Questõesde UEA 2019 sobre Português

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Foram encontradas 42 questões
45b75bb6-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo as duas últimas estrofes,

Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder à questão.

Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação.


É em estado assim que se descobre a verdade, 
que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada.


É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito.


Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito.


(Mínima lírica, 2013.)

A
o valor de um poema é medido pelos efeitos negativos que produz.
B
os melhores poemas são mais produto de inspiração do que de trabalho.
C
a poesia é a arte de transformar algo discreto em algo significativo.
D
os poemas mais inofensivos são os que parecem mais perigosos.
E
os poemas mais discretos produzem os efeitos mais contundentes.
45b3a3d3-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho “que se descobre a verdade, / que se cometem os grandes crimes, os gestos / mais sublimes”, o eu lírico enumera

Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder à questão.

Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação.


É em estado assim que se descobre a verdade, 
que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada.


É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito.


Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito.


(Mínima lírica, 2013.)

A
fatos impensáveis que causam o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
B
ações inconscientes que resultam do estado de vazio descrito na primeira estrofe.
C
processos raros que precedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
D
acontecimentos catastróficos que sucedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
E
eventos extremos que ocorrem durante o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
3e531d5e-d8
UEA 2019 - Português - Morfologia - Verbos, Flexão de voz (ativa, passiva, reflexiva)

A oração “Fomos atendidos por Dona Flora” está na voz passiva. A oração correspondente na voz ativa, que mantém o sentido original, contém a forma verbal

Leia o trecho de Galvez, Imperador do Acre, de Márcio Souza, para responder à questão:

Juno e Flora e outras divindades mitológicas


    O cabaré não primava pela decoração, mas o ambiente era simples e acolhedor. Era bem conceituado pelos anos de serviços prestados. Uma sala pequena cheia de sofás, algumas mesas redondas de mármore encardido. Meia penumbra. Fomos sentar numa mesa perto da orquestra. A casa começava a esvaziar e estavam apenas os clientes mais renitentes. Duas meninas dançavam um can-can desajeitado e deviam ser paraenses. As duas meninas suavam sem parar. Fomos atendidos por Dona Flora, gorda e oxigenada proprietária que bem poderia ser a deusa Juno. Recebemos as vênias de sempre e Trucco pediu uísque. A música já estava com o andamento de fim de festa e o garçom veio servir nossas bebidas. Trucco perguntou se Lili ainda iria apresentar-se e o garçom respondeu que o número dela era sempre à meia-noite. Havia um ar de familiaridade, e duas polacas vieram sentar em nossa mesa. Afastei a cadeira para elas sentarem e notei que eram bem velhas e machucadas. Decidi dar uma observada no ambiente enquanto Trucco trocava gentilezas com as duas cocottes1 .


(Galvez, Imperador do Acre, 1977.)

1cocotte: mulher jovem e atraente.

A
é atendida.
B
atendera.
C
atendeu.
D
atendemos.
E
foi atendida.
3e43a162-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:

Leia o texto de Jonathan Culler para responder à questão.

    Era uma vez um tempo em que literatura significava sobretudo poesia. O romance era um recém-chegado, próximo demais da biografia ou da crônica para ser genuinamente literário, uma forma popular que não poderia aspirar às altas vocações da poesia lírica e épica. Mas no século XX o romance eclipsou a poesia, tanto como o que os escritores escrevem quanto como o que os leitores leem e, desde os anos 60, a narrativa passou a dominar também a educação literária. As pessoas ainda estudam poesia — muitas vezes isso é exigido — mas os romances e os contos tornaram-se o núcleo do currículo.
    sso não é apenas um resultado das preferências de um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias mas raramente lê poemas. As teorias literária e cultural têm afirmado cada vez mais a centralidade cultural da narrativa. As histórias, diz o argumento, são a principal maneira pela qual entendemos as coisas, quer ao pensar em nossas vidas como uma progressão que conduz a algum lugar, quer ao dizer a nós mesmos o que está acontecendo no mundo. A explicação científica busca o sentido das coisas colocando-as sob leis — sempre que a e b prevalecerem, ocorrerá c — mas a vida geralmente não é assim. Ela segue não uma lógica científica de causa e efeito mas a lógica da história, em que entender significa conceber como uma coisa leva a outra, como algo poderia ter sucedido: como Maggie acabou vendendo software em Cingapura, como o pai de Jorge veio a lhe dar um carro.

