Questõesde PUC-GO 2010 sobre Português

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Foram encontradas 16 questões
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

TEXTO 10


Mais veículos que gente


Levando-se em conta somente o aumento do número de novos veículos e não considerando variantes como o aumento da população nem registros de baixas junto ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), Goiânia pode mais que dobrar a frota em 2020, chegando a quase 1,7 milhão de veículos. Se o crescimento apresentado pelo Detran (6%) se mantiver, em 2015 a quantidade de carros já irá se igualar ao número de habitantes que vivem na Capital hoje, ou seja, um milhão, duzentos e quarenta e cinco mil. Como Goiânia apresenta crescimento médio populacional de 2% ao ano (está entre as 15 capitais do País que apresentam índice de crescimento populacional estagnado entre 1,5 e 3%), a projeção para 2015 é que vivam, só na cidade, por volta de 1,5 milhão de pessoas. Dados do Detran mostram que a capital tem hoje 786.501 veículos, 42% do total estadual. Só em 2007, o órgão expediu 67.631 novas licenças para carros, motos, caminhonetes e outros. Apesar do aumento de quase 36% nas licenças de 2006 para 2007, o Detran afirma que a média histórica é de 6% de aumento por ano. Para se ter uma idéia, os 49.490 registros de novos carros na Capital em 2006 foram superiores aos registros de nascimento na cidade, totalizados pelo IBGE em 22.520. Além disso, a cidade, que já apresenta um carro para cada 1,7 habitante, recebe todos os dias veículos vindos de cidades da região metropolitana, como Senador Canedo e Aparecida de Goiânia, cujas médias de crescimento populacional são maiores que 3%. Logicamente, tratase apenas de projeções simples e hipóteses, mas quando se pensa que a cidade foi projetada inicialmente para receber 50 mil pessoas e que atualmente a região metropolitana já apresenta mais de 2 milhões de habitantes, com forte tendência de crescimento, e que a proporção de carros por habitante já é a maior do Brasil, Goiânia parece estar num beco sem saída. Mas especialistas dizem que a cidade tem plenas capacidades de reverter os problemas até 2020. A mudança depende do transporte coletivo. Benjamim Jorge Rodrigues, doutor em Engenharia de Transportes e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e do Centro Federal de Educação Tecnológica, explica: “Basicamente, o carro consome mais malha viária do que ônibus, pois no carro se anda normalmente sozinho ou com um carona. No ônibus podemos ter mais de 50 pessoas”.


(LISITA, Gabriel. Mais veículos que gente. Diário da Manhã. Cidades. 21 fev. 2008. p. 12-13. Disponível em <http://www2.dm.com.br/digital/index.php?edicao=7412>.Acesso em: 20 out. 2010.)



A respeito do tema do texto 10, analise as afirmações abaixo:


I   -   Se a capital tem hoje 786.501 veículos, 42% do total estadual, então pode-se estimar que a quantidade de carros do Estado de Goiás é de 1.872.621,4 carros, aproximadamente.

II  -  Em 2007, o Detran expediu 67.631 novas licenças para carros, motos, caminhonetes e outros que corresponde a um aumento de quase 36% nas licenças de 2006 para 2007. Assim, podemos concluir que o número de licenças expedidas em 2006 foi de aproximadamente 49.728,676.

III-Como Goiânia apresenta crescimento médio populacional de 2% ao ano, a projeção para 2015 é que vivam, só na cidade, por volta de 1,5 milhão de pessoas. Mantendo-se essa taxa de crescimento, pode-se estimar que a quantidade de pessoas residindo em Goiânia em 2020 será de 1,66 milhão de habitantes.

IV-Goiânia apresenta a proporção de um carro para cada 1,7 habitante. Se fosse essa a média de carro para a projeção inicial de Goiânia, então a quantidade de carros seria de 29.411,76 carros.


