Questõesde UFPR 2019
Eis como ainda no início do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se
reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o
brasão de sua força e de sua valentia. [...] Na segunda metade do século XVIII, o soldado tornou-se algo que se fabrica; de
uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente
uma coação calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível
e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 162.)
Levando em conta essa passagem e a obra em que está inserida, é correto afirmar que, para Michel Foucault,
instituições como escolas, quartéis, hospitais e prisões são exemplos de espaços em que, a partir do século XVIII, os
indivíduos:
Nas primeiras linhas das Meditações Metafísicas, Descartes declara que “recebera muitas falsas opiniões por
verdadeiras” e que “aquilo que fundou sobre princípios mal assegurados devia ser muito duvidoso e incerto”.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.)Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR,
2009, p. 153.)
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, Descartes entende que é preciso:
Em determinado momento do diálogo de Hípias Menor, de Platão, Sócrates declara que encontrou dificuldade para
responder à pergunta “qual o critério para reconheceres o que é belo e o que é feio?”. De acordo com Platão, a
dificuldade está em que:
Para os filósofos contratualistas, o Estado é pensado como tendo por origem um contrato entre os indivíduos. Segundo
Thomas Hobbes, “é como se cada homem dissesse a cada homem; autorizo e transfiro o meu direito de me governar
a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de transferires para ele o teu direito,
autorizando de maneira semelhante todas as suas ações”.
(HOBBES, T. Leviatã, cap. 17, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 365.)
A partir do enunciado, é correto afirmar que Hobbes recorre à ideia do contrato com o fim de:
O fogo causado pela queima de óleo de cozinha ou gordura é bem mais difícil de se apagar do que o de outros líquidos
inflamáveis, o que demandou a criação dos extintores classe K. Tais extintores são preenchidos com uma solução
alcalina que causa a saponificação do óleo ou gordura, produzindo uma espuma que abafa a chama. No quadro abaixo,
são listadas as propriedades de cinco substâncias.
Qual das substâncias acima é a adequada para se preparar a solução de preenchimento desse tipo de extintor?
A estrutura química mostrada abaixo é a de um neurotransmissor que age como inibidor no sistema nervoso central.
Quando esse neurotransmissor se liga ao seu receptor cerebral, experimenta-se um efeito calmante, que ajuda em
casos de ansiedade, estresse ou medo. Trata-se de um Y-aminoácido comumente conhecido como GABA , do inglês
Gamma AminoButyric Acid.
O nome desse composto, segundo a nomenclatura da IUPAC, é:
Em 2019, é comemorado o aniversário de 150 anos da primeira versão da tabela periódica, proposta por Dmitri
Mendeleev. Ele criou um sistema que, além de catalogar os elementos, permitiu prever propriedades em função da
posição que o elemento ocupa na tabela. Em 1869, o sódio (Na) e o potássio (K) já constavam da primeira versão da
tabela periódica. Na versão atual, esses elementos pertencem ao primeiro grupo, o dos metais alcalinos. Esses metais
reagem de maneira violenta com água, na qual se produz gás hidrogênio, conforme esquematizado abaixo:
2 M (s) + 2 H2O (l) ---> 2 MOH (aq) + H2 (g), M = Na ou K
A propriedade comum a esse grupo, que é responsável pelo comportamento descrito em água, é o:
Ao tentar identificar todas as possibilidades de fórmulas estruturais do composto 1,2-diclorociclo-hexano, um
estudante propôs as quatro estruturas mostradas na figura abaixo. Entretanto, seu professor apontou que havia um
engano, porque apenas três estruturas distintas são possíveis.
O estudante propôs uma estrutura a mais porque considerou em sua resposta que:
Recentemente, foi divulgada a descoberta de um fóssil de um lobo gigante, pertencente ao período Pleistoceno. A
idade do fóssil foi determinada por meio de datação por carbono-14. A quantidade desse isótopo presente no animal
vivo corresponde à sua abundância natural. Após a morte, a quantidade desse isótopo decresce em função da sua
taxa de decaimento, cujo tempo de meia-vida é de 5.730 anos. A idade do fóssil foi determinada em 32.000 anos. A
fração da quantidade de matéria de carbono-14 presente nesse fóssil em relação à sua abundância natural está entre:
O ânion perxenato (XeO64-) é um oxidante muito forte, capaz de oxidar Mn(II) a Mn(VII), conforme a equação química
abaixo:
Além disso, o XeO64- é um oxidante limpo, pois não introduz produtos de redução no meio da reação, uma vez que o
xenônio formado está na forma de gás.
