Questõesde USP 2016 sobre Português

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Foram encontradas 18 questões
ffa35b8d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Mas o pecado maior contra a Civilização e o Progresso, contra o Bom Senso e o Bom Gosto e até os Bons Costumes, que estaria sendo cometido pelo grupo de regionalistas a quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso, estaria em procurar reanimar não só a arte arcaica dos quitutes finos e caros em que se esmeraram, nas velhas casas patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres famílias da região, e que está sendo esquecida pelos doces dos confeiteiros franceses e italianos, como a arte - popular como a do barro, a do cesto, a da palha de Ouricuri, a de piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das esteiras, a dos ex-votos, a das redes, a das rendas e bicos, a dos brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de canudo de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de cabaça - que é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo, do quitute de tabuleiro, feito por mãos negras e pardas com uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das sinhás brancas.

Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (7ª ed.). Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.

De acordo com o texto de Gilberto Freyre, o Manifesto regionalista, publicado em 1926,

A
opunha-se ao cosmopolitismo dos modernistas, especialmente por refutar a alteração nos hábitos alimentares nordestinos.
B
traduzia um projeto político centralizador e antidemocrático associado ao retorno de instituições monárquicas.
C
exaltava os valores utilitaristas do moderno capitalismo industrial, pois reconhecia a importância da tradição agrária brasileira.
D
preconizava a defesa do mandonismo político e da integração de brancos e negros sob a forma da democracia racial.
E
promovia o desenvolvimento de uma cultura brasileira autêntica pelo retorno a seu passado e a suas tradições e riquezas locais.
ff7b8fcd-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Um aspecto do poema em que se manifesta a persistência de um valor afirmado também no Modernismo da década de 1920 é o

Considere as imagens e o texto, para responder à questão.



II / São Francisco de Assis*

Senhor, não mereço isto.

Não creio em vós para vos amar.

Trouxestes-me a São Francisco

e me fazeis vosso escravo.


Não entrarei, senhor, no templo,

seu frontispício me basta.

Vossas flores e querubins

são matéria de muito amar.


Dai-me, senhor, a só beleza

destes ornatos. E não a alma.

Pressente-se dor de homem,

paralela à das cinco chagas.


Mas entro e, senhor, me perco

na rósea nave triunfal.

Por que tanto baixar o céu?

por que esta nova cilada?


Senhor, os púlpitos mudos

entretanto me sorriem.

Mais que vossa igreja, esta

sabe a voz de me embalar.


Perdão, senhor, por não amar-vos.


*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

A
destaque dado às características regionais.
B
uso da variante oral-popular da linguagem.
C
elogio do sincretismo religioso.
D
interesse pelo passado da arte no Brasil.
E
delineamento do poema em feitio de oração.
ff790cb0-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do Barroco:
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo que o público não possa escapar.
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de maravilhamento.
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a preeminência da Igreja.
A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em

Considere as imagens e o texto, para responder à questão.



II / São Francisco de Assis*

Senhor, não mereço isto.

Não creio em vós para vos amar.

Trouxestes-me a São Francisco

e me fazeis vosso escravo.


Não entrarei, senhor, no templo,

seu frontispício me basta.

Vossas flores e querubins

são matéria de muito amar.


Dai-me, senhor, a só beleza

destes ornatos. E não a alma.

Pressente-se dor de homem,

paralela à das cinco chagas.


Mas entro e, senhor, me perco

na rósea nave triunfal.

Por que tanto baixar o céu?

por que esta nova cilada?


Senhor, os púlpitos mudos

entretanto me sorriem.

Mais que vossa igreja, esta

sabe a voz de me embalar.


Perdão, senhor, por não amar-vos.


*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
II e III, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.
ff742570-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Consideradas no âmbito dos valores que são postos em jogo em Mayombe, as relações entre a árvore e a floresta, tal como concebidas e expressas no excerto, ensejam a valorização de uma conduta que corresponde à da personagem

Observe a imagem e leia o texto, para responder à questão.


    O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição.

    [...]

    Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.

    A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida.

    [...]

    Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde.

