Leia atentamente o texto abaixo:

“A vida era tão difícil, nossa casa tão pequena, que dormia na despensa e as minhas pernas ficavam para dentro da cozinha... Essas terras [no Paraná] foram o começo de nossa vida. Eram cerca de dez alqueires, que, com trabalho duro, meu pai começou. [...] Em 1979, ele visitou Mato Grosso. Encantou-se, e comprou 2.400 hectares, na região de Itiquira.”

(BORGES, Fernando T. de Miranda. Prosas com governadores de Mato Grosso. 1966-2006. Cuiabá: Carlini & Caniato Editorial, 2008, p.251. O texto é parte da entrevista com o Governador Blairo Borges Maggi).

O texto acima faz referência a um fato comum na história recente de Mato Grosso e responsável pela mudança no perfil social, político e econômico do Estado. O texto refere-se à

Resposta correta: D

Tema central: expansão da fronteira agrícola em Mato Grosso nas décadas finais do século XX, marcada pela migração de produtores do Sul e pela compra de grandes extensões de terra para a formação de fazendas comerciais.

Resumo teórico: a abertura e consolidação do agronegócio no Centro‑Oeste (inclusive MT) combinaram fatores como melhoria de infraestrutura, políticas de crédito e demanda internacional. Isso atraiu produtores sulistas — nem sempre grandes capitais, mas com algum patrimônio — que compraram grandes áreas para cultivo extensivo (soja, algodão). Fontes relevantes: estudos da Embrapa sobre expansão da fronteira agrícola e dados do IBGE sobre movimento populacional e economia rural.

Por que a alternativa D é correta: O depoimento descreve um pai vindo do Paraná, que compra 2.400 hectares em Mato Grosso (1979). Esse tipo de aquisição privada por produtores migrateis do Sul é característico da expansão do agronegócio no Estado: são pessoas com algum capital que se deslocam em busca de terras baratas para produzir — exatamente o que a alternativa D aponta.

Análise das alternativas incorretas: A — Expulsão de trabalhadores por mecanização no Paraná: verdade histórica parcial, mas o texto trata de um produtor que compra terras em MT, não de trabalhadores expulsos e pauperizados; a consequência descrita não casa com a narrativa do exemplo. B — Implantação de projetos de assentamento pelo INCRA: assentamentos são geralmente para pequenos agricultores/assentados; o caso descreve compra privada de milhares de hectares, não assentamento oficial. C — Abertura de linhas de crédito para trabalhadores rurais na Amazônia Legal: embora crédito tenha existido, o trecho fala de compra de grande propriedade por família produtora, não de políticas gerais de crédito para trabalhadores sem terra. E — Política de reforma agrária que redistribuiu terras: Mato Grosso permaneceu, em grande parte, com alta concentração fundiária; o trecho não indica redistribuição ou reforma agrária — pelo contrário, exemplifica concentração por compra privada.

Estrategia de prova: ao ler enunciados, procure pistas concretas (datas, valores de área, origem social do personagem). Diferencie ações estatais (INCRA, reforma agrária) de movimentos privados (compras por produtores). Se o texto descreve aquisição de grandes áreas por indivíduos, tensione alternativas que falem de assentamentos ou redistribuição — normalmente são incompatíveis.

Fontes indicadas para aprofundar: Embrapa (relatórios sobre expansão agrícola no Centro‑Oeste), IBGE (Censos Agropecuários) e publicações sobre história agrária do Brasil.

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