”No passado, mandava o senhor medieval e cumpriam seus camponeses. Depois, com a tecnologia, passaram a imperar os agricultores capitalistas. Agora, na época financeira global, chegaram ao
campo os produtores corporativos. Último degrau da gestão rural.
Percebe-se claramente essa tendência, crescente no Brasil, de
grandes empresas de capital aberto, controladas por fundos de investimento, de origem externa ou interna, aplicarem seus recursos
na atividade agrícola. Há vários modelos de operação, sempre vinculados ao mercado financeiro. Chega a ser curioso. Novos ricos, que
nunca pisaram no chão de terra batida, sentem-se atraídos pelo
lucro gerado na poeira do trator. Aflorou seu atavismo.
(Três razões, basicamente, explicam esse moderno fenômeno econômico (...)
Por Xico Graziano. Extraído de www.estadão.com.br, em 31.08.2013)
As razões referentes ao processo destacado acima são:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: trata-se da financeirização da agropecuária — entrada de capitais institucionais e empresas listadas no campo motivadas por retorno financeiro, não por integração tradicional ao trabalho agrícola. Para resolver, é preciso relacionar o texto (fundos, capital aberto, lucro) aos fatores econômicos que atraem esse capital.
Resumo teórico curto: investidores buscam ativos com alta rentabilidade e potencial de valorização. No Brasil, culturas como soja e milho apresentam margens atraentes e o país ainda dispunha, sobretudo nas últimas décadas, de grandes áreas agricultáveis relativamente baratas (fronteira agrícola). Assim, terras tornam‑se tanto fonte de renda operacional (produção) quanto ativo financeiro (valorização). (Ver: Embrapa; FAO sobre fluxos de investimento e terras agrícolas.)
Por que A é correta: a alternativa aponta dois motivos econômicos coerentes com a ideia do texto: altas margens em lavouras rentáveis (soja) e disponibilidade de terras baratas com potencial de valorização. Ambos explicam por que fundos e empresas aplicam capital no agronegócio — exatamente o foco do trecho.
Análise das incorretas:
B — fala de mercado consumidor doméstico e produtos transgênicos/orgânicos; não corresponde ao argumento do texto, que enfatiza investidores financeiros e retorno sobre terra e commodity, não nichos de mercado interno.
C — referência a hospitalidade, imigrantes e Copa do Mundo é irrelevante e confunde causa cultural com causa econômica.
D — mistura “capitalismo verde” e Rio+20 (evento ambiental), ideia diferente da motivação financeira descrita; além disso, exploração de florestas não é o que o texto aponta.
E — alega falta de terras nos EUA e queda do consumo pós‑2008 — incorreto e pouco plausível como causa principal para investidores comprarem terras no Brasil; o texto fala em oportunidade de lucro local, não em limitação externa.
Dica de prova: foque em palavras‑chave do enunciado (fundos, capital aberto, lucro, mercado financeiro). Elas orientam a ligação com respostas que tratem de rentabilidade e valorização de ativos, não com eventos culturais ou ambientais.
Fontes sugeridas: Embrapa (políticas e dinâmica do agronegócio), FAO (investimentos agrícolas), artigos sobre financeirização do campo (literatura acadêmica).
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