Texto 1
Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes
entrar no parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há
infinitas carreiras diante de ti. […] Nenhum [ofício] me parece
mais útil e cabido que o de medalhão. […] Tu, meu filho, se
me não engano, pareces dotado da perfeita inópia mental,
conveniente ao uso deste nobre ofício. […] No entanto, podendo acontecer que, com a idade, venhas a ser afligido de
algumas ideias próprias, urge aparelhar fortemente o espírito.
[…] Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma
invejável vulgaridade.
(Machado de Assis. Teoria do medalhão.
www.dominiopublico.gov.br.)
Texto 2
De fato, existem medalhões em todos os domínios da
vida social brasileira: na favela e no Congresso; na arte e na
política; na universidade e no futebol; entre policiais e ladrões.
São as pessoas que podem ser chamadas de “homens”, “cobras”, “figuras”, “personagens” etc. […] Medalhões são frequentemente figuras nacionais. […] Ser o filho do Presidente,
do Delegado, do Diretor conta como cartão de visitas.
(Roberto da Matta. Carnavais, malandros e heróis, 1983.)
Tanto no texto do escritor Machado de Assis como no do antropólogo Roberto da Matta, a figura do medalhão