Assinale a alternativa cujo “que” em destaque funcione como conjunção integrante, ou seja, tem a
função de introduzir oração subordinada substantiva.
Texto 2
ACORDA, MENINO!
O que diz o menino que dorme na praia? Talvez fale dos perigos do mar, da displicência dos pais. Ou de um
assassinato a ser esclarecido.
Mas é só um menino. Não deveria nos dar esta sensação de naufrágio da humanidade. Há dias, não adianta
acusar governos, etnias, religiões, porque a falta de ar não cessa.
É lágrima que não pinga, não seca nem escorre. É mais que um cadáver, é um assombro, uma dor insepulta de
que tentamos nos livrar.
E ainda suspeitamos de nós mesmos.
Em nome dos deuses fazemos coisas que até o diabo duvida. Duvida e se defende, dizendo que não chegaria a
tanto, embora comemore o resultado.
Queríamos não ter visto nem sabido — maldito fotógrafo, maldita web e maldita imagem que, mesmo
escorraçada da memória, dorme no tapete da sala e à noite repousa no nosso travesseiro, naquela pose mesmo que
o mar beijava.
Fica-nos a sensação de que Alá deu de ombros, Jeová lavou as mãos e, embriagados na bacanal do Olimpo, os
outros também ignoraram o presente de grego numa praia do Mediterrâneo.
Enquanto isso, no Hades, dançando e atualizando Castro Alves com outras infâmias no mar, ri-se Satanás.
http://www.cronicadodia.com.br/2015/09/acorda-menino-albir-jose-inacio-da-silva.html
“... maldita imagem que, mesmo escorraçada da memória, dorme no tapete da sala.”
Gabarito comentado
Tema central: A questão explora o reconhecimento das funções do “que” na morfologia, especificamente a função de conjunção integrante, que introduz orações subordinadas substantivas, conforme exige a norma-padrão.
Justificativa para a alternativa correta (C):
Na alternativa C) “Duvida e se defende, dizendo que não chegaria a tanto.”, o termo em destaque é uma conjunção integrante, pois introduz a oração subordinada substantiva “que não chegaria a tanto”, funcionando como objeto direto do verbo “dizendo”.
Conforme explica Bechara (Moderna Gramática Portuguesa): “As conjunções integrantes são empregadas para introduzir orações que exercem função de termo substantivo da oração principal.” Neste trecho, a expressão “dizendo que não chegaria a tanto” equivale a “dizendo algo”, configurando a oração subordinada substantiva objetiva direta.
Como identificar: Se a oração respondesse à pergunta “Dizendo o quê?”, tem-se uma oração substantiva (caso típico de uso de conjunção integrante).
Análise das alternativas incorretas:
A) “É lágrima que não pinga.”
Aqui, “que” é pronome relativo, introduzindo uma oração adjetiva que caracteriza o substantivo “lágrima”.
B) “É mais que um cadáver.”
Neste caso, “que” funciona como preposição/comparativo (equivalente a “do que”), indicando ideia de comparação.
D) “...maldita imagem que, mesmo escorraçada... dorme...”
O “que” novamente atua como pronome relativo, qualificando o substantivo “imagem”.
E) “... naquela pose mesmo que o mar beijava.”
Também é pronome relativo, pois introduz oração do tipo adjetiva restritiva sobre “pose”.
Estratégia: Lembre-se: pronome relativo substitui um termo anterior; conjunção integrante integra uma oração substantiva.
Atenção às pegadinhas: nem todo “que” é igual – observe o termo a que se refere e a função sintática da oração.
Resumo: Apenas a alternativa C traz o “que” exercendo papel de conjunção integrante, segundo a norma culta, como elucidam as gramáticas de referência (Bechara, Cunha & Cintra).
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