Um experimento foi realizado na temperatura de 300 K e 100 kPa, em que 16 mol de MnSO4 foram totalmente oxidados
por Na4XeO6 e todo o gás produzido foi coletado. Nessas condições, o volume de um mol de um gás ideal é
igual a 24,9 L.
O volume (em L) de gás coletado nesse experimento foi igual a:
O ânion perxenato (XeO64-) é um oxidante muito forte, capaz de oxidar Mn(II) a Mn(VII), conforme a equação química abaixo:
Além disso, o XeO64- é um oxidante limpo, pois não introduz produtos de redução no meio da reação, uma vez que o
xenônio formado está na forma de gás.
Um experimento foi realizado na temperatura de 300 K e 100 kPa, em que 16 mol de MnSO4 foram totalmente oxidados
por Na4XeO6 e todo o gás produzido foi coletado. Nessas condições, o volume de um mol de um gás ideal é
igual a 24,9 L.
O volume (em L) de gás coletado nesse experimento foi igual a:
Os principais parâmetros que definem a qualidade da água de uma piscina são o pH e a alcalinidade. Para a água ser
considerada própria, o pH deve ser mantido próximo de 7,0, para garantir o conforto do banhista e a eficácia dos
agentes bactericidas. Já a alcalinidade, expressa em concentração de íon bicarbonato, deve ser em torno de 100 g m-3. A
propriedade anfotérica desse íon garante que qualquer substância ácida ou básica introduzida seja prontamente
neutralizada, conforme mostram as equações químicas abaixo:
Ao adicionar carbonato de sódio na água de uma piscina, que está em condições consideradas adequadas para o
banho, ocorrerá:
As cetonas pertencem a uma classe de substâncias empregadas como reagente de partida na síntese de outros
compostos orgânicos, contendo diferentes grupos funcionais. No esquema abaixo, estão indicadas cinco rotas de
síntese, as quais fornecem cinco produtos diferentes, a partir de uma mesma cetona:
As rotas de síntese que geram produtos pertencentes a uma mesma classe de compostos orgânicos são
Leia o trecho abaixo, de Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum:
No meu íntimo, creio que deixei a família e a cidade também por não suportar a convivência estúpida com os serviçais.
Lembro Dorner dizer que o privilégio aqui no norte não decorre apenas da posse de riquezas.
- Aqui reina uma forma estranha de escravidão - opinava Dorner. - A humilhação e a ameaça são o açoite; a comida e
a integração ilusória à família do senhor são as correntes e golilhas.
Havia alguma verdade nesta sentença.
(HATOUM, Milton. Relato de um certo oriente. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 88.)
A respeito desse romance, considere as seguintes afirmativas:
1. Quem narra essa parte do relato é Hakim, filho preferido de Emilie, a quem ela ensinou o árabe na infância e que
muito jovem se mudaria para o Sul do Brasil, jamais vendo a mãe novamente.
2. Dorner é um comerciante alemão, concorrente da loja da família de Emilie, a Parisiense, mas que se mantivera
próximo à família por sua antiga amizade com Emir, o irmão suicida da matriarca.
3. O julgamento de Dorner, com o qual o narrador concorda, é injusto, e o tratamento cordial que toda a família de
Emilie dedica à serviçal Anastácia Socorro é prova desse equívoco.
4. A referência à escravidão permite que se localize a ação de Relato de um certo oriente no final do século XIX,
período em que o Ciclo da Borracha atraiu imigrantes para a região Norte.
Assinale a alternativa correta.
- Aqui reina uma forma estranha de escravidão - opinava Dorner. - A humilhação e a ameaça são o açoite; a comida e a integração ilusória à família do senhor são as correntes e golilhas.
Havia alguma verdade nesta sentença.
2. Dorner é um comerciante alemão, concorrente da loja da família de Emilie, a Parisiense, mas que se mantivera próximo à família por sua antiga amizade com Emir, o irmão suicida da matriarca.
3. O julgamento de Dorner, com o qual o narrador concorda, é injusto, e o tratamento cordial que toda a família de Emilie dedica à serviçal Anastácia Socorro é prova desse equívoco.