(Teoria literária: uma introdução, 1999)

A
“Era uma vez um tempo em que literatura significava sobretudo poesia” (1º parágrafo)
B
“um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias” (2º parágrafo)
C
“Mas no século XX o romance eclipsou a poesia” (1º parágrafo)
D
“muitas vezes isso é exigido” (1º parágrafo)
E
“os contos tornaram-se o núcleo do currículo” (1º parágrafo)
3e47ef82-d8
UEA 2019 - Português - Advérbios, Morfologia

Advérbio é uma palavra invariável que pode modificar o sentido de um verbo, de um adjetivo, de outro advérbio ou de uma oração inteira.

Um advérbio que modifica o sentido de um adjetivo ocorre em:

Leia o texto de Jonathan Culler para responder à questão.

    Era uma vez um tempo em que literatura significava sobretudo poesia. O romance era um recém-chegado, próximo demais da biografia ou da crônica para ser genuinamente literário, uma forma popular que não poderia aspirar às altas vocações da poesia lírica e épica. Mas no século XX o romance eclipsou a poesia, tanto como o que os escritores escrevem quanto como o que os leitores leem e, desde os anos 60, a narrativa passou a dominar também a educação literária. As pessoas ainda estudam poesia — muitas vezes isso é exigido — mas os romances e os contos tornaram-se o núcleo do currículo.
    sso não é apenas um resultado das preferências de um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias mas raramente lê poemas. As teorias literária e cultural têm afirmado cada vez mais a centralidade cultural da narrativa. As histórias, diz o argumento, são a principal maneira pela qual entendemos as coisas, quer ao pensar em nossas vidas como uma progressão que conduz a algum lugar, quer ao dizer a nós mesmos o que está acontecendo no mundo. A explicação científica busca o sentido das coisas colocando-as sob leis — sempre que a e b prevalecerem, ocorrerá c — mas a vida geralmente não é assim. Ela segue não uma lógica científica de causa e efeito mas a lógica da história, em que entender significa conceber como uma coisa leva a outra, como algo poderia ter sucedido: como Maggie acabou vendendo software em Cingapura, como o pai de Jorge veio a lhe dar um carro.

(Teoria literária: uma introdução, 1999)

A
“próximo demais da biografia ou da crônica para ser genuinamente literário” (1º parágrafo)
B
“As teorias literária e cultural têm afirmado cada vez mais a centralidade cultural da narrativa” (2º parágrafo)
C
“literatura significava sobretudo poesia” (1º parágrafo)
D
“sempre que a e b prevalecerem, ocorrerá c” (2º parágrafo)
E
“um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias” (2º parágrafo)
3e3fab1c-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Um dos motivos apontados pelo texto para a prevalência do romance sobre a poesia a partir do século XX é:

Leia o texto de Jonathan Culler para responder à questão.

