Questão 005b5a0e-f0
Prova:Esamc 2019
Disciplina:Biologia
Assunto:Problemas ambientais e medidas de conservação, Ecologia e ciências ambientais

Leia o excerto a seguir:

“O mercúrio (único metal líquido) é combinado com outros elementos para formar compostos orgânicos e inorgânicos de mercúrio. O mercúrio metálico é usado para produzir o gás de cloro e soda cáustica, sendo também usado em termômetros, obturações dentárias, interruptores, bulbos de lâmpadas e baterias.

Usinas termoelétricas de queima de carvão são a maior fonte de origem humana das emissões de mercúrio para o ar nos Estados Unidos. No Brasil a atual crise hídrica e de energia faz com que o governo se utilize mais destas usinas na geração de uma energia mais cara e mais nociva à saúde humana e ao meio ambiente. Mercúrio no solo e na água é convertido por bactérias em metilmercúrio[...]. No Brasil contaminação por mercúrio ocorre nas regiões de garimpo e é denominada minamata, em referência à tragédia ocorrida na cidade japonesa com o mesmo nome [local em que nasciam crianças anencéfalas].”

(Efeitos dos Metais Pesados na Saúde Humana. Disponível em: http://www.robertofrancodoamaral.com.br/blog/efeitos-dos-metaispesados-na-saude-humana/ acesso em 12 mar. 2019, às 22h53min.)

Além de causar a anencefalia de recém-nascidos, o mercúrio:

A
pode ser excretado pelos rins, causando danos aos néfrons, que formam a urina, através da filtragem sanguínea.
B
pode ser excretado pelos pulmões, junto ao ar expirado, promovendo danos aos alvéolos pulmonares.
C
pode ser excretado pelo sistema digestório, causando danos ao epitélio intestinal, responsável pela absorção dos nutrientes.
D
não pode ser excretado pelo suor, bioacumulando-se no tecido epitelial, não causando, portanto, danos significativos ao corpo humano.
E
é bioacumulativo, depositando-se em tecidos e células ricas em li- pídeos como, por exemplo, o tecido nervoso.

Gabarito comentado

C
Carla CerqueiraMonitor do Qconcursos

Resposta correta: E

Tema central: toxicologia do mercúrio — formas químicas (metálico, inorgânico e orgânico/metilmercúrio), sua tendência a bioacumular e efeitos especialmente neurotóxicos, com risco elevado para fetos e sistema nervoso central.

Resumo teórico: o metilmercúrio (forma orgânica) é altamente absorvido pelo trato digestório, atravessa a barreira hematoencefálica e a placenta e se liga a grupos sulfidrila em proteínas, acumulando-se em tecidos ricos em lipídios, como o tecido nervoso (cérebro, medula) e em estruturas com mielina. Isso explica sinais neurológicos e malformações fetais (caso clássico: Doença de Minamata). (Ver WHO: “Mercury and health”; ATSDR: “Toxicological Profile for Mercury”.)

Por que a alternativa E é correta: afirma que o mercúrio é bioacumulativo e se deposita em tecidos ricos em lipídios, exemplificando o tecido nervoso — exatamente o comportamento do metilmercúrio, responsável pela maioria das intoxicações crônicas e efeitos neurodesenvolvimentais.

Análise das alternativas incorretas:

A — Parcialmente enganosa. Inorgânicos concentram-se nos rins e podem causar nefrotoxicidade, mas a afirmação foca em “excreção pelos rins através da filtração” como característica principal, o que minimiza a importância da bioacumulação e confunde mecanismo e consequência; não é a melhor resposta.

B — Incorreta. A inalação de vapor de mercúrio é via de absorção importante (exposição ocupacional) e pode causar toxicidade pulmonar aguda, mas dizer que é “excretado pelos pulmões” promovendo dano alveolar apresenta a excreção como causa do dano, invertendo relação causal.

C — Incorreta. Há eliminação fecal/biliar de mercúrio, mas a exposição via digestório causa principalmente absorção e efeitos sistêmicos (metilmercúrio) e não é conhecida por ser o principal local de dano crônico por bioacumulação.

D — Errada. Mercúrio pode ser eliminado em pequenas quantidades pelo suor, mas afirmar que “não causa danos significativos” é falso — mercúrio causa danos graves (neurológicos, renais, reprodutivos). Além disso, a bioacumulação ocorre em vários tecidos, não apenas epitélios.

Fontes recomendadas: WHO – “Mercury and health”; ATSDR – “Toxicological Profile for Mercury”; Convenção de Minamata (UNEP).

Estratégia de prova: foque em palavras-chave (“bioacumulativo”, “tecido nervoso”, “metilmercúrio”) e desconfie de alternativas que invertam causa/efeito (ex.: “excretado pelos órgãos causando dano”).

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