4. A referência à escravidão permite que se localize a ação de Relato de um certo oriente no final do século XIX, período em que o Ciclo da Borracha atraiu imigrantes para a região Norte.
O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth
Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de
representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos,
desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o
trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica
ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a
cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não
é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de
suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto
pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e antropologia social. Tomo
II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a
alternativa em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo
romântico”, ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Num laboratório, um grupo de alunos possui quatro semicélulas montadas, todas em condição padrão de
concentração e temperatura, correspondentes às semirreações mostradas no quadro abaixo:
Numa dada combinação para montar uma pilha eletroquímica, o valor de diferença de potencial (AE) da pilha, no
instante em que se ligaram os contatos, foi de 0,69 V.
A combinação utilizada nessa pilha foi entre as semicélulas:
A combinação utilizada nessa pilha foi entre as semicélulas:
Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do
Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele:
- Nunca esperei muita coisa,
digo a Vossas Senhorias.
O que me fez retirar
não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
foi defender minha vida
da tal velhice que chega
antes de se inteirar trinta;
se na serra vivi vinte,
se alcancei lá tal medida,
o que pensei, retirando,
foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre
com a mesma chama mortiça.[...]
Sim, o melhor é apressar
o fim dessa ladainha,
fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se finda.
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994,
p. 186-187.)
Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.
digo a Vossas Senhorias.
O que me fez retirar
não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
foi defender minha vida
da tal velhice que chega
antes de se inteirar trinta;
se na serra vivi vinte,
se alcancei lá tal medida,
o que pensei, retirando,
foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre
com a mesma chama mortiça.
o fim dessa ladainha,
fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se finda.
Ao mesmo tempo em que narram fatos, os narradores de Casa de Pensão e Clara dos Anjos também assumem postura
intrusa e opinativa: eles interrompem a narração de acontecimentos e inserem seus comentários e opiniões,
apresentando análises sociológicas ou psicológicas de acontecimentos, ambientes e personagens. Nas alternativas
abaixo, foram transcritos trechos dos dois romances. Assinale a alternativa em que se observa tal atitude intrusa e
opinativa do narrador no romance de Aluísio Azevedo.
Leia os versos abaixo, de Gonçalves Dias e Basílio da Gama:
O Gigante de Pedra
(II, Estrofes 5 e 6)
Tornam prados a despir-se,
Tornam flores a murchar,
Tornam de novo a vestir-se,
Tornam depois a secar;
E como gota filtrada
De uma abóboda escavada
Sempre, incessante a cair,
Tombam as horas e os dias,
Como fantasmas sombrias,
Nos abismos do porvir!
E no féretro de montes
Inconcusso, imóvel, fito,
Escurece os horizontes
O gigante de granito.
Com soberba indiferença
Sente extinta a antiga crença
Dos Tamoios, dos Pajés;
Nem vê que duras desgraças,
Que lutas de novas raças
Se lhe atropelam aos pés!
Gonçalves Dias
A Tempestade
(Estrofes 1-4)
Um raio
Fulgura
No espaço,
Esparso
De luz;
E trêmulo
E puro
Se aviva,
S'esquiva,
Rutila.
Seduz!
Vem a aurora
Pressurosa,
Côr-de-rosa,
Que se cora
De carmim;
A seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Têm desmaios,
Já por fim.
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fronte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores
Que entre verdores
Se vê brilhar.
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! Vede a procela
Infrene, mais bela,
No ar s'encapela
Já pronta a rugir!
Gonçalves Dias
O Uraguai
(Canto IV, v. 30-52)
Assim quem olha do escarpado cume
Não vê mais do que o céu, que o mais lhe encobre
A tarda e fria névoa, escura e densa.
Mas quando o sol, de lá do eterno e fixo
Purpúreo encosto de dourado assento,
Co'a criadora mão desfaz e corre
O véu cinzento de ondeadas nuvens,
Que alegre cena para nossos olhos!
Podem
Daquela altura, por espaço imenso,
Ver as longas campinas retalhadas
De trêmulos ribeiros, claras fontes
E lagos cristalinos, onde molha
As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales
E arvoredos copados e confusos,
Verde teatro onde se admira quanto
Produziu a supérflua Natureza.
