As proposições abaixo retratam aspectos das políticas territoriais da Amazônia. Analise-as e identifique a resposta correta.

I. No regime militar, nas condições de fronteira política, a Amazônia representava as bases para o exercício do poder, como fronteira demográfica para ser povoada pelo excedente populacional do Nordeste e Centro-Sul, e como fronteira do Capital, para atrair investimentos agropecuários, minerais e industriais.

II. Com a Sudam, as políticas territoriais da Amazônia norteavam- se pela meta geopolítica. O planejamento regional fundamentou- se num conceito distorcido de desenvolvimento que estimula a acumulação do capital e o uso predatório dos recursos naturais, distorcendo também seu conteúdo social.

III. A ocupação territorial contemporânea da Amazônia não corrigiu a exclusão social materializada nas periferias urbanas e os desastres sociais e ambientais anteriores. O novo foco deverá redefinir o sentido de planejamento, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos ecossistemas naturais.

Está(ão) correta(s):

Resposta correta: D — todas as proposições.

Tema central: políticas territoriais da Amazônia — como o Estado brasileiro pensou e operacionalizou a ocupação econômica e demográfica da região (especialmente no período militar) e as consequências socioambientais desses projetos. Conhecimentos úteis: história do desenvolvimento regional (PIN, projetos de colonização), papel da SUDAM e críticas sobre modelo de desenvolvimento extrativista e excludente.

Resumo teórico e justificativa:

I. Correta. No regime militar (1964–1985) houve política explícita de "integração nacional" que via a Amazônia como fronteira a ser povoada (colonos nordestinos e do Centro‑Sul) e como espaço para atração de capitais (agropecuária, mineração, indústria). Exemplos: abertura da Transamazônica, incentivos fiscais e projetos de colonização do PIN. Essas ações tinham finalidade geopolítica e econômica, consolidando o papel da região como extensão do poder nacional e do capital.

II. Correta. A SUDAM orientou políticas com forte viés de acumulação capitalista e integração estratégica, frequentemente estimulando exploração intensiva dos recursos naturais e gerando impactos socioambientais. A crítica acadêmica aponta que o planejamento priorizou crescimento econômico e ocupação territorial em detrimento da justiça social e da sustentabilidade ambiental.

III. Correta. A ocupação contemporânea não eliminou exclusões sociais nas periferias urbanas nem reparou danos ambientais e sociais gerados em fases anteriores. A proposição indica a necessidade de redefinir planejamento para priorizar desenvolvimento social e conservação dos ecossistemas — diretriz amplamente defendida em debates recentes sobre Amazônia sustentável.

Análise das alternativas incorretas (por que A, B, C e E estão erradas):

- A (apenas II e III): Erra porque também a I está correta — o período militar teve claramente a lógica descrita na proposição I.

- B (apenas I e II): Erra porque a III também é verdadeira; existe consenso de que a ocupação recente não suprimiu as exclusões e que é necessário reenquadrar o planejamento.

- C (apenas I e III): Erra porque a II também é verdadeira — a SUDAM e o planejamento regional tiveram perfil geopolítico e incentivaram práticas de exploração predatória.

- E (apenas III): Erra por excluir I e II, ambas historicamente comprovadas.

Dicas de resolução: identifique termos-chave (regime militar, SUDAM, meta geopolítica, exclusão social). Pergunte: a proposição descreve fato histórico reconhecido ou opinião normativa? Proposições I e II tratam de políticas históricas verificáveis; III combina diagnóstico e proposta — igualmente compatível com análises críticas contemporâneas.

Fontes para estudo: obras sobre o PIN e colonização na Amazônia, relatórios sobre SUDAM e análises ambientais (ver estudos de geógrafos e ambientalistas sobre desenvolvimento amazônico e avaliações de políticas públicas).

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