    Era uma vez um tempo em que literatura significava sobretudo poesia. O romance era um recém-chegado, próximo demais da biografia ou da crônica para ser genuinamente literário, uma forma popular que não poderia aspirar às altas vocações da poesia lírica e épica. Mas no século XX o romance eclipsou a poesia, tanto como o que os escritores escrevem quanto como o que os leitores leem e, desde os anos 60, a narrativa passou a dominar também a educação literária. As pessoas ainda estudam poesia — muitas vezes isso é exigido — mas os romances e os contos tornaram-se o núcleo do currículo.
    sso não é apenas um resultado das preferências de um público leitor de massa, que alegremente escolhe histórias mas raramente lê poemas. As teorias literária e cultural têm afirmado cada vez mais a centralidade cultural da narrativa. As histórias, diz o argumento, são a principal maneira pela qual entendemos as coisas, quer ao pensar em nossas vidas como uma progressão que conduz a algum lugar, quer ao dizer a nós mesmos o que está acontecendo no mundo. A explicação científica busca o sentido das coisas colocando-as sob leis — sempre que a e b prevalecerem, ocorrerá c — mas a vida geralmente não é assim. Ela segue não uma lógica científica de causa e efeito mas a lógica da história, em que entender significa conceber como uma coisa leva a outra, como algo poderia ter sucedido: como Maggie acabou vendendo software em Cingapura, como o pai de Jorge veio a lhe dar um carro.

(Teoria literária: uma introdução, 1999)

A
o relato narrativo, que explica como determinados fatos aconteceram, produz mais sentidos ao leitor do que as leis científicas.
B
os leitores, que querem soluções práticas para seus problemas, preferem textos não ficcionais.
C
a poesia foi abolida do currículo obrigatório das escolas, o que fez com que se tornasse menos acessível aos leitores.
D
a biografia e a crônica tornaram-se gêneros frequentes no dia a dia, o que fez com que o romance, um gênero semelhante, fosse mais acessível.
E
a valorização da ciência pela sociedade fez com que a poesia perdesse o sentido de realidade que teve em outros tempos.
3e4df2f3-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O romance Galvez, Imperador do Acre

Leia o trecho de Galvez, Imperador do Acre, de Márcio Souza, para responder à questão:

Juno e Flora e outras divindades mitológicas


    O cabaré não primava pela decoração, mas o ambiente era simples e acolhedor. Era bem conceituado pelos anos de serviços prestados. Uma sala pequena cheia de sofás, algumas mesas redondas de mármore encardido. Meia penumbra. Fomos sentar numa mesa perto da orquestra. A casa começava a esvaziar e estavam apenas os clientes mais renitentes. Duas meninas dançavam um can-can desajeitado e deviam ser paraenses. As duas meninas suavam sem parar. Fomos atendidos por Dona Flora, gorda e oxigenada proprietária que bem poderia ser a deusa Juno. Recebemos as vênias de sempre e Trucco pediu uísque. A música já estava com o andamento de fim de festa e o garçom veio servir nossas bebidas. Trucco perguntou se Lili ainda iria apresentar-se e o garçom respondeu que o número dela era sempre à meia-noite. Havia um ar de familiaridade, e duas polacas vieram sentar em nossa mesa. Afastei a cadeira para elas sentarem e notei que eram bem velhas e machucadas. Decidi dar uma observada no ambiente enquanto Trucco trocava gentilezas com as duas cocottes1 .


(Galvez, Imperador do Acre, 1977.)

1cocotte: mulher jovem e atraente.

A
idealiza o passado da conquista do espaço amazônico.
B
desmistifica as aventuras e os aventureiros da Amazônia.
C
faz uma reconstituição objetiva do passado histórico da Amazônia.
D
constrói um mito fundador para o povo amazônico, apoiado na miscigenação de brancos e índios.
E
retrata os aventureiros amazônicos como homens especiais, desinteressados da vida mundana.
3e3bbb27-d8
UEA 2019 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

Em “prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste” (2º parágrafo), o trecho sublinhado pode ser substituído, mantendo-se a correção gramatical e o sentido original, por:

Leia o trecho do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, para responder à questão:


    Chegou o sábado. O nosso Augusto, depois de muitos rodeios e cerimônias, pediu finalmente licença para ir passar o dia de domingo na ilha de… e obteve em resposta um não redondo; jurou que tinha dado sua palavra de honra de lá se achar nesse dia e o pai, para que o filho não cumprisse a palavra, nem faltasse à honra, julgou muito conveniente trancá-lo em seu quarto.
    Mania antiga é essa de querer triunfar das paixões com fortes meios; erro palmar, principalmente no caso em que se acha o nosso estudante; amor é um menino doidinho e malcriado que, quando alguém intenta refreá-lo, chora, escarapela, esperneia, escabuja, morde, belisca e incomoda mais que solto e livre; prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste; soltá-lo no prado, para que não corra; limpar-lhe o caminho, para que não passe; acabar com as dificuldades e oposições, para que ele durma e muitas vezes morra. O amor é um anzol que, quando se engole, agadanha-se logo no coração da gente, donde, se não é com jeito, o maldito rasga, esburaca e se aprofunda.

