A partir de meados do século XX, transformações substanciais no campo da Ciência e da Tecnologia marcaram um novo período revolucionário, em que o conhecimento assumiu a dominância no processo de geração da riqueza. Apesar do conhecimento ter se tornado crucial para o desenvolvimento da capacidade produtiva da sociedade, ele sempre exerceu uma função decisiva nas etapas "revolucionárias" anteriores.

A partir do texto, analise as afirmações a seguir.

I Na segunda metade do século XIX, a ampliação das ferrovias e da navegação a vapor e as inovações nos meios de comunicação, como o telégrafo e o telefone, possibilitaram um aumento dos fluxos de intercâmbio comercial entre os países e uma nova onda de crescimento econômico.

II A cada etapa "revolucionária", aprofundou-se a tendência de eliminação da subjetividade do trabalho humano e da aleatoriedade de seu comportamento, substituindo-a pela repetitividade das máquinas.

III A “simbiose” entre ciência e tecnologia permitiu a apropriação das esferas artística e cultural pela esfera econômica, como no caso do cinema, que se submeteu ao regime da reprodutibilidade industrializada.

Está correto o que se afirma em 

Alternativa correta: B — I, II e III

Tema central: a relação entre Ciência, Tecnologia e desenvolvimento econômico ao longo das “revoluções” produtivas. É preciso entender como inovações técnicas e organizacionais reconfiguram fluxos comerciais, formas de trabalho e a relação entre produção econômica e cultura.

Resumo teórico breve e progressivo

1. A 2ª metade do séc. XIX: expansão das ferrovias, navegação a vapor, telégrafo e, depois, telefone ampliaram mercados e reduziram custos de transporte/comunicação — fator decisivo para uma nova onda de crescimento econômico (leituras: Hobsbawm; história econômica do transporte).

2. Mecanização e organização do trabalho: cada etapa industrial (da mecanização a Taylorismo/Fordismo e à automação) aprofundou a padronização e a repetitividade das tarefas, reduzindo margens de aleatoriedade na produção — tendência de disciplinamento e racionalização do trabalho.

3. Simbiose ciência–tecnologia e cultura: a tecnocratização permitiu tratar bens culturais como produtos industriais (cinema, música gravada) — conceito explorado por Walter Benjamin sobre reprodutibilidade técnica e por autores como Manuel Castells sobre economia da informação.

Por que I, II e III são corretas

I: descreve fenômenos históricos bem documentados (ferrovias, vapor, telégrafo/telefone) que expandiram o comércio internacional e estimularam crescimento econômico.

II: fala em aprofundamento de uma tendência — não em eliminação absoluta — de padronização e substituição de gestos artesanais por rotinas mecânicas; essa é uma leitura consistente da evolução das formas de trabalho.

III: mostra a industrialização da cultura (ex.: cinema) e como a integração ciência–tecnologia permitiu a massificação e a mercantilização da arte, coerente com análises clássicas (Benjamin; Castells).

Análise das alternativas incorretas

A (I apenas): omite que II e III também são verdadeiras; interpreta de forma restrita o alcance das mudanças.

C (II apenas): ignora evidências históricas de I e da integração cultura–economia presente em III.

D (I e II): deixa de considerar a afirmação correta sobre a apropriação industrial da cultura (III).

E (I e III): descarta a correta observação sobre a tendência de padronização do trabalho (II).

Dica de interpretação: repare em marcadores temporais (“segunda metade do séc. XIX”) e em palavras que indicam tendência (“aprofundou-se”, “simbiose”) — essas pistas ajudam a avaliar se a proposição é histórica, generalizante ou absoluta.

Fontes sugeridas: Manuel Castells, A Era da Informação; Walter Benjamin, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica; sínteses de história econômica e de sociologia do trabalho.

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