Em relação à atual crise de abastecimento enfrentada por todo o mundo, o Le Monde Diplomatique Brasil (Ano 1, número 10 / maio de 2008,
p. 24) afirmou que “A ONU, [...] classifica o aumento mundial de preços dos cereais como um ‘tsunami silencioso’, que pode deixar cem
milhões de pessoas famintas. [...] As revoltas relacionadas à fome, portanto, não estão perto de se extinguir: uma vez que a oferta não irá
satisfazer a demanda, os preços continuaram sua escalada”.
Embora não haja consenso sobre esta problemática global, as principais causas apontadas são:
I - O desequilíbrio entre o crescimento da população, com a ocorrência de uma explosão demográfica e a produção de alimentos, como já
previa Malthus, em 1798.
II - As questões climáticas, que afetaram as safras, e o aumento da demanda por alimentos, sobretudo em países emergentes, como a China.
III - A mudança na estrutura e nos hábitos alimentares da população mundial, que passou a consumir mais carne e derivados, o que desvia
o setor agrícola para a produção de ração animal.
IV - A especulação financeira no setor agrícola e a produção do etanol como combustível extraído do milho e da soja.
Estão corretas apenas as proposições
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B
Tema central: trata-se da crise de preços e abastecimento de alimentos (2007–2008), envolvendo fatores climáticos, demanda crescente, mudança dietética, bioenergia e especulação financeira — temas recorrentes em geografia econômica e ambiental (ver FAO; World Bank, 2008).
Resumo teórico e fontes: preços agrícolas sobem por insuficiência temporária da oferta frente à demanda (choques climáticos, pragas), por mudança estrutural na demanda (consumo de carne), por políticas de biocombustíveis que desviam grãos e por fluxos financeiros especulativos que amplificam oscilações (FAO; World Bank — "Rising Food Prices", 2008). Malthus (1798) explicava pressões por crescimento populacional, mas hoje sabe‑se que a crise recente teve múltiplas causas conjunturais e estruturais, não apenas "explosão demográfica".
Por que II, III e IV (corretas):
- II: secas/inundações e outros extremos climáticos reduziram safras; simultaneamente a demanda por alimentos subiu em economias emergentes — fator comprovado em análises da FAO/World Bank.
- III: maior consumo de carne desloca grãos para ração, reduzindo oferta para consumo humano e elevando preços — mecanismo básico de conversão alimentar.
- IV: políticas de bioenergia (etanol de milho/soja em alguns contextos) e especulação financeira nos mercados agrícolas aumentaram pressão sobre preços.
Análise das alternativas incorretas:
- A (I, II e III): contém I — reduce à explicação malthusiana isolada, que é insuficiente para a crise de 2007–08; logo A é errada.
- C (I, III e IV) e D (I, II e IV): ambos incluem I → erro pela mesma razão.
- E (II e IV): omite III (mudança dietética → ração), que foi fator relevante; por isso E está incompleta.
Estratégia para provas: desconfie de alternativas que culpam exclusivamente a população (Malthus) quando o enunciado trata de crise recente — procure múltiplas causas: clima, demanda, bioenergia e finanças. Leia cada proposição isoladamente e relacione à evidência empírica atual.
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