Agora, assinale a alternativa verdadeira:

A
somente os itens I e II são verdadeiros.
B
somente os itens II e III são verdadeiros.
C
somente os itens II e IV são verdadeiros.
D
Todos os itens são verdadeiros.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A relação entre a imagem e o seu contexto verbal é estreita e variada. A imagem pode, pois, tanto ilustrar um texto verbal ou vice-versa, podendo, ainda, o texto verbal acrescentar informações à referida imagem, na forma de um comentário, por exemplo. O texto 09 é visual e, dessa forma, pode-se afirmar (assinale a alternativa correta):

A
A referida imagem possui características próprias que permitem sua decodificação, tais como a proporção, o foco, a dimensão, o traço, dentre outras.
B
A imagem é superficial e não reflete a realidade.
C
Tanto a imagem quanto a palavra podem ser decodificadas, desde que a intencionalidade do autor seja explicitada.
D
O texto visual apresenta relação com a realidade, mas não pode ser decodificado verbalmente.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O homem precisa consumir bens e serviços para se manter vivo, tais como roupas, abrigo, meios de transporte, alimentos, dentre outros, denominados necessidades materiais. Como não vive isolado, também precisa relacionar-se e, ainda, pertencer a grupos, ter consciência desse pertencimento e de si mesmo, respeitando a individualidade do sujeito em relação aos grupos sociais circundantes. Esses bens são denominados necessidades sociais. Sobre o texto 09, assinale a alternativa correta:

A
No texto há um forte apelo ao consumismo, sem o qual o homem não sobrevive.
B
A imagem nos leva a refletir sobre a importância do consumo consciente como uma prática preventiva contra o aquecimento global.
C
O texto remete à ideia de responsabilização acerca dos perigos do consumismo e da importância das necessidades sociais.
D
O texto apresenta como foco principal a importância da consciência, quando ocorre o consumo.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

TEXTO 01


CITONHO Doutor Noêmio, desculpe a indiscrição. Andaram me falando de uma coisa, mas eu não quis de maneira nenhuma acreditar. Me disseram que o senhor é de uma raça que só come folha.
DR. NOÊMIO Pois pode acreditar. Sou vegetariano e tenho muito orgulho disto.
CITONHO Mas a gente vê umas neste mundo! Não está vendo que tomate e chuchu não dão sustança a ninguém?! Agora: feijão, farinha e carne, sim, isso é que é comida. Olhe aqui eu. Estou com mais de oitenta anos, só não como carne na Sexta-feira da Paixão – e olhe lá... Resultado: uma saúde de ferro: estou tinindo.
DR. NOÊMIO Isso é o que o senhor pensa. Seu corpo está envenenado, meu velho, com toxinas até na ponta dos cabelos. Até na sombra.

[...]

FREDERICO Eu só rezo pra defunto. Interessa? Liás, cabra safado não serve pra morrer, só serve pra apanhar. E apanhar entre os bicos dos peitos e o caroço do imbigo, que é pra não deixar marcas da surra. Ah!, nós três num deserto: eu, você e um cacete de quixaba! Porque quixaba é o chá melhor que existe no mundo pra pancada. Assim, pra ganhar tempo, a gente dá logo a pisa com quixaba, porque está dando o castigo e o remédio. Mas já gastei muita cera com você. [...]


(LINS, Osman. Lisbela e o prisioneiro. São Paulo: Planeta, 2003. p. 22 e 25.)



O termo sinônimo é designativo da palavra que apresenta significado idêntico ou semelhante ao de outra. Contextualizadas, no texto 01, encontram-se as palavras assistem, incautos, insanamente, límpida, revanche, desprevenidamente e parâmetros, cujos sinônimos são, respectivamente (marque a alternativa correta):

TEXTO 08



[...]


       Sangram-me o peito, palavras/punhais de um reduzido número de pessoas insensatas que dominam o país e assistem com prazer, na arena dos verdes campos de minha terra, a homens digladiando-se e outros defendendo a utopia; outros, ainda incautos, insanamente ganham o pão de cada dia ao colorir a terra com sangue do irmão.

      Meu olhar, ante opaco, adquire a transparência límpida do regato. Minhas retinas fotografam e embaralham cartas e cenas, alegres e tristes.

     Cada pessoa ocupa o seu lugar. Existe. Resiste. Luta e revanche; recebe pancadas e flores. Sorriso de rosas; chicotadas traiçoeiras apanham-na, desprevenidamente, ao virar a esquina do tempo.

