL/Arapiraca.
Disponível em:https://docs.wixstatic.com/ugd/15557d_eae93514d26e4
aecb5e50ab81243343f.pdf. Acesso em agosto de 2019. Adaptado.)
Gabarito comentado
Tema central: Concordância verbal, especialmente envolvendo o verbo ser em construções com sujeito plural e predicativo do singular.
A regra: Segundo a norma-padrão e gramáticas como as de Evanildo Bechara, quando temos o verbo ser ligando um sujeito plural a um predicativo do singular, o verbo pode concordar com o predicativo, especialmente em construções impessoais ou quando o predicativo representa uma ideia mais genérica ou definida (ex: "Discussões é próprio de momentos assim.").
Justificativa da alternativa correta (B):
Discussões é próprio de momentos assim. — Aqui, o sujeito está no plural (Discussões), mas o predicativo (próprio de momentos assim) permanece no singular e funciona como uma característica geral da situação. Assim, o emprego do singular do verbo ser (é) está de acordo com a flexibilidade prevista na norma culta, que admite a concordância com o predicativo, especialmente ao tratar de ideias abstratas ou de propriedades atribuíveis ao todo. Isso é plenamente aceito pela gramática normativa.
Análise das alternativas incorretas:
A) Obstáculos são o que não lhe falta.
Aqui, o sujeito está no plural e o verbo foi colocado no plural antes de um predicativo no singular (“o que não lhe falta”). O correto seria: "Obstáculos é o que não lhe falta." — pois o verbo deve concordar com o predicativo quando este é um pronome demonstrativo ou indefinido acompanhado de predicativo singular.
C) As personagens são todos nós que aqui estamos.
O verbo no plural concorda com o sujeito plural, mas a estrutura iguala “As personagens” a “todos nós”, expressando identidade. O ideal pela norma-padrão é que o verbo concorde com o predicativo, que está no plural (“todos nós”), mas a frase não é equivalente ao modelo do enunciado.
D) Questões disciplinares serão o tema do nosso encontro.
Semelhante à alternativa A, o verbo está no plural, sujeito plural e predicativo singular. O correto, pela regra do predicativo singular, seria: "Questões disciplinares é o tema do nosso encontro."
Estratégia para provas: Atenção para o verbo “ser”: em construções de equivalência (A = B), regra geral: o verbo pode concordar com o predicativo, especialmente se for singular e representar uma ideia genérica.
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