Nesta obra, o autor optou por uma situação narrativa que
se define pelo movimento de aproximação e distanciamento
da substância sensível da realidade retratada, como forma
de solidarizar-se com seus personagens e, ao mesmo tempo,
sustentar uma posição crítica rigorosa ante a “desgraça irremediável que os açoita”. Relativiza, assim, a onisciência da
terceira pessoa e reconstitui, pela via literária, o hiato entre
seu saber de intelectual e a indigência dos retirantes – alteridade que buscou compreender pelo exercício artístico da
palavra enxuta e medida. Com a cautela de quem não se
permite explicitar significados ou avançar conclusões, o narrador condiciona a narração à expectativa dos personagens,
através do uso intensivo do discurso indireto livre, que dá forma à sondagem interior pretendida e singulariza os destinos
representados.
(Wander Melo Miranda. “Texto introdutório”. In: Silviano Santiago (org).
Intérpretes do Brasil, vol 2, 2000. Adaptado.)
Tal comentário aplica-se à obra
Nesta obra, o autor optou por uma situação narrativa que se define pelo movimento de aproximação e distanciamento da substância sensível da realidade retratada, como forma de solidarizar-se com seus personagens e, ao mesmo tempo, sustentar uma posição crítica rigorosa ante a “desgraça irremediável que os açoita”. Relativiza, assim, a onisciência da terceira pessoa e reconstitui, pela via literária, o hiato entre seu saber de intelectual e a indigência dos retirantes – alteridade que buscou compreender pelo exercício artístico da palavra enxuta e medida. Com a cautela de quem não se permite explicitar significados ou avançar conclusões, o narrador condiciona a narração à expectativa dos personagens, através do uso intensivo do discurso indireto livre, que dá forma à sondagem interior pretendida e singulariza os destinos representados.
(Wander Melo Miranda. “Texto introdutório”. In: Silviano Santiago (org).
Intérpretes do Brasil, vol 2, 2000. Adaptado.)
Tal comentário aplica-se à obra
Gabarito comentado
Gabarito comentado — Literatura: Escolas Literárias
Tema central: A questão explora o estilo de narração e recursos técnicos utilizados em obras brasileiras, destacando o discurso indireto livre, o narrador em terceira pessoa com onisciência limitada e a solidarização com personagens humildes diante da miséria.
Explicando o conceito: O discurso indireto livre é uma técnica que mescla a fala/pensamento das personagens com a voz do narrador, sem indicações explícitas de quem está falando. Isso aproxima o leitor das emoções e da visão de mundo dos personagens, algo essencial em “Vidas Secas”, já que seus protagonistas são retirantes nordestinos de limitada expressão verbal. O narrador adota posição crítica e, ao mesmo tempo, empática, sem juízos sentimentais, mas enxergando as dificuldades humanas dos personagens.
Justificativa da alternativa correta — C) Vidas Secas, de Graciliano Ramos: “Vidas Secas” exemplifica exatamente o descrito: narração em terceira pessoa, com uso intenso do discurso indireto livre (ex.: os pensamentos de Fabiano ou Sinhá Vitória apresentados sem marcas diretas), estrutura fragmentada e estilo seco, sem excesso de explicação, pois Graciliano Ramos baseia-se na palavra enxuta e encerra os capítulos muitas vezes na expectativa das personagens. O narrador, embora externo, não é totalmente onisciente, respeitando os limites entre intelectualidade e indigência.
Análise crítica das alternativas incorretas:
A) Morte e Vida Severina: Poema dramático, não romance narrativo; não usa discurso indireto livre.
B) Os Sertões: Obra-ensaio histórico, não ficcional, sem foco na subjetividade dos personagens via discurso indireto livre.
D) Capitães da Areia: Narrativa social, porém sem o mesmo uso da técnica do discurso indireto livre nem estrutura fragmentada como “Vidas Secas”.
E) Grande Sertão: Veredas: Narrador-protagonista (primeira pessoa), linguagem experimental distinta, o oposto da proposta do enunciado.
Estratégia de resolução: Identifique palavras-chave como “discurso indireto livre”, “onisciência relativizada” e “solidarizar-se com os personagens” – use-as para relacionar à obra correta. Fique atento para não confundir temática (retirantes, seca) com técnica narrativa.
Conforme manuais como “Literatura Brasileira: dos primeiros cronistas aos últimos contemporâneos” (Alfredo Bosi), “Vidas Secas” é referência para esse tipo de narrativa no Modernismo.
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