      Importa viver, importa navegar nas naves aventureiras e, sem comparações, viver sua história – de amor? Em julgar ou estabelecer parâmetros para suas ações. [...]



(MARTINS, Maria Teresinha. Rapto de memória. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010. p. 75.)

A
acompanham, imprudentes, loucamente, pura, desforra, despreocupadamente e referência.
B
ajudam, prudentes, insensantemente, limpa, volta, descuidadamente, constante que figura na equação de uma linha.
C
residem, incapazes, loucamente, pura, desaforo, despreocupadamente, alvo.
D
acompanham, intolerantes, ingenuamente, transparente, desaforo, descuidadamente, constante que figura na equação de uma linha.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com relação às narrativas curtas do livro Rapto de Memória, de Maria Teresinha Martins, assinale a alternativa correta:

TEXTO 08



[...]


       Sangram-me o peito, palavras/punhais de um reduzido número de pessoas insensatas que dominam o país e assistem com prazer, na arena dos verdes campos de minha terra, a homens digladiando-se e outros defendendo a utopia; outros, ainda incautos, insanamente ganham o pão de cada dia ao colorir a terra com sangue do irmão.

      Meu olhar, ante opaco, adquire a transparência límpida do regato. Minhas retinas fotografam e embaralham cartas e cenas, alegres e tristes.

     Cada pessoa ocupa o seu lugar. Existe. Resiste. Luta e revanche; recebe pancadas e flores. Sorriso de rosas; chicotadas traiçoeiras apanham-na, desprevenidamente, ao virar a esquina do tempo.

      Importa viver, importa navegar nas naves aventureiras e, sem comparações, viver sua história – de amor? Em julgar ou estabelecer parâmetros para suas ações. [...]



(MARTINS, Maria Teresinha. Rapto de memória. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010. p. 75.)

A
São narrativas multitemáticas, cada uma abordando um espaço diferente, um tempo diverso e uma faceta do ser humano.
B
São um conjunto de textos breves, cujo tema principal é a desilusão amorosa expressa em linguagem pautada pela melancolia.
C
São um conjunto de narrativas breves, nas quais se encontram à farta um sem número de sentimentos e sensações, como a busca de si mesma pela voz narradora, o desencontro existencial, o desencanto; tudo isso, numa linguagem recheada de sinestesias, metáforas e outro recursos, que fazem deste livro uma leitura densa e intensa.
D
Pode-se dizer que é um conjunto de breves textos, cuja marca principal é a linguagem metafórica e o sentimentalismo e o desejo incontrolável de romper os limites do ser para explodir-se no encontro sonhado com o amor, a única esperança de libertação.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

A linguagem poética explora o sentido conotativo das palavras, numa ação permanente de criação, alteração ou recriação do significado já cristalizado dessas palavras. Dessa forma, o valor expressivo e estilístico das palavras e orações, dos períodos e do discurso representa uma rede de significações simbólicas complexas. No texto 08 podem ser identificadas figuras de linguagem, recursos que potencializam seu caráter literário. Dentre elas, destacam-se (marque a alternativa correta):

TEXTO 08



[...]


       Sangram-me o peito, palavras/punhais de um reduzido número de pessoas insensatas que dominam o país e assistem com prazer, na arena dos verdes campos de minha terra, a homens digladiando-se e outros defendendo a utopia; outros, ainda incautos, insanamente ganham o pão de cada dia ao colorir a terra com sangue do irmão.

      Meu olhar, ante opaco, adquire a transparência límpida do regato. Minhas retinas fotografam e embaralham cartas e cenas, alegres e tristes.

     Cada pessoa ocupa o seu lugar. Existe. Resiste. Luta e revanche; recebe pancadas e flores. Sorriso de rosas; chicotadas traiçoeiras apanham-na, desprevenidamente, ao virar a esquina do tempo.

      Importa viver, importa navegar nas naves aventureiras e, sem comparações, viver sua história – de amor? Em julgar ou estabelecer parâmetros para suas ações. [...]



(MARTINS, Maria Teresinha. Rapto de memória. Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010. p. 75.)

