Pelo que se pode deduzir do texto, sobretudo quando se
considera o exemplo das Memórias do cárcere, de
Graciliano Ramos, na literatura de testemunho
Considere o texto abaixo.
As Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, são um
paradigma do que se pode chamar literatura de testemunho:
nem pura ficção, nem pura historiografia. O fundo histórico é o
da ditadura Vargas, mas o testemunho vive e elabora-se numa
zona de fronteira: ao percorrer essas memórias somos levados
tanto a reconstituir a fisionomia e os gestos de alguns companheiros de prisão de Graciliano, entre os quais líderes
comunistas, como a contemplar a metamorfose dessa matéria
objetiva em uma prosa una e única − a palavra do narrador.
(Adaptado de: BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São
Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 222.)
Considere o texto abaixo.
As Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, são um paradigma do que se pode chamar literatura de testemunho: nem pura ficção, nem pura historiografia. O fundo histórico é o da ditadura Vargas, mas o testemunho vive e elabora-se numa zona de fronteira: ao percorrer essas memórias somos levados tanto a reconstituir a fisionomia e os gestos de alguns companheiros de prisão de Graciliano, entre os quais líderes comunistas, como a contemplar a metamorfose dessa matéria objetiva em uma prosa una e única − a palavra do narrador.
(Adaptado de: BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 222.)
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda o conceito de literatura de testemunho, especialmente na obra Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. Entender esse conceito é fundamental em provas de escolas literárias e gêneros discursivos.
Conceito-chave: A literatura de testemunho se localiza entre a ficção e a realidade: o autor narra vivências pessoais marcadas por eventos históricos intensos (prisão, exílio, regimes de exceção), empregando recursos literários para conferir profundidade ao relato, mas sem abrir mão do compromisso com a experiência real.
Aplicação no enunciado: Em Memórias do Cárcere, Graciliano Ramos recorre a técnicas ficcionais (como ritmo narrativo, construção de personagens e introspecção), porém narrando acontecimentos de sua própria vida durante a ditadura Vargas, evidenciando uma tensão produtiva entre fato e literatura.
Justificativa da alternativa correta:
D) os recursos da narrativa de ficção servem à expressão de experiências vividas pelo autor.
Essa alternativa está correta porque, na literatura de testemunho, os recursos estilísticos (descrições detalhadas, monólogo interior, estrutura narrativa trabalhada) intensificam o relato da experiência concreta. O autor, como Graciliano, faz do seu viver matéria literária sem romper com a verdade dos fatos.
Análise das alternativas incorretas:
- A) Erra ao dizer que se altera “todos os dados da realidade vivida”: a literatura de testemunho prezam por fidelidade, mesmo usando linguagem literária.
- B) Afirma que buscar fidedignidade compromete a criação estilística, o que não ocorre em Memórias do Cárcere: há equilíbrio entre estilo e relato.
- C) Supõe que ficção e história “se neutralizam e enfraquecem o gênero”, mas, na realidade, essa junção enriquece a narrativa.
- E) Defende um narrador distanciado que inverte real e ficção, mas na literatura de testemunho o narrador frequentemente se envolve profundamente.
Estratégias para questões semelhantes: Atente-se quando a questão aborda gêneros "de fronteira" (entre ficção e realidade). Observe a função do narrador e o compromisso duplo com experiência concreta e expressão literária. Cuidado com generalizações ou inversões como “todos os dados”, “neutralizar” ou “distanciar”.
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