Pepetela, Mayombe.

A
João Romão, de O cortiço, observadas as relações que estabelece com a comunidade dos encortiçados.
B
Jacinto, de A cidade e as serras, tendo em vista suas práticas de beneficência junto aos pobres de Paris.
C
Fabiano, de Vidas secas, na medida em que ele se integrava na comunidade dos sertanejos, seus iguais e vizinhos.
D
Pedro Bala, de Capitães da Areia, em especial ao completar sua trajetória de politização.
E
Augusto Matraga, do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, na sua fase inicial, quando era o valentão do lugar.
ff715b07-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando-se o excerto no contexto de Mayombe, os paralelos que nele são estabelecidos entre aspectos da natureza e da vida humana podem ser interpretados como uma

Observe a imagem e leia o texto, para responder à questão.


    O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição.

    [...]

    Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.

    A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida.

    [...]

    Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde.

Pepetela, Mayombe.

A
reflexão relacionada ao próprio Comandante Sem Medo e a seu dilema característico entre a valorização do indivíduo e o engajamento em um projeto eminentemente coletivo.
B
caracterização flagrante da dificuldade de aceder ao plano do raciocínio abstrato, típica da atitude pragmática do militante revolucionário.
C
figuração da harmonia que reina no mundo natural, em contraste com as dissensões que caracterizam as relações humanas, notadamente nas zonas urbanizadas.
D
representação do juízo do Comissário a respeito da manifesta incapacidade que tem o Comandante Sem Medo de ultrapassar o dogmatismo doutrinário.
E
crítica esclarecida à mentalidade animista - que tende a personificar os elementos da natureza - e ao tribalismo, ainda muito difundidos entre os guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
ff6ed892-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.

- Um dia um homem faz besteira e se desgraça.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

Tendo em vista as causas que a provocam, a revolta que vem à consciência de Fabiano, apresentada no texto como ainda contida e genérica, encontrará foco e uma expressão coletiva militante e organizada, em época posterior à publicação de Vidas secas, no movimento

A
carismático de Juazeiro do Norte, orientado pelo Padre Cícero Romão Batista.
B
das Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.
C
do Cangaço, quando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).
D
messiânico de Canudos, conduzido por Antônio Conselheiro.
E
da Coluna Prestes, encabeçado por Luís Carlos Prestes.
ff696094-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Dentre os recursos expressivos empregados no texto, tem papel preponderante a

TEXTO PARA A QUESTÃO


A
metonímia (uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, com base na relação de contiguidade existente entre ela e o referente).
B
hipérbole (ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística).
C
alegoria (sequência de metáforas logicamente ordenadas).
D
sinestesia (associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão).
E
prosopopeia (atribuição de sentimentos humanos ou de palavras a seres inanimados ou a animais).
ff66a097-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No último período do texto, o ritmo que o narrador imprime ao relato de seus amores corresponde sobretudo ao que se encontra expresso em

TEXTO PARA A QUESTÃO


A
“prólogo de uma vida de delícias” (L. 13-14).
B
“prazeres que rematavam em dor” (L. 14-15).
C
“hipocrisia paciente e sistemática” (L. 16).
D
“paixão sem freio” (L. 17).
E
“o livro daquele prólogo” (L. 21-22).
ff64227d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerado no contexto de Memórias póstumas de Brás Cubas, o “livro” dos amores de Brás Cubas e Virgília, apresentado no breve capítulo aqui reproduzido, configura uma

TEXTO PARA A QUESTÃO


A
demonstração da tese naturalista que postula o fundamento biológico das relações amorosas.
B
versão mais intensa e prolongada da típica sequência de animação e enfado, característica da trajetória de Brás Cubas.
C
incorporação, ao romance realista, dos triângulos amorosos, cuja criação se dera durante o período romântico.
D
manifestação da liberdade que a condição de defunto✁ autor dava a Brás Cubas, permitindo-lhe tratar de assuntos proibidos em sua época.
E
crítica à devassidão que grassava entre as famílias da elite do Império, em particular, na Corte.
ff6178a9-e1
USP 2016 - Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo, Morfologia