(A moreninha, 1997.)

A
porque ele disso se desgosta.
B
desde que ele disso se desgoste.
C
logo que ele disso se desgoste.
D
já que ele disso se desgosta.
E
a fim de que ele disso se desgoste.
3e38918c-d8
UEA 2019 - Português - Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro)

A forma verbal no pretérito mais-que-perfeito, indicando uma ação, anterior a outra, ambas ocorridas no passado, encontra-se em:

Leia o trecho do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, para responder à questão:


    Chegou o sábado. O nosso Augusto, depois de muitos rodeios e cerimônias, pediu finalmente licença para ir passar o dia de domingo na ilha de… e obteve em resposta um não redondo; jurou que tinha dado sua palavra de honra de lá se achar nesse dia e o pai, para que o filho não cumprisse a palavra, nem faltasse à honra, julgou muito conveniente trancá-lo em seu quarto.
    Mania antiga é essa de querer triunfar das paixões com fortes meios; erro palmar, principalmente no caso em que se acha o nosso estudante; amor é um menino doidinho e malcriado que, quando alguém intenta refreá-lo, chora, escarapela, esperneia, escabuja, morde, belisca e incomoda mais que solto e livre; prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste; soltá-lo no prado, para que não corra; limpar-lhe o caminho, para que não passe; acabar com as dificuldades e oposições, para que ele durma e muitas vezes morra. O amor é um anzol que, quando se engole, agadanha-se logo no coração da gente, donde, se não é com jeito, o maldito rasga, esburaca e se aprofunda.

(A moreninha, 1997.)

A
“Mania antiga é essa de querer triunfar das paixões com fortes meios” (2º parágrafo)
B
“para que o filho não cumprisse a palavra” (1º parágrafo)
C
“Chegou o sábado.” (1º parágrafo)
D
“jurou que tinha dado sua palavra de honra de lá se achar nesse dia” (1º parágrafo)
E
“O nosso Augusto, depois de muitos rodeios e cerimônias, pediu finalmente licença” (1º parágrafo)
3e344408-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No romance A moreninha, o personagem Augusto é um jovem

Leia o trecho do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, para responder à questão:


    Chegou o sábado. O nosso Augusto, depois de muitos rodeios e cerimônias, pediu finalmente licença para ir passar o dia de domingo na ilha de… e obteve em resposta um não redondo; jurou que tinha dado sua palavra de honra de lá se achar nesse dia e o pai, para que o filho não cumprisse a palavra, nem faltasse à honra, julgou muito conveniente trancá-lo em seu quarto.
    Mania antiga é essa de querer triunfar das paixões com fortes meios; erro palmar, principalmente no caso em que se acha o nosso estudante; amor é um menino doidinho e malcriado que, quando alguém intenta refreá-lo, chora, escarapela, esperneia, escabuja, morde, belisca e incomoda mais que solto e livre; prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste; soltá-lo no prado, para que não corra; limpar-lhe o caminho, para que não passe; acabar com as dificuldades e oposições, para que ele durma e muitas vezes morra. O amor é um anzol que, quando se engole, agadanha-se logo no coração da gente, donde, se não é com jeito, o maldito rasga, esburaca e se aprofunda.

(A moreninha, 1997.)

