Leia o trecho a seguir:
“Quando a epidemia de Aids surgiu, por volta de 1980, não existiam
drogas capazes de controlar o vírus. Contrair o HIV era praticamente uma
sentença de morte. Logo nos primeiros anos, os epidemiologistas descobriram que nessas comunidades havia um pequeno número de pessoas
que, apesar de terem dezenas ou centenas de parceiros sexuais todos os
anos, não contraíam a doença. Parecia que uma fração da humanidade
era resistente ao vírus.
Descobrir por que essas pessoas são resistentes ao HIV era extremamente importante. Para entrar nas células, o HIV se liga a uma proteína
que se chama CCR5. O que os cientistas acabaram descobrindo é que as
pessoas resistentes ao vírus têm um pedaço do gene da proteína CCR5
faltando. São 32 aminoácidos a menos, o suficiente para bloquear a entrada do vírus na célula.
Em pacientes com leucemia e que são soros positivos para HIV, a nova
medula CCR5?32/?32 recebida, pode livrar o mesmo da leucemia e do HIV.
O truque funciona.”
(Resistentes ao HIV. Disponível em: https://ciencia.estadao.com.br/
noticias/geral,resistentes-ao-hiv,70002748773 acesso em 13 mar. 2019, às 00h07min.)
Sabe-se que as proteínas são geneticamente determinadas por sequências de códons no DNA, constituídas por três bases nitrogenadas.
Desta forma, segundo as informações acima expostas, o “gen” mutante
resistente deve apresentar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: B
Tema central: relação entre códons (tripletos de bases) e aminoácidos na tradução do DNA para proteínas. Essencial em questões de genética molecular de provas: cada aminoácido é codificado por um códon de 3 bases (nucleotídeos).
Resumo teórico: No código genético cada códon é formado por 3 bases nitrogenadas. Assim, para cada aminoácido há, em geral, um códon (3 nucleotídeos). Para calcular quantos nucleotídeos faltam quando faltam N aminoácidos: N × 3 = número de nucleotídeos (ou bases) ausentes. Fontes: Alberts et al., Molecular Biology of the Cell; banco de dados NCBI — Genetic Code.
Raciocínio para a alternativa B: o enunciado afirma que faltam 32 aminoácidos. Como 1 aminoácido = 3 bases, então 32 × 3 = 96 bases a menos no gene. Logo, a opção que afirma “96 bases a menos” é a correta.
Análise das alternativas incorretas:
- A (96 códons a menos) — confunde bases com códons. 96 códons corresponderiam a 96 × 3 = 288 bases, o que não bate com a remoção de 32 aminoácidos.
- C (288 códons a menos) — erro grosseiro: 288 códons seriam 864 bases; não há ligação com os 32 aminoácidos mencionados.
- D (285 nucleotídeos a menos) — não há razão biológica para esse número (285 não é múltiplo de 3 para corresponder a um número inteiro de aminoácidos) e a justificativa “uma trinta não codifica” está incorreta e mal formulada.
- E (99 nucleotídeos a mais) — acrescentar nucleotídeos por causa do códon de iniciação é incorreto: o códon de iniciação faz parte da sequência codificadora se considerarmos a proteína; além disso, “a mais” contradiz a informação de perda de aminoácidos.
Dica de prova: identifique termo-chave (aqui: “32 aminoácidos a menos”), converta imediatamente para nucleotídeos multiplicando por 3. Verifique se o resultado é múltiplo de 3 — isso indica remoção “in-frame” (sem mudar a leitura). Desconfie de alternativas que confundem unidades (códons × bases) ou usam números não múltiplos de 3 sem explicação de frameshift.
Referências rápidas: Alberts et al., Molecular Biology of the Cell; NCBI — The Genetic Codes.
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