Questão 13530284-ec
Prova:CÁSPER LÍBERO 2010
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo, Escolas Literárias

Assinale a alternativa que apresenta corretamente a análise crítica do poema Arte de amar, extraído da coletânea 50 poemas escolhidos pelo autor, de Manuel Bandeira, apresentado a seguir:

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma,
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação,
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

A
Atente-se, por exemplo, nesta lindíssima metáfora, atrevida metonímia em que o poeta, com um golpe de mestre, fundindo os dois termos de comparação, de modo a se interpenetrarem no absoluto, estabelece paradoxalmente uma relação nova, sutil, imprevista, absurda, de efeito a causa, de agente a paciente, entre o objeto e a sensação do objeto. (Onestaldo de Pennafort).
B
Trata-se de um melancólico que ama a solidão, o lamento, as confissões. Trata-se de um triste que, se acaso chega a ouvir a voz da alegria, é sempre como “uma voz de fora”, que vem até ele e acorda muitas notas adormecidas, mas que não o consegue empolgar e dominar muito tempo. (Octavio de Faria).
C
Em horas mais sombrias, entretanto, se não chega a traduzir o sentimento da vida declinamente e a resignação ao mau destino, que são sugeridos, de preferência, por analogias, representa claramente a própria transitoriedade e a fugacidade da existência. (Sérgio Buarque de Holanda).
D
Nesse poema se opera um corte, sem maiores cerimônias, separando matéria e espírito. A tônica insiste fortemente na ideia de amor como ato físico, relação em que a instintiva sabedoria do corpo dispensa interferências de outra ordem, pois estas servem apenas para atrapalhar um fato que tem tudo para ser agradável, desde que não procure justificativa transcendental, razões de ordem superior. (José Carlos Garbuglio).
E
Nesses versos já vibra o propósito do poeta de fugir às paragens etéreas e intemporais e firmar pé na realidade cotidiana, desvencilhar-se dos olhos livrescos que o impediam de mirar a verdade diária e, armado de olhos novos, e novos ouvidos, aprender a ver e a escutar. (Ledo Ivo).

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