INSTRUÇÃO: Para responder à questão, tenha como base o excerto da obra Quincas
Borba, de Machado de Assis, e seu contexto.
Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba,
– um cão, um bonito cão, meio tamanho, pelo cor de
chumbo, malhado de preto. Quincas Borba levava-o
para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De
manhã, era o cão que acordava o senhor, trepando
ao leito, onde trocavam as primeiras saudações.
Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o seu
próprio nome; mas, explicava-o por dois motivos, um
doutrinário, outro particular.
– Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina,
é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe
também no cão, e este pode assim receber um nome
de gente, seja cristão ou muçulmano...
– Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de
Bernardo, disse Rubião com o pensamento em um
rival político da localidade.
– Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer
antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu
bom cachorro. Ris-te, não?
Rubião fez um gesto negativo.
– Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade
é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome
haja. Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os
que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas
Borba ao cachorro, e...
O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas
Borba, comovido, olhou para Quincas Borba: – Meu
pobre amigo! meu bom amigo! meu único amigo!