A
romântico, que não se relaciona com nenhuma mulher por fidelidade a uma promessa que havia feito na infância.
B
instável, com relações afetivas curtas e inconstantes, que por fim se transforma ao encontrar o amor verdadeiro.
C
prático, crítico ao romantismo, que ironiza o modo como as pessoas são vulneráveis às paixões.
D
interesseiro, que submetia suas relações afetivas ao cálculo sobre as vantagens sociais que elas lhe trariam.
E
melancólico, que prefere imaginar um amor perfeito, semelhante aos dos livros, o que o paralisa diante das relações afetivas reais e presentes.
3e30bd2f-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A ideia central do segundo parágrafo consiste em que

Leia o trecho do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, para responder à questão:


    Chegou o sábado. O nosso Augusto, depois de muitos rodeios e cerimônias, pediu finalmente licença para ir passar o dia de domingo na ilha de… e obteve em resposta um não redondo; jurou que tinha dado sua palavra de honra de lá se achar nesse dia e o pai, para que o filho não cumprisse a palavra, nem faltasse à honra, julgou muito conveniente trancá-lo em seu quarto.
    Mania antiga é essa de querer triunfar das paixões com fortes meios; erro palmar, principalmente no caso em que se acha o nosso estudante; amor é um menino doidinho e malcriado que, quando alguém intenta refreá-lo, chora, escarapela, esperneia, escabuja, morde, belisca e incomoda mais que solto e livre; prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste; soltá-lo no prado, para que não corra; limpar-lhe o caminho, para que não passe; acabar com as dificuldades e oposições, para que ele durma e muitas vezes morra. O amor é um anzol que, quando se engole, agadanha-se logo no coração da gente, donde, se não é com jeito, o maldito rasga, esburaca e se aprofunda.

(A moreninha, 1997.)

A
é conveniente controlar o desejo com ações enérgicas antes que ele se instale definitivamente no amador e o machuque.
B
é sensato permitir que o desejo flua e se expresse, a fim de que os sentimentos se amenizem sem produzir danos.
C
é prudente cuidar do desejo como se ele fosse uma criança, alimentando-o e protegendo-o incondicionalmente.
D
é preciso ser estrategista a fim de que o desejo se mantenha sempre intenso e imprevisível.
E
é importante ter em mente que o desejo crescerá e machucará a pessoa que deseja, não importa o que ela faça.
3e25aaba-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho “que se descobre a verdade, / que se cometem os grandes crimes, os gestos / mais sublimes”, o eu lírico enumera

Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder à questão


Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação.

É em estado assim que se descobre a verdade, 

que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada.

É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito.

Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito.


(Mínima lírica, 2013.)

A
processos raros que precedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
B
fatos impensáveis que causam o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
C
ações inconscientes que resultam do estado de vazio descrito na primeira estrofe.
D
acontecimentos catastróficos que sucedem o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
E
eventos extremos que ocorrem durante o estado de vazio descrito na primeira estrofe.
3e29b8a2-d8
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo as duas últimas estrofes,

Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder à questão


Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação.

É em estado assim que se descobre a verdade, 

que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada.

É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito.

Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito.


(Mínima lírica, 2013.)

A
o valor de um poema é medido pelos efeitos negativos que produz.
B
os melhores poemas são mais produto de inspiração do que de trabalho.
C
a poesia é a arte de transformar algo discreto em algo significativo.
D
os poemas mais discretos produzem os efeitos mais contundentes.
E
os poemas mais inofensivos são os que parecem mais perigosos.
3e2d9b5d-d8
UEA 2019 - Português - Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia

O prefixo empregado na formação da palavra “ultrapassado” significa

Leia o poema de Paulo Henriques Britto para responder à questão


Nada nas mãos nem na cabeça, nada 
no estômago além da sensação vazia 
de haver ultrapassado toda sensação.

É em estado assim que se descobre a verdade, 

que se cometem os grandes crimes, os gestos 
mais sublimes, ou então não se faz nada.

É como as cobras. As mais silenciosas, 
de corpo mais esguio, de cor esmaecida, 
destilam o veneno mais perfeito.

