O poema “Entre o ser e as coisas” integra o livro Claro enigma, de Carlos Drummond de Andrade:
Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.
Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.
N’água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.
Com base na leitura desse poema e na integridade do livro, assinale a alternativa correta.
Gabarito comentado
Tema central: A questão explora recursos formais e estilísticos da poesia de Carlos Drummond de Andrade em Claro Enigma, especialmente a aliteração e o jogo sonoro utilizados no poema, além de abordar brevemente a estrutura e o tom predominantes no livro.
Conceitos-chave: Aliteração é a repetição intencional de sons consonantais para criar musicalidade e reforçar sentidos na poesia. O jogo sonoro surge dessa repetição e da escolha de palavras foneticamente próximas — importante para a expressividade lírica, especialmente em obras que dialogam com a tradição formal. O entendimento desses recursos é essencial, pois costumam ser cobrados em questões de análise formal e estilística de textos literários em concursos e vestibulares.
Análise da alternativa correta: A alternativa D acerta ao apontar no primeiro verso ("Onda e amor, onde amor, ando indagando") a ocorrência de aliteração (repetição dos sons "o", "a" e das consoantes "n" e "d") e do jogo sonoro com os pares "onda/ando", "amor/amor", "onde/ando", que intensificam a expressividade e a musicalidade do texto. Essas características são frequentes na obra e demonstram o domínio da forma clássica aliado à renovação poética modernista – conceito essencial para driblar possíveis pegadinhas, como a ideia de que Drummond se limitava ao verso livre ou descartava técnicas tradicionais.
Análise das alternativas incorretas:
- A: Falha na divisão do livro—são seis partes, não oito. Além disso, não há referências históricas explícitas. Fuja de alternativas que exageram na quantidade de partes ou atribuem historicidade que a obra não explicita.
- B: Incorreta, pois há outros sonetos e figuras como antítese/paradoxo estão presentes em outros poemas, não isoladamente neste.
- C: O poema não é satírico nem faz crítica direta aos costumes, pelo contrário, mantém tom filosófico e reflexivo.
- E: Equívoco duplo: o poema adota forma clássica (soneto), e o tom predominante do livro não é jocoso/parodístico, mas grave e introspectivo.
Estratégias para provas: Atenção a termos técnicos exatos (aliteração, paródia, sátira), à quantidade de partes em livros e ao tom predominante de obras. Evite distrações com dados imprecisos e generalizações.
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