Para quem é pai / mãe e para aqueles que o serão
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças
crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem
sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada
arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente. Um dia
sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente
que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Esses são os filhos que conseguimos
gerar e amar, apesar dos golpes do vento, das colheitas, das notícias, e da ditadura das
horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com os nossos acertos
e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam. Há um período em
que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Deveríamos ter ido mais à
cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os
lençóis da infância. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto. Os
pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente,
morriam de saudades daquelas “pestes”. Chega o momento em que só nos resta ficar de
longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a
rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade. E que a conquistem do
modo mais completo possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto
é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode
morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável
carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário
fazer alguma a mais, antes que eles cresçam. Aprendemos a ser filhos depois que somos
pais. Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...!
(Affonso Romano de Sant’Anna. Extraído do Jara Guia. Adaptado).
“Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.”
Sem modificar o sentido da frase, pode-se substituir as palavras nela sublinhadas por
Para quem é pai / mãe e para aqueles que o serão
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente. Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes do vento, das colheitas, das notícias, e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com os nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam. Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto. Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas “pestes”. Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca da felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma a mais, antes que eles cresçam. Aprendemos a ser filhos depois que somos pais. Só aprendemos a ser pais depois que somos avós...!
(Affonso Romano de Sant’Anna. Extraído do Jara Guia. Adaptado).
“Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.”
Sem modificar o sentido da frase, pode-se substituir as palavras nela sublinhadas por