Assim também os poemas. Os mais contidos 
e lisos, os que menos coisa dizem, 
destilam o veneno mais perfeito.


(Mínima lírica, 2013.)

A
negação; o que era, mas não é mais.
B
suficiência; o que basta.
C
excesso; o que está além.
D
simetria; o que está à frente.
E
posição externa; o que está fora.
e4a94550-d9
UEA 2019 - Português - Sintaxe, Termos integrantes da oração: predicativo do sujeito e predicativo do objeto

O predicativo do sujeito é o termo que qualifica (ou caracteriza) o sujeito da oração.

O termo sublinhado exerce a função de predicativo do sujeito em:

Leia o texto de João Vicente Ganzarolli de Oliveira para responder à questão

No sentido amplo, a arte é uma atividade produtora, responsável pela criação de seres que, sem a intervenção humana, não existiriam. Entendendo dessa forma, são frutos da arte tanto um moteto1 de Palestrina quanto um automóvel; uma ferramenta pré-histórica e um computador. Como a arte, também a natureza é geradora. Nelas temos duas fontes de existência das criaturas; ambas insurgem- -se contra o nada. Como diz Étienne Gilson, “A missão do artista é enriquecer o mundo com novos seres. O artista sente um impulso irresistível de violentar o nada”.

(A humanização da arte, 2006. Adaptado.)

1moteto: tipo de composição musical medieval.
A
“Nelas temos duas fontes de existência de criaturas
B
a arte é uma atividade produtora”.
C
“ambas insurgem-se contra o nada”.
D
“O artista sente um impulso irresistível de violentar o nada”.
E
“São frutos da arte tanto um moteto de Palestrina quanto um automóvel”.
e4a57cee-d9
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o conceito amplo de arte exposto no texto,

Leia o texto de João Vicente Ganzarolli de Oliveira para responder à questão

No sentido amplo, a arte é uma atividade produtora, responsável pela criação de seres que, sem a intervenção humana, não existiriam. Entendendo dessa forma, são frutos da arte tanto um moteto1 de Palestrina quanto um automóvel; uma ferramenta pré-histórica e um computador. Como a arte, também a natureza é geradora. Nelas temos duas fontes de existência das criaturas; ambas insurgem- -se contra o nada. Como diz Étienne Gilson, “A missão do artista é enriquecer o mundo com novos seres. O artista sente um impulso irresistível de violentar o nada”.

(A humanização da arte, 2006. Adaptado.)

1moteto: tipo de composição musical medieval.
A
um automóvel é um objeto de arte na medida em que é composto de materiais da natureza.
B
a arte é a capacidade que a natureza tem de ocupar o nada com novos objetos.
C
a natureza produz objetos artísticos, ainda que sem a participação do ser humano.
D
uma diferença entre arte e natureza é que a produção do objeto de arte depende da participação humana.
E
um computador é um objeto de arte porque pode ser utilizado pelo ser humano.
e4a1abd8-d9
UEA 2019 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

O termo sublinhado introduz uma oração com sentido de concessão em:

Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, para responder à questão

    De dia usava saia e blusa, de noite dormia de combinação. Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento. E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la. Nada nela era iridescente1 , embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala. Mas não importava. Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio.
    E assim se passava o tempo para a moça esta. Assoava o nariz na barra da combinação. Não tinha aquela coisa delicada que se chama encanto. Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo. Sofro por ela. E só eu é que posso dizer assim: “que é que você me pede chorando que eu não lhe dê cantando”? Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para quê, não se indagava. Quem sabe, achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era. Antes de nascer ela era uma ideia? Antes de nascer ela era morta? E depois de nascer ela ia morrer? Mas que fina talhada de melancia.

(A hora da estrela, 1998.)

