Questão 47a0c0ff-b1
Prova:UFAM 2017
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a afirmativa que mais acertadamente esclarece sobre a razão do homicídio cometido por Luís.

A
Luís precisava continuar vivendo, e sua vida só seria possível sem a existência de Julião Tavares. Foi preciso matar com as próprias mãos para concluir que suas mãos de velho eram, na verdade, fortes e úteis.
B
Luís mata por ciúme, para impor-se, para existir como homem, portanto para não ser reduzido à completa insignificância, embora reconheça depois que sua vida não mudou, permanece na mesma inutilidade (“monótona, agarrada à banca das nove horas ao meio dia, e das duas às cinco”).
C
Matar Marina foi a única forma de Luís se ver livre da convivência com a memória da traição que lhe atormentava.
D
Luís teve todos os motivos para matar Julião Tavares, desferindo-lhe uma facada no peito. Foi este o golpe suficiente para restituir a tranquilidade que tanto buscava.
E
Luís da Silva matou pelo clichê do homem ofendido que mata por ciúme, para só assim ver reestebelecida sua paixão por Marina e retomar a vida a dois com o enxoval já comprado, da paixão interrompida pelo rude Julião no seu momento de maior fervor.

Gabarito comentado

L
Lucas MartinsMonitor do Qconcursos

Tema central: A questão explora a motivação psíquica e existencial para o homicídio cometido por Luís da Silva, protagonista de "Angústia", de Graciliano Ramos. O foco está no aprofundamento psicológico do crime, característica fundamental do Romance de 1930, marcado por introspecção e crítica social.

Justificativa da alternativa correta (B):
Luís mata por ciúme, para impor-se e afirmar sua existência como homem diante da sociedade e, principalmente, diante de si mesmo. Ele teme ser reduzido à insignificância, sentimento intensificado pela relação de Marina com Julião Tavares. A ação, no entanto, é vazia: após o crime, Luís percebe que sua vida permanece monótona e inútil. Este ciclo de frustração evidencia a alienação existencial, central na obra e típica do romance psicológico.

Esta interpretação está alinhada à crítica de Alfredo Bosi e aos estudos clássicos da geração de 1930, mostrando o sofrimento existencial e a busca inútil de sentido do protagonista. O romance enfatiza o conflito interior mais do que qualquer redenção ou transformação concreta.

Análise das alternativas incorretas:

  • A) Reduz a motivação ao desejo de testar a própria força, distorcendo o cerne psicológico do personagem.
  • C) Está errada: Luís não mata Marina.
  • D) Simplifica o enredo ao sugerir que o crime trouxe tranquilidade, contrariando o desfecho do romance.
  • E) Clichê: propõe uma visão simplista do ciúme, ignorando a profundidade psicológica e social.

Estratégias para provas:
Ao interpretar questões de literatura, busque identificar não só quem comete a ação, mas os motivos profundos do personagem. Atenção aos sentimentos existenciais e à crítica social, evitando interpretações literais ou superficiais. Desconfie de alternativas que generalizam motivações ou simplificam conflitos psicológicos complexos.

Referências:
Alfredo Bosi e Fabio Cesar Alves (obras e análises sobre Graciliano Ramos e o romance psicológico brasileiro).

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