A
metáfora [do grego: meta, ‘mudança’, ‘alteração’, e phora, ‘transporte’] – deslocamento de uma coisa para outra, embora não se utilize a locução comparativa, a exemplo de “Cada pessoa ocupa o seu lugar.” – e pleonasmo [do grego: pleonasmós, ‘superabundância’] – repetição de um termo ou de uma ideia, como em: “Minhas retinas fotografam”.
B
ironia [do grego: eiróneia, ‘interrogação’] – figura utilizada quando a intenção é dizer o contrário daquilo que se afirma, a exemplo de “sorriso de rosas” – e anacoluto [do grego: anakolouthon, ‘sem seguimento’, ‘sem ligação’] – ruptura na ordem lógica da frase, uma quebra na estrutura sintática, para se introduzir uma palavra ou expressão, como em “Importa viver, importa navegar nas nuvens aventureiras e, sem comparações, viver sua história”.
C
hipérbole [do grego: hyperbolè] – exagero da expressão, a fim de realçar a ideia, como ocorre em “Sangram-me o peito, palavras/punhais” – e antítese [do grego: anti, ‘contra’; thésis, ‘afirmação’] – oposição entre duas ou mais ideias, como verificado em “Meu olhar, antes opaco, adquire a transparência límpida do regato”.
D
anáfora [do grego: Ana, ‘repetição’, e phora, ‘que conduz’] – repetição de uma ou mais palavras no início de orações ou períodos por uma mesma palavra ou locução, como em “homens digladiandose e outros defendendo a utopia; outros, ainda incautos, insanamente, ganham o pão de cada dia.” – e eufemismo [do grego: euphemismós, ‘dizer bem’] – utilizado para abrandar o sentido de uma expressão, como ocorre em “recebe pancadas e flores”.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Meio-dia, gente correndo pelas ruas, preocupações: dinheiro, cheques para cobrir, títulos em protesto, filas de pagar luz, água, esgoto, telefone, imposto, saúde, coração rateando, angina pectoris, desidratação, neurastenia, Adauto Botelho, filas de INPS [...], meio-dia, João dentro do ônibus que faz a linha Redenção-Centro”.


(TELES, José Mendonça. A Cidade do Ócio. 4 ed. Goiânia: Kelps, 2010)


A respeito do fragmento acima, extraído da obra de José Mendonça Teles, publicada pela primeira vez há 40 anos, assinale a alternativa correta:

TEXTO 07

        Gente pisando no calo de gente que bronqueia, revolta, geme.
        – Parado.
       Desce um lote de passageiros, levando na face o marco do trabalho e da esperança.
     João, de pé, com as mãos firmes no friso do friso do ônibus, pensa. Seus pensamentos voam às ruas, correm contrariamente e desaparecem no turbilhão das avenidas.
       João calcula: “Vida miserável, a gente tem disposição, quer trabalhar e não consegue emprego”.
       – Parado.
        Desce outro lote de passageiros e sobe mais gente.
     Espremido e revoltado, João matuta: “Vida desgraçada: vinte oito anos, casado, pai de dois filhos, desempregado, sem casa, sem dinheiro, sem destino”...
       O coletivo corre pelo asfalto quente da Avenida Goiás em direção à Praça do Bandeirante, onde os imponentes edifícios fazem guarda ao travesso Bartolomeu que ameaça incendiar os rios.
(TELES, José Mendonça. João. In: ______. A Cidade do Ócio. 4. ed. Goiânia: Editora Kelps. 2010, p. 43.)
A
O texto apresenta linguagem marcada pela época, haja vista o uso de termos que já não estão mais em nosso vocabulário.
B
O texto descreve problemas comuns na vida da capital goiana nos idos dos anos 1960/70, que nos remetem a uma sensação de saudosismo.
C
A narrativa traz um conjunto de problemas atuais, em linguagem corrente e sóbria, trazendo à tona o que ocorre nos demais contos de A Cidade do Ócio, no qual se pode vislumbrar um retrato em detalhe da sociedade contemporânea, a partir de um olhar pelas ruas e pessoas de Goiânia.
D
O fragmento apresenta um olhar sobre as ruas e pessoas de Goiânia, num tempo em que é latente o ócio de uma cidade que ainda não havia entrado na roda viva da modernidade.
7b4b2521-b0
PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A Cidade do Ócio, de José Mendonça Teles, e Cinzas da Paixão e Outras Estórias, de Maria Aparecida Rodrigues, são duas obras da Literatura Goiana que, cada vez mais, despertam grande interesse de estudiosos e leitores, em geral. Em relação a essa afirmativa, assinale a justificativa correta:

TEXTO 07

        Gente pisando no calo de gente que bronqueia, revolta, geme.
        – Parado.
       Desce um lote de passageiros, levando na face o marco do trabalho e da esperança.
     João, de pé, com as mãos firmes no friso do friso do ônibus, pensa. Seus pensamentos voam às ruas, correm contrariamente e desaparecem no turbilhão das avenidas.
       João calcula: “Vida miserável, a gente tem disposição, quer trabalhar e não consegue emprego”.
       – Parado.
        Desce outro lote de passageiros e sobe mais gente.
     Espremido e revoltado, João matuta: “Vida desgraçada: vinte oito anos, casado, pai de dois filhos, desempregado, sem casa, sem dinheiro, sem destino”...
       O coletivo corre pelo asfalto quente da Avenida Goiás em direção à Praça do Bandeirante, onde os imponentes edifícios fazem guarda ao travesso Bartolomeu que ameaça incendiar os rios.
(TELES, José Mendonça. João. In: ______. A Cidade do Ócio. 4. ed. Goiânia: Editora Kelps. 2010, p. 43.)
A
Tanto uma quanto outra, embora escritas em épocas diferentes, trazem em si o frescor da atualidade, mesclando, em sua linguagem, rica em detalhes, verdade e beleza, fatos e sensações da memória coletiva, que tornam a leitura uma viagem pelo universo do homem e de sua realidade.
B
Ambas estão carregadas de experiências do regionalismo e traduzem um retrato fiel da cidade de Goiânia e do interior do Estado de Goiás, tornando-se, assim, obras emblemáticas de nossa cultura.
C
Tanto uma quanto outra revelam uma preocupação muito grande com a condição do menos favorecido que perambula, sem rumo, pelas ruas de nossas cidades, presos à memória de uma infância feliz que ficou no passado.
D
Ambas exploram os problemas mais comuns da vida contemporânea, ressaltando que haverá sempre uma esperança, contanto haja também a disposição do ser humano para mudar.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que caracteriza corretamente o livro de contos Cinzas da paixão e outras estórias, de Maria Aparecida Rodrigues:

TEXTO 05

      Fecho os olhos com insistência e tento resgatar a veracidade daqueles momentos. Tudo insólito, orvalho matutino, insolitíssimo.
     Na infância, corríamos quintal adentro. Subíamos nas grimpas das árvores e lá brincávamos de morar. Ela sempre no andar de baixo; eu, nas alturas. [...] O mundo dali era pequeno e ao mesmo tempo enorme. Eu e o mundo. Um no dentro do outro. Um além do outro. Tão longe e tão junto. [...] Ficava, eu, horas e horas, assim, balançando nas grimpas. Esquecia do tempo. Às vezes, brincávamos de impulsionar forte o galho, no ritmo do balanço até que lançássemos o nosso corpo da copa de uma árvore aos galhos de outras árvores próximas, feito pássaros: voando de galho em galho, de árvore em árvore, transpondo os limites do vazio e do céu.

(RODRIGUES, Maria Aparecida. A Transfiguração de Lúcia In:. _______ . Cinzas da paixão e outras estórias. Goiânia: Ed. da UCG, 2007. p. 19.)
A
O conto “A Transfiguração de Lúcia” apresenta uma cena tipicamente goiana, que revela aspectos da infância recheados de brincadeiras despretensiosas; pura fantasia de criança.
B
A obra revela uma preocupação concreta com a sustentabilidade do homem e do mundo contemporâneo, uma vez que podemos vislumbrar, em seus contos, o passado e o presente sendo confrontados e, nesse processo, tanto o ser humano quanto as coisas mundanas deixam transparecer suas fragilidades e suas mazelas.
C
Em Cinzas da paixão..., há uma preocupação constante com a infância que não volta mais, cheia de alegria e sonhos, comparada com um presente sem qualquer perspectiva, numa linguagem tão áspera quanto é a vida de grande parte dos personagens que se apresentam em suas estórias.
D
A cena descrita em “A Transfiguração de Lúcia” é típica de saudade e melancolia, em linguagem comum, própria do universo infantil, fazendo aflorar tão-somente um desejo de recuperar o passado, como aliás acontece na maioria dos contos deste livro.
7b162613-b0
PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No que se refere à organização sintática do texto, identifique a única alternativa correta:

