A segunda metade do século XIX marcou um momento de crescimento expressivo da produção de borracha na região
amazônica que atraiu um fluxo migratório, especialmente nordestino, aumentando o contingente populacional e
colocando em questão o abastecimento dessa população. Em relação à região encachoeirada do Madeira, antes do
estabelecimento das linhas de navegação a vapor, de que forma acontecia, em sua maior parte, o abastecimento de
gêneros alimentícios?
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: logística de abastecimento durante o Ciclo da Borracha na região do rio Madeira. A questão explora como as barreiras naturais (as encachoeiradas — conjuntos de quedas e corredeiras) moldavam rotas de fornecimento antes da navegação a vapor regular.
Resumo teórico e raciocínio-chave: quando há trechos encachoeirados, a navegação direta desde a foz (ou centros amazônicos) fica impedida. Assim, os seringais e povoados situados acima das quedas dependiam de rotas alternativas: rotas fluviais que contornavam as barreiras por países vizinhos ou por trechos cabotados. No caso do Madeira, as cabeceiras e bacias afluentes que abasteciam a região superior conectavam-se diretamente às províncias bolivianas de Pando e Beni, que eram rotas mais práticas para entrada de gêneros antes da implantação da navegação a vapor.
Justificativa da alternativa A: por serem áreas limítrofes e por apresentarem rotas fluviais e terrestres mais curtas para os seringais da parte alta do Madeira, os departamentos bolivianos abasteciam com alimentos e mantimentos os núcleos populacionais locais. Essa dinâmica foi documentada em estudos sobre o Ciclo da Borracha e em pesquisas regionais (ver publicações do Museu Paraense Emílio Goeldi e sínteses do IBGE sobre Amazônia e ciclo da borracha).
Análise das alternativas incorretas:
B — produção indígena: havia contribuição, mas insuficiente para alimentar o grande contingente migratório; não supria a demanda urbana e de seringais.
C — monções: as monções (expedições fluviais históricas) foram importantes em outros contextos e trechos, mas não eram a principal forma de abastecimento da região encachoeirada do Madeira no fim do século XIX, quando as rotas bolivianas se mostravam mais práticas.
D — províncias nordestinas: distância e logística inviabilizavam abastecimento direto; não existia conexão fluvial viável que tornasse o Nordeste fornecedor principal.
E — província de Mato Grosso: embora geograficamente relativamente próxima, a infraestrutura e as rotas de abastecimento favoráveis apontavam mais para conexões com os departamentos bolivianos do que para Mato Grosso como principal provedor.
Estratégia para questões semelhantes: identifique termos-chave do enunciado (ex.: "encachoeirada", período histórico) e pense nas consequências geográficas (barreiras à navegação) — isso geralmente indica rotas alternativas regionais ou internacionais.
Fontes sugeridas para aprofundar: publicações e estudos sobre o Ciclo da Borracha no Museu Paraense Emílio Goeldi e estudos do IBGE sobre Amazônia.
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