Parceiros comerciais do Brasil no exterior, principalmente os compradores de commodities produzidas na Amazônia, andam preocupados em evitar o que chamam de “desmatamento importado”, e têm exigido cada vez mais garantias de que os bens que compram são produzidos em conformidade com normas de respeito ao meio ambiente.

(Bernardo Esteves. “O meio ambiente como estorvo”.

Revista Piauí, junho de 2019.)

A concepção de “desmatamento importado”

Resposta correta: E

Tema central: o conceito de “desmatamento importado” refere‑se à responsabilidade compartilhada entre países produtores e consumidores quando bens (commodities) comercializados no mercado internacional incorrem em perda florestal. É relevante em estudos sobre cadeias de suprimento, pegada de carbono e políticas ambientais (ex.: Regulamento da UE sobre desmatamento — EUDR, 2023; dados do IPCC sobre uso da terra).

Resumo teórico claro: existem duas formas de atribuir impactos ambientais: a contabilização baseada na produção (emissões e desmatamento no país produtor) e a baseada no consumo (impactos "embutidos" nas mercadorias importadas). Desmatamento importado enfatiza a segunda — os países importadores passam a responsabilizar-se por impactos fora de suas fronteiras, exigindo rastreabilidade e conformidade ambiental nas cadeias produtivas.

Justificativa da alternativa E: a alternativa E afirma que o conceito "estende às economias globais a responsabilidade sobre mudanças planetárias" — isso sintetiza exatamente a ideia de contabilização do impacto pelo consumo global e a cobrança internacional por produtos sem origem ambientalmente adequada. Assim, E é a alternativa que corresponde ao conceito discutido.

Análise das alternativas incorretas:

A: liga o termo a um efeito geopolítico específico (obstáculo a regimes nacionalistas ditatoriais) — relação não inerente ao conceito.

B: sugere um conflito direto entre qualidade de vida e produção de riqueza — não é definição de “desmatamento importado”, que é sobre responsabilidade e rastreabilidade.

C: afirma que favorece domínio político das potências — embora medidas internacionais possam gerar pressões comerciais, o conceito não tem esse foco central.

D: diz que impede crescimento dos países do Terceiro Mundo — medida pode impactar custos/exports, mas não define o conceito; é consequência potencial, não definição.

Dica de prova: foque nas palavras-chave do enunciado — “estender…responsabilidade”, “compradores…evitar desmatamento” — conecte com a noção de impacto transfronteiriço (pegada de consumo). Evite inferir efeitos políticos/econômicos não mencionados no enunciado.

Fontes úteis: IPCC (relatórios sobre uso da terra), Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal brasileiro), Regulamento da UE sobre desmatamento (EUDR, 2023).

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