O prefixo presente na palavra “transpostos” tem o mesmo sentido do prefixo que ocorre em

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

A
ultrapassado.
B
retrocedido.
C
infracolocado.
D
percorrido.
E
introvertido.
ff5f01fc-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Tendo em vista que algumas das recomendações do autor, relativas à prática da tradução, fogem do senso comum, pode-se qualificá-las com o seguinte termo, de uso relativamente recente:

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

A
dubitativas.
B
contraintuitivas.
C
autocomplacentes.
D
especulativas.
E
aleatórias.
ff5c180d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

De acordo com o texto, a boa tradução precisa

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

A
evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
B
desconsiderar as características da linguagem primeira para poder atingir a língua de chegada.
C
desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da língua de chegada.
D
privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades do texto original.
E
buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original.
ff59408f-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

É correto afirmar que, no texto, o narrador

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Nasceu o dia e expirou.

    Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

    Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

    Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.

A
prioriza a ordem direta da frase, como se pode verificar nos dois primeiros parágrafos do texto.
B
usa o verbo “correr” (2º parágrafo) com a mesma acepção que se verifica na frase “Travam das armas os rápidos guerreiros, e correm ao campo” (também extraída do romance Iracema).
C
recorre à adjetivação de caráter objetivo para tornar a cena mais real.
D
emprega, a partir do segundo parágrafo, o presente do indicativo, visando dar maior vivacidade aos fatos narrados, aproximando-os do leitor.
E
atribui, nos trechos “aqui lhe sorri” e “lhe entram n’alma”, valor possessivo ao pronome “lhe”.
ff567982-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto, corresponde a uma das convenções com que o Indianismo construía suas representações do indígena

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Nasceu o dia e expirou.

    Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

    Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

    Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.

A
o emprego de sugestões de cunho mitológico compatíveis com o contexto.
B
a caracterização da mulher como um ser dócil e desprovido de vontade própria.
C
a ênfase na efemeridade da vida humana sob os trópicos.
D
o uso de vocabulário primitivo e singelo, de extração oral-popular.
E
a supressão de interdições morais relativas às práticas eróticas.
ff53ea97-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Atente para as seguintes afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto Meyer sobre José de Alencar:
I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a rotulemos como nativa.”
II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.”
III. “O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.”
É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o que se afirma em

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Nasceu o dia e expirou.

    Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

    Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

    Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.

A
I, apenas.
B
III, apenas.
C
I e II, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.
ff511274-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos

Além de “tipitis”, constituem contribuição indígena para a língua portuguesa do Brasil as seguintes palavras empregadas no texto:

TEXTO PARA A QUESTÃO

    A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo, efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.

Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.

A
“cardápio” e “roceiros”.
B
“alpendre” e “fogão”.
C
“mandioca” e “Ipiranga”.
D
“sítio” e “forno”.
E
“prensa” e “quintal”.
ff4e741d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Traduz corretamente uma relação espacial expressa no texto o que se encontra em:

TEXTO PARA A QUESTÃO

    A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de serviço das moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca ralada para farinha. Nos inventários paulistas é comum a menção de tal fato. No inventário de Pedro Nunes, por exemplo, efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga “com seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa no dito sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa proveniente do mandiocal também inventariado. Mas a farinha não exigia somente a prensa – pedia, também, raladores, cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.

Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.

A
A prensa é paralela aos tipitis.
B
A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.
C
As duas camarinhas são transversais à cozinha.
D
O alpendre é perpendicular às zonas de serviço.
E
O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sítio.
ff4ba48c-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Adjetivos, Morfologia

Examine este cartaz, cuja finalidade é divulgar uma exposição de obras de Pablo Picasso.


Nas expressões “Mão erudita” e “Olho selvagem”, que compõem o texto do anúncio, os adjetivos “erudita” e “selvagem” sugerem que as obras do referido artista conjugam, respectivamente,

A
civilização e barbárie.
B
requinte e despojamento.
C
modernidade e primitivismo.
D
liberdade e autoritarismo.
E
tradição e transgressão.