Questão 007a0926-e1
Prova:UCPEL 2005
Disciplina:História e Geografia de Estados e Municípios
Assunto:História e Geografia do Estado do Rio Grande do Sul

"É preciso dizer que desde o seu início a luta dos farroupilhas contou com a importante participação de negros e mulatos. Em abril de 1836, logo após a captura de Pelotas, o chefe farroupilha João Manuel de Lima e Silva libertou e armou centenas de escravos. Em setembro de 1836, foi constituído o primeiro Corpo de Cavalaria de Lanceiros Negros, decisivo na batalha de Seival e na expedição a Laguna, verdadeira ‘tropa de choque’ do exército farroupilha. "

(Jornal Zero Hora, 13 de novembro de 2004, p. 12)


Com base no texto acima, é correto afirmar que


A
apesar de os escravos terem participado ativamente da Revolução Farroupilha, os mesmos não foram protagonistas de nenhuma outra rebelião ocorrida no Brasil durante o período imperial.
B
os escravos participaram ativamente na Revolução Farroupilha, principalmente, pela constituição do Corpo de Lanceiros Negros, até novembro de 1844, momento em que foram desarmados por David Canabarro, separados dos demais integrantes da tropa, atacados de surpresa e chacinados pelas tropas do governo imperial.
C
após o término da Revolução Farroupilha, os escravos sobreviventes do conflito foram todos libertados como estabelecia o acordo de paz firmado entre os principais líderes farroupilhas e os representantes das forças legalistas.
D
os escravos participaram ativamente da Revolução Farroupilha em razão da promessa de libertação feita pelos chefes farroupilhas (ação, posteriormente, copiada pelos líderes imperiais) e da impossibilidade de constituírem família.
E
no Rio Grande do Sul, os escravos buscaram a possibilidade de obtenção da liberdade na Revolução Farroupilha pois, durante todo o período monárquico, não dispunham de condições legais para a obtenção de alforria.

Gabarito comentado

M
Monica Lima Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: participação de negros e mulatos na Revolução Farroupilha (1835–1845), com ênfase na formação do Corpo de Lanceiros Negros e no episódio conhecido como Massacre dos Porongos (novembro de 1844). É essencial conhecer cronologia, atores (chefes farroupilhas como David Canabarro) e o significado político e social da presença de combatentes negros.

Resumo teórico: os escravizados integraram-se à revolta por diferentes motivações (promessas de liberdade, busca de condições melhores, coerção local). Em 1836 foi organizado o Corpo de Lanceiros Negros, força decisiva em combates como Seival. Em novembro de 1844 ocorreu um episódio trágico — os Lanceiros Negros foram separados, desarmados e muitos mortos (evento denominado Porongos) — fato reconhecido pela historiografia, embora haja debates sobre a responsabilidade e as circunstâncias precisas.

Por que B é correta: a alternativa descreve, de forma sintética, a trajetória dos Lanceiros Negros e o desfecho sangrento de novembro de 1844 (separação, desarmamento e chacina). Esse conjunto de informações compõe a interpretação majoritária aceita em provas: reconhece a participação decisiva e o episódio final traumático que implicou mortes em massa entre os combatentes negros.

Por que as outras alternativas estão erradas:

A — incorreta: nega outras rebeliões com participação de escravizados no período imperial (ex.: Revolta dos Malês, outras lutas e motins).

C — incorreta: após a paz (Ponche Verde, 1845) não houve abolição generalizada dos sobreviventes; a libertação massiva não ocorreu pelo acordo.

D — parcial/enganosa: embora a promessa de liberdade tenha sido um fator, afirmar que a participação se deu apenas por essa promessa e por “impossibilidade de constituir família” simplifica e distorce motivações sociais complexas.

E — incorreta: havia mecanismos legais de alforria no Império; dizer que durante todo o período monárquico não dispunham de condições legais é falso.

Estratégia para provas: atente para nomes (Lanceiros Negros, David Canabarro), datas (1836; nov/1844) e termos chave (“separados”, “desarmados”, “chacinados”); desconfie de alternativas absolutas (sempre/nunca) e de generalizações sobre legislação escravagista sem nuances.

Fontes recomendadas: consulte arquivos e textos sobre a Revolução Farroupilha (Arquivo Público do Estado do RS; Museus e bibliografia especializada sobre Porongos) para aprofundar a leitura e as controvérsias historiográficas.

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