1 iridescente: colorido como o arco-íris.
A
“Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro.” (2º parágrafo)
B
“Nada nela era iridescente, embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala.” (1º parágrafo)
C
“Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento.” (1º parágrafo)
D
“Quem sabe, achava que havia uma gloriazinha em viver.” (2º parágrafo)
E
“E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la.” (1º parágrafo)
e49dea90-d9
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em A hora da estrela, a história é contada

Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, para responder à questão

    De dia usava saia e blusa, de noite dormia de combinação. Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento. E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la. Nada nela era iridescente1 , embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala. Mas não importava. Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio.
    E assim se passava o tempo para a moça esta. Assoava o nariz na barra da combinação. Não tinha aquela coisa delicada que se chama encanto. Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo. Sofro por ela. E só eu é que posso dizer assim: “que é que você me pede chorando que eu não lhe dê cantando”? Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para quê, não se indagava. Quem sabe, achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era. Antes de nascer ela era uma ideia? Antes de nascer ela era morta? E depois de nascer ela ia morrer? Mas que fina talhada de melancia.

(A hora da estrela, 1998.)

1 iridescente: colorido como o arco-íris.
A
por um personagem nomeado, que, conforme narra, faz questionamentos sobre a existência humana e o processo de escrita.
B
por um narrador em terceira pessoa, que mantém a objetividade, enunciando os fatos como uma matéria bruta, sem comentários nem digressões.
C
por um narrador em primeira pessoa, que relata, em um tempo posterior aos fatos, as memórias de quando interagiu com a personagem.
D
pela própria protagonista, que narra os fatos de modo tumultuado, tecendo frequentes comentários sobre a própria escrita.
E
pela própria protagonista, que se coloca como narradora em terceira pessoa da própria vida, como se observasse tudo a partir de um ponto de vista externo aos fatos.
e49a1e02-d9
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No segundo parágrafo, a referência a um cachorro serve para afirmar que a personagem tinha

Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, para responder à questão

    De dia usava saia e blusa, de noite dormia de combinação. Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento. E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la. Nada nela era iridescente1 , embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala. Mas não importava. Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio.
    E assim se passava o tempo para a moça esta. Assoava o nariz na barra da combinação. Não tinha aquela coisa delicada que se chama encanto. Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo. Sofro por ela. E só eu é que posso dizer assim: “que é que você me pede chorando que eu não lhe dê cantando”? Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para quê, não se indagava. Quem sabe, achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era. Antes de nascer ela era uma ideia? Antes de nascer ela era morta? E depois de nascer ela ia morrer? Mas que fina talhada de melancia.

(A hora da estrela, 1998.)

1 iridescente: colorido como o arco-íris.
A
dificuldades em se comunicar.
B
pouca experiência na vida.
C
pouca educação formal.
D
dificuldades com temas complexos.
E
pouca consciência de si mesma.
e495abc0-d9
UEA 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No fim do primeiro parágrafo, a expressão “café frio” é equivalente a

Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, para responder à questão

    De dia usava saia e blusa, de noite dormia de combinação. Uma colega de quarto não sabia como avisar-lhe que seu cheiro era murrinhento. E como não sabia, ficou por isso mesmo, pois tinha medo de ofendê-la. Nada nela era iridescente1 , embora a pele do rosto entre as manchas tivesse um leve brilho de opala. Mas não importava. Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio.
    E assim se passava o tempo para a moça esta. Assoava o nariz na barra da combinação. Não tinha aquela coisa delicada que se chama encanto. Só eu a vejo encantadora. Só eu, seu autor, a amo. Sofro por ela. E só eu é que posso dizer assim: “que é que você me pede chorando que eu não lhe dê cantando”? Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para quê, não se indagava. Quem sabe, achava que havia uma gloriazinha em viver. Ela pensava que a pessoa é obrigada a ser feliz. Então era. Antes de nascer ela era uma ideia? Antes de nascer ela era morta? E depois de nascer ela ia morrer? Mas que fina talhada de melancia.

(A hora da estrela, 1998.)

1 iridescente: colorido como o arco-íris.
A
simples.
B
desagradável.
C
desinteressante.
D
superficial.
E
pobre.