A terra sofredora de cultura
Mostra o rasgado seio; e as várias plantas,
Dando as mãos entre si, tecem compridas
Ruas, por onde a vista saudosa
Se estende e se perde. O vagaroso gado
Mal se move no campo, e se divisam
Por entre as sombras da verdura, ao longe,
As casas branquejando e os altos templos.
Basílio da Gama
Com base na análise dos versos acima e na leitura integral de O Uraguai e de Os últimos cantos, considere as seguintes
afirmativas:
1. Embora as “Poesias Americanas” tenham alcançado grande destaque nas leituras posteriores da obra de
Gonçalves Dias, em Últimos Cantos elas ocupam um espaço menor do que o conjunto das outras duas partes:
“Poesias Diversas” e “Hinos”.
2. No poema “O gigante de pedra”, é a montanha, da sua altura, quem assiste aos acontecimentos da história. Os
versos acima citados de O Uraguai, por sua vez, adotam a perspectiva do olhar humano para descrever a natureza
que se descortina do alto de uma montanha.
3. O hino “A tempestade” recria em seus versos os efeitos do fenômeno atmosférico que deslumbra o poeta. Nas
três estrofes citadas, podem-se perceber os recursos poéticos utilizados: métrica crescente, esquema de rimas
diferente a cada estrofe, adjetivos e verbos que vão do claro ao escuro, do tranquilo ao agitado.
4. A reiteração sonora do verbo “tornar”, na mesma posição dos versos iniciais da estrofe 5 de “O Gigante de Pedra”,
marca a variação das estações do ano, sendo que a mesma característica é atribuída à montanha na estrofe
seguinte e ao longo de todo o poema.
5. A partir de acidentes geográficos de localização precisa, a cadeia de montanhas localizada na atual cidade do Rio
de Janeiro e o rio Uruguai, localizado na fronteira sul do país, “O Gigante de Pedra” e O Uraguai narram um
episódio específico e datado da história brasileira.
Assinale a alternativa correta.
Leia os versos abaixo, de Gonçalves Dias e Basílio da Gama:
O Gigante de Pedra
(II, Estrofes 5 e 6)
Tornam prados a despir-se,
Tornam flores a murchar,
Tornam de novo a vestir-se,
Tornam depois a secar;
E como gota filtrada
De uma abóboda escavada
Sempre, incessante a cair,
Tombam as horas e os dias,
Como fantasmas sombrias,
Nos abismos do porvir!
E no féretro de montes
Inconcusso, imóvel, fito,
Escurece os horizontes
O gigante de granito.
Com soberba indiferença
Sente extinta a antiga crença
Dos Tamoios, dos Pajés;
Nem vê que duras desgraças,
Que lutas de novas raças
Se lhe atropelam aos pés!
Gonçalves Dias
A Tempestade
(Estrofes 1-4)
Um raio
Fulgura
No espaço,
Esparso
De luz;
E trêmulo
E puro
Se aviva,
S'esquiva,
Rutila.
Seduz!
Vem a aurora
Pressurosa,
Côr-de-rosa,
Que se cora
De carmim;
A seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Têm desmaios,
Já por fim.
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fronte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores
Que entre verdores
Se vê brilhar.
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! Vede a procela
Infrene, mais bela,
No ar s'encapela
Já pronta a rugir!
Gonçalves Dias
O Uraguai
(Canto IV, v. 30-52)
Assim quem olha do escarpado cume
Não vê mais do que o céu, que o mais lhe encobre
A tarda e fria névoa, escura e densa.
Mas quando o sol, de lá do eterno e fixo
Purpúreo encosto de dourado assento,
Co'a criadora mão desfaz e corre
O véu cinzento de ondeadas nuvens,
Que alegre cena para nossos olhos!
Podem
Daquela altura, por espaço imenso,
Ver as longas campinas retalhadas
De trêmulos ribeiros, claras fontes
E lagos cristalinos, onde molha
As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales
E arvoredos copados e confusos,
Verde teatro onde se admira quanto
Produziu a supérflua Natureza.
A terra sofredora de cultura
Mostra o rasgado seio; e as várias plantas,
Dando as mãos entre si, tecem compridas
Ruas, por onde a vista saudosa
Se estende e se perde. O vagaroso gado
Mal se move no campo, e se divisam
Por entre as sombras da verdura, ao longe,
As casas branquejando e os altos templos.
