Questão 08392fed-1d
Prova:PUC - RS 2015
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo, Escolas Literárias

INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o trecho extraído de “Maria-Fumaça”, de autoria de Mario Quintana, e analise as afirmativas que seguem.

“As lentas, poeirentas, deliciosas viagens nos trens antigos. As famílias (viajavam famílias inteiras) levavam galinhas com farofa em cestas de vime, que ofereciam, pois não, aos viajantes solitários.

E os viajantes solitários (e os meninos) ainda desciam nas estaçõezinhas pobres... Para os pastéis, os sonhos, as laranjas...

(...)

O mal dos aviões é que não se pode descer a toda hora para comprar laranjas.

Nesses aviões, vamos todos imóveis e empacotados como encomendas. Às vezes encomendas para a Eternidade...

Cruzes, poeta! Deixa-te de ideias funéreas e pensa nas aeromoças, arejadas e amáveis como anjos.

E “anjos”, aplicado a elas, não é exagero nenhum.

(...)

Entre a monotonia irreparável das nuvens, nada vemos da viagem. Isto é, não viajamos: chegamos.

Pobres turistas de aeroportos, damos a volta ao mundo sem nada ver do mundo.

I. Nesse texto, Mario Quintana retira a matéria para sua criação literária do tema da viagem, comparando diferentes modalidades de transporte e hábitos dos viajantes.

II. Valendo-se de uma linguagem simples, com frases irônicas e com humor, Mario Quintana reflete sobre a função da viagem e o seu significado para o viajante.

III. Para o poeta, viajar de avião não concretiza o verdadeiro prazer da viagem, que estaria mais no ato de ver, experimentar, conhecer, do que no percurso partida-chegada.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são:

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
I e III, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.

Gabarito comentado

P
Patricia Almeida Monitor do Qconcursos

Gabarito: E

Tema central: A questão explora a reflexão poética sobre o sentido da viagem, comparando experiências e valores atribuídos a diferentes meios de transporte, de acordo com a visão literária de Mario Quintana.

Conceitos essenciais: O texto exige sensibilidade para perceber o contraste entre a viagem como experiência (vivida de forma sensorial, cheias de significados, possibilidades e encontros – representada pela viagem de trem) e a viagem como mero deslocamento (rápida, impessoal, associada ao avião), tocando em temas de cotidiano, nostalgia, crítica social e reflexão existencial.

Análise da alternativa correta (E):

I. Correta, pois o autor efetivamente constrói sua crônica comparando os dois tipos de viagem, destacando as diferenças nos costumes, nos viajantes e nas emoções envolvidas, ponto central na poética de Quintana.

II. Correta. O texto é exemplar quanto ao emprego de uma linguagem simples, irônica e bem-humorada (veja a ironia sobre a impossibilidade de comprar laranjas nos aviões e o tom leve ao falar das aeromoças), recurso típico da produção de Quintana para provocar reflexão sem perder a acessibilidade.

III. Correta. A crítica ao viajar “empacotado”, sem ver ou experimentar as pequenas alegrias do percurso, mostra a valorização do trajeto como parte fundamental da experiência – tema de muitos textos do autor.

Estratégia de resolução: Atenção às palavras-chave que expressam posicionamento do eu lírico e às oposições sutis (“não viajamos: chegamos”). Evite cair em armadilhas como generalizações ou interpretações que omitam o tom humorístico presente no texto.

Análise das incorretas:

  • A) I, apenas. Incompleta: despreza a ironia e crítica social (II e III).
  • B) II, apenas. Limitada: ignora o uso do tema viagem e sua crítica ao trajeto “automático”.
  • C) I e III, apenas. Desconsidera a relevância da linguagem empregada.
  • D) II e III, apenas. Despreza o papel do tema da viagem como recurso construtivo do texto.

Resumo: A alternativa E inclui todos os aspectos fundamentais do texto e da poética de Mario Quintana, segundo os principais manuais de Literatura.

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