Cheio de apreensões e receios despontou o dia de ontem, 14 de novembro de 1904. Muito
cedo tiveram início os tumultos e depredações. Foi grande o tiroteio que se travou. Estavam
formadas em toda a rua do Regente, estreita e cheia de casas velhas, grandes e fortes barricadas
feitas de montões de pedras, sacos de areia, bondes virados, postes e pedaços de madeira
arrancados às casas e às obras da avenida Passos.
Jornal do Comércio, 15/11/1904
Adaptado de Nosso Século (1900-1910). São Paulo: Abril Cultural, 1980.
O progresso envaidecera a cidade vestida de novo, principalmente inundada de claridade, com
jornais nervosos que a convenciam de ser a mais bela do mundo. Era a transição da cidade
doente para a maravilhosa.PEDRO CALMON (historiador / 1902-1985)
Adaptado de Nosso Século (1900-1910). São Paulo: Abril Cultural, 1980.
Os textos referem-se aos efeitos da gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906), momento
em que a cidade do Rio de Janeiro passou por uma de suas mais importantes reformas
urbanas. Uma intervenção de destaque foi a abertura da avenida Central, hoje avenida Rio
Branco, provocando não só elogios, como também conflitos sociais.
A principal motivação para esses conflitos esteve relacionada à:
Cheio de apreensões e receios despontou o dia de ontem, 14 de novembro de 1904. Muito cedo tiveram início os tumultos e depredações. Foi grande o tiroteio que se travou. Estavam formadas em toda a rua do Regente, estreita e cheia de casas velhas, grandes e fortes barricadas feitas de montões de pedras, sacos de areia, bondes virados, postes e pedaços de madeira arrancados às casas e às obras da avenida Passos.
Jornal do Comércio, 15/11/1904
PEDRO CALMON (historiador / 1902-1985)
Adaptado de Nosso Século (1900-1910). São Paulo: Abril Cultural, 1980.
Os textos referem-se aos efeitos da gestão do prefeito Pereira Passos (1902-1906), momento em que a cidade do Rio de Janeiro passou por uma de suas mais importantes reformas urbanas. Uma intervenção de destaque foi a abertura da avenida Central, hoje avenida Rio Branco, provocando não só elogios, como também conflitos sociais.
Gabarito comentado
Gabarito: C - demolição de moradias coletivas
Tema central: Reforma urbana no Rio de Janeiro (gestão Pereira Passos) e seus efeitos sociais — especialmente a remoção de populações pobres alojadas em cortiços e habitações coletivas para abrir avenidas e “sanear” a cidade.
Resumo teórico (passo a passo):
- No início do século XX, projetos de modernização urbana (inspirados no modelo haussmanniano) combinaram obras de embelezamento, alargamento de vias e políticas higienistas.
- Essas obras exigiram desapropriações e demolições em áreas centrais ocupadas por moradias coletivas (cortiços), resultando em deslocamento compulsório de moradores de baixa renda.
- O conflito social surge quando populações removidas resistem — barricadas, tumultos e confrontos com forças públicas foram comuns. Fontes históricas da época (jornais e relatos, como Jornal do Comércio; historiadores como Pedro Calmon) documentam esses episódios.
Justificativa da alternativa correta:
O texto descreve barricadas, casas velhas, fortes depredações e tiroteio na rua do Regente durante a abertura da avenida Central. Essas pistas indicam resistência dos moradores às demolições necessárias para a obra. A expressão “casas velhas” e o uso de materiais arrancados das casas para barricadas apontam diretamente para a remoção de moradias coletivas (cortiços), que é a principal causa dos conflitos descritos. Portanto, a motivação principal foi a demolição de moradias coletivas (alternativa C).
Análise das alternativas incorretas:
A - restrição ao comércio popular: obras de urbanização podem afetar comércio, mas o texto enfatiza barricadas e casas demolidas — conflito de moradia, não primariamente de comércio.
B - devastação de áreas florestais: irrelevante ao contexto urbano do centro do Rio; a intervenção foi no tecido urbano, não em áreas florestais.
D - elevação das tarifas de transporte: embora bondes apareçam na cena (usados como barricadas), não há indicação de greve ou aumento tarifário como causa do tumulto; a violência refere-se à resistência contra remoções e demolições.
Estratégia para provas: busque palavras-chave no enunciado que remetam a deslocamento e demolição (ex.: "casas", "barricadas", "arrancados às casas", "avenida"). Relacione-as ao contexto histórico (reformas passistas / higienismo). Desconfie de alternativas plausíveis mas não diretamente apoiadas pelo texto.
Fontes sugeridas: trechos jornalísticos da época (Jornal do Comércio), análise histórica sobre as reformas de Pereira Passos e estudos sobre higienismo urbano no Brasil (ver autores e obras sobre “reforma urbana do Rio de Janeiro”).
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