Basílio da Gama
Com base na análise dos versos acima e na leitura integral de O Uraguai e de Os últimos cantos, considere as seguintes afirmativas:
1. Embora as “Poesias Americanas” tenham alcançado grande destaque nas leituras posteriores da obra de Gonçalves Dias, em Últimos Cantos elas ocupam um espaço menor do que o conjunto das outras duas partes: “Poesias Diversas” e “Hinos”.
2. No poema “O gigante de pedra”, é a montanha, da sua altura, quem assiste aos acontecimentos da história. Os
versos acima citados de O Uraguai, por sua vez, adotam a perspectiva do olhar humano para descrever a natureza
que se descortina do alto de uma montanha.
3. O hino “A tempestade” recria em seus versos os efeitos do fenômeno atmosférico que deslumbra o poeta. Nas
três estrofes citadas, podem-se perceber os recursos poéticos utilizados: métrica crescente, esquema de rimas
diferente a cada estrofe, adjetivos e verbos que vão do claro ao escuro, do tranquilo ao agitado.
4. A reiteração sonora do verbo “tornar”, na mesma posição dos versos iniciais da estrofe 5 de “O Gigante de Pedra”,
marca a variação das estações do ano, sendo que a mesma característica é atribuída à montanha na estrofe
seguinte e ao longo de todo o poema.
5. A partir de acidentes geográficos de localização precisa, a cadeia de montanhas localizada na atual cidade do Rio de Janeiro e o rio Uruguai, localizado na fronteira sul do país, “O Gigante de Pedra” e O Uraguai narram um episódio específico e datado da história brasileira.
Assinale a alternativa correta.
Ao comparar a vacina contra diferentes cepas do vírus da gripe ao Santo Graal, o professor Jonathan Ball quis
dizer que:
O texto a seguir é referência para a questão.
Por que as lhamas podem guardar o segredo para combater a gripe
Cientistas americanos recrutaram uma curiosa aliada para desenvolver tratamentos contra a gripe: a lhama. O sangue desse
animal sul-americano foi utilizado para produzir uma nova terapia com anticorpos que têm o potencial de combater todos os tipos de
gripe.
A gripe é uma das doenças mais hábeis na hora de mudar de forma. Constantemente, modifica sua aparência para despistar
nosso sistema imunológico. Isso explica porque as vacinas nem sempre são efetivas e, a cada inverno, é necessário receber uma
nova injeção para prevenir a doença.
Por isso, a ciência está à procura de uma forma de acabar com todos os tipos de gripe, não importando de qual cepa provenha
ou o quanto possa sofrer mutações. É aí que entra a lhama.
Esses animais, nativos dos Andes, têm anticorpos incrivelmente pequenos em comparação com os dos humanos. Os
anticorpos são as armas do sistema imunológico, e aderem às proteínas que sobressaem na superfície dos vírus.
Os anticorpos humanos tendem a atacar as pontas dessas proteínas,_______essa é a parte em que o vírus da gripe muda
com mais rapidez._______os anticorpos da lhama, com seu tamanho diminuto, conseguem atacar as partes do vírus da gripe que
não sofrem mutação.
Uma equipe do Instituto Scripps, nos Estados Unidos, infectou lhamas com múltiplos tipos de gripe, para estimular uma resposta
do seu sistema imunológico. Em seguida, analisou o sangue dos animais, procurando pelos anticorpos mais potentes, que poderiam
atacar uma ampla variedade de vírus.
Os cientistas,_______, identificaram quatro anticorpos das lhamas. Depois, começaram a desenvolver um anticorpo sintético,
que une elementos desses quatro tipos.
O trabalho, que foi publicado na revista científica Science, ainda está em estágios muito iniciais. A equipe de cientistas pretende
realizar mais experimentos antes de fazer testes com humanos. “Ter um tratamento que possa funcionar contra uma variedade de
cepas diferentes do vírus da gripe é algo muito desejado. É o Santo Graal da gripe”, afirma o professor Jonathan Ball, da Uni versidade
de Nottingham.
(James Gallagher, Correspondente de Saúde e Ciência, BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-46101443?ocid=socialflow_
facebook&fbclid=IwAR1Bj0yRbAN1yzVPG9X8H0KC2B5I59XTXbPwX7w0kk9O4kfMIop3H-wjmIY. Acesso em 07/07/2019. Adaptado.)