Questão 143ccaaf-de
Prova:FGV 2014, FGV 2014
Disciplina:Geografia
Assunto:Urbanização, Urbanização brasileira

Mais do que um problema relacionado à raça, o homicídio no Brasil sempre se caracterizou por ser um tipo de crime vinculado ao território. Nas últimas décadas, as principais vítimas e autores de assassinatos foram homens, jovens, moradores de bairros com pouca infraestrutura urbana dos grandes centros metropolitanos. Eles mataram e morreram por viverem em locais com grande quantidade de armas, marcados pela desordem. São territórios com frágil presença policial, vulneráveis à ação daqueles que estão dispostos a tentar exercer o domínio pela violência.

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,homicidio-e-um-crime-territorial-e-nao-esta-vinculado-a-racas, 531604,0.htm. Acesso em 15/01/2014.


A afirmação que é coerente com a situação da violência homicida no Brasil e com o texto acima, de autoria do jornalista Bruno Paes Manso, é:

A
Nos grandes centros metropolitanos, a violência homicida afeta indistintamente a população negra e branca, já que se trata apenas de um problema geográfico e não racial.
B
A presença policial, mesmo que frágil, garante a redução da violência homicida, já que impõe ordem aos territórios violentos e com pouca infraestrutura urbana.
C
Territórios segregados e desintegrados do conjunto da cidade, habitados normalmente por populações de baixa renda, são ambientes onde as pessoas são mais suscetíveis ao risco da violência homicida.
D
Embora sua influência deva ser considerada, a ausência de infraestrutura urbana não pode ter sua importância sobrevalorizada quando a questão é o número de homicídios, porque esses dependem mais de outras causas
E
A violência homicida é um crime vinculado ao território, portanto, não pode ser combatida por meio de políticas públicas de segurança ou de planejamento urbano.

Gabarito comentado

J
Jair CaldeiraMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: a questão trata da territorialização da violência homicida — ou seja, como a distribuição espacial da pobreza, segregação urbana e falta de infraestrutura criam ambientes de maior risco. Esse é um conteúdo recorrente em geografia urbana e segurança pública.

Resumo teórico: áreas periféricas e segregadas concentram exclusão socioespacial (moradia precária, serviços públicos insuficientes, comércio e lazer escassos). Essa configuração favorece redes ilícitas, circulação de armas, disputa por controle territorial e reduz efetividade estatal (polícia, justiça, políticas sociais). Estudos e relatórios como o Atlas da Violência (IPEA) e dados do IBGE corroboram que homicídios são mais frequentes entre jovens homens de bairros com baixa infraestrutura.

Justificativa da alternativa C: a alternativa afirma que "territórios segregados e desintegrados..., habitados por populações de baixa renda, são ambientes onde as pessoas são mais suscetíveis ao risco da violência homicida." Isso sintetiza corretamente a ideia do texto: o homicídio está fortemente vinculado ao território e à desigualdade espacial. A afirmação é coerente com a literatura sobre violência urbana e com fontes como IPEA e relatórios da ONU-Habitat que relacionam segregação à vulnerabilidade.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. O texto não nega a existência de desigualdades raciais, mas enfatiza o vínculo territorial. Dizer que a violência "afeta indistintamente" branco e negro e que é "apenas geográfico" é absolutizar e excluir fatores raciais e socioeconômicos combinados; rendimento e raça interagem na vulnerabilidade.

B — Incorreta. Afirma que a presença policial, mesmo frágil, garante

D — Incorreta. Minimiza a importância da infraestrutura urbana. O enunciado dá destaque à infraestrutura e ao território como fatores centrais; dizer que eles não devem ser sobrevalorizados contraria essa ênfase e subestima evidências empíricas.

E — Incorreta. Afirma que homicídios "não podem ser combatidos por meio de políticas públicas de segurança ou de planejamento urbano" — é uma conclusão falsa. Políticas integradas de urbanismo, inclusão social e segurança pública (policiamento comunitário, iluminação, equipamentos sociais) são justamente as respostas recomendadas por especialistas e organismos como ONU-Habitat.

Dica de prova: desconfie de termos absolutos como "apenas", "garante" e "não pode". Relacione sempre a alternativa ao núcleo do texto: aqui, território e desigualdade espacial são palavras-chave.

Fontes indicadas: Atlas da Violência (IPEA), dados do IBGE, publicações da ONU-Habitat sobre cidades e segurança.

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