TEXTO 05

      Fecho os olhos com insistência e tento resgatar a veracidade daqueles momentos. Tudo insólito, orvalho matutino, insolitíssimo.
     Na infância, corríamos quintal adentro. Subíamos nas grimpas das árvores e lá brincávamos de morar. Ela sempre no andar de baixo; eu, nas alturas. [...] O mundo dali era pequeno e ao mesmo tempo enorme. Eu e o mundo. Um no dentro do outro. Um além do outro. Tão longe e tão junto. [...] Ficava, eu, horas e horas, assim, balançando nas grimpas. Esquecia do tempo. Às vezes, brincávamos de impulsionar forte o galho, no ritmo do balanço até que lançássemos o nosso corpo da copa de uma árvore aos galhos de outras árvores próximas, feito pássaros: voando de galho em galho, de árvore em árvore, transpondo os limites do vazio e do céu.

(RODRIGUES, Maria Aparecida. A Transfiguração de Lúcia In:. _______ . Cinzas da paixão e outras estórias. Goiânia: Ed. da UCG, 2007. p. 19.)
A
O trecho “Fecho os olhos [...] momentos” é constituído de duas orações, formando um período composto por subordinação, expressando o sentimento de impaciência da personagem.
B
A passagem “a veracidade daqueles momentos” significa que a concretude situacional era, como fenômeno, palpável, percebido pela denotação das palavras.
C
Em “Tudo insólito[...] insolitíssimo” tem-se a ideia de que a personagem experiencia, de forma superlativa, a sensação de algo anormal, incomum em seu cotidiano.
D
O período “O mundo dali era pequeno e ao mesmo tempo enorme” cria um efeito de sentido para o leitor, revelado na visão realística da personagem, isto é, visto de qualquer ângulo, o mundo é uniforme.
7b0ea445-b0
PUC-GO 2010 - Português

TEXTO 04


Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. [...]

Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

– Anda, excomungado.

O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. [...]



(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 100. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 9-10)




No texto de Graciliano Ramos, encontramos elementos culturais que são usados em diversas sociedades. Os estudos etnomatemáticos de Elivanete Alves de Jesus mostram que, na sociedade Kalunga do Riachão, localizada no município de Monte Alegre de Goiás, são utilizadas a quarta, a cuia feita de cabaças, com capacidade de aproximadamente 2 litros, e o tapiti, uma herança indígena, feito de palha de buriti, que serve para escorrer a massa de mandioca. Segundo essa pesquisadora, o tapiti tem forma cilíndrica e, na comunidade Kalunga do Riachão, possui aproximadamente 2 m de comprimento por uns 20 cm de diâmetro. Com base nessas informações, analise os itens abaixo:


I-O volume aproximado de massa de mandioca que o tapiti acima descrito suporta é de aproximadamente 0,0628 m3 .

II-Considerando que uma quarta de farinha de mandioca equivale a 20 litros de farinha, então a mesma quantidade pode ser distribuída em 10 cuias.

III-A quantidade de palha de buriti necessária para construir a lateral do tapiti é aproximadamente 0,1256 m2 .

IV- Se considerarmos que um tapiti equivale a 1/8 de uma quarta e supondo que a capacidade da quarta seja de 20 litros de farinha, então a capacidade desse tapiti é de 2,5 litros de farinha.


Após a análise dos itens, assinale a alternativa verdadeira:

A
Somente I e II estão corretos.
B
Somente II e III estão corretos.
C
Somente II e IV estão corretos.
D
Somente I, II e IV estão corretos.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Advérbios, Regência, Variação Linguística, Tipologia Textual, Sintaxe, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

TEXTO 04

      Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. [...]

       Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

      Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

      – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

      A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.

         – Anda, excomungado.

   O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. [...]

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 100. ed. Rio de Janeiro: Record, 2006. p. 9-10)



Sobre o trecho “Arrastaram-se para lá, devagar [...] o menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás”, retirado do texto 04, indique a única alternativa verdadeira:

A
A palavra devagar exerce o papel de advérbio, pois modifica o verbo, enriquecendo o significado global do predicado da sentença.
B
O trecho referido constitui-se num parágrafo narrativo, no qual as formas verbais representam a celeridade das ações das personagens, mostrando a transmutação da realidade.
C
A expressão “escanchado no quarto” significa “montado nas costas” e é uma variável linguística muito utilizada no sul do Brasil.
D
Em “presa ao cinturão”, presenciamos um caso de regência verbal, pois o verbo rege complemento introduzido pela preposição a.
7adf25fc-b0
PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base no texto 03, assinale a alternativa correta:

TEXTO 03

PRIMEIRO
OS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apóia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.
(PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Martin Claret,
2009. p. 27.)
A
O emissor lírico nos informa que o “olhar esfíngico e fatal” pode causar danos ao futuro da Europa, e que Portugal não poderá atenuar essa possível catástrofe.
B
O autor personifica a Europa ao conferir-lhe uma configuração humana, de tal forma que ela tenha cabelos, cotovelos, olhos e rosto. O cotovelo esquerdo está alojado na Itália, o rosto está constituído por Portugal. Por meio dessa elaboração imagética, o emissor coloca Portugal num lugar de destaque (com boa visibilidade) naquele cenário.
C
O emissor lírico nos fala da importância histórica de seu país, da configuração geográfica do continente europeu, do desenvolvimento cultural de países como a Inglaterra e a Itália, e nos sugere que o Ocidente não terá um futuro tão promissor quanto foi aquele de seu passado.
D
O autor dá ao continente europeu uma configuração similar à constituição humana, com o propósito de mostrar que esse continente se degradou em ampla escala, no último século, tal qual a sociedade humana se degrada, e que essa situação é difícil de ser resolvida.
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Regência, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As palavras envolvem aspectos estruturais, semânticos e frásicos, construindo sentidos em instâncias enunciativas. Identifique quais afirmativas abaixo representam corretamente o texto 3. Depois, assinale a alternativa correta.


I - A palavra jaz, em “A Europa jaz”, refere-se ao verbo jazer, significando estar imóvel, sereno, quieto, apoiado.

II - No trecho “E toldam-lhe românticos cabelos” o pronome “lhe” é complemento do verbo transitivo, referindo-se à Europa.

III - A expressão “românticos” cabelos traduz a peculiaridade da cor loura da mulher europeia.

IV - A expressão “esfíngico e fatal” representa o olhar transparente, límpido e determinado do observador.


A alternativa que contém apenas itens corretos é:

TEXTO 03

PRIMEIRO
OS CASTELOS

A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apóia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.
(PESSOA, Fernando. Mensagem. São Paulo: Martin Claret,
2009. p. 27.)
A
I e III
B
II e IV
C
I e II
D
II e III
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PUC-GO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

TEXTO 02


Ao chegar ao Rio, de Corumbá, Fuentes hospedou-se no Hotel Bragança, na avenida Mem de Sá. Um hotel cheio de turistas argentinos falando portunhol. [...]
Na lista telefônica Fuentes escolheu um oftalmologista de nome espanhol, Pablo Hernandez. O dr. Hernandez descendia de uruguaios e, para desapontamento de Fuentes, não falava espanhol. Em seu bem montado consultório, na avenida Graça Aranha, na Esplanada do Castelo, examinou Fuentes cuidadosamente. O cristalino, a íris, a conjuntiva, o nervo ótico, os músculos, artérias e veias do aparelho ocular estavam perfeitos. A córnea, porém, fora atingida. Didaticamente Hernandez explicou ao seu cliente que a córnea era uma camada externa transparente através da qual a luz – e com a luz, a cor, a forma, o movimento das coisas – penetrava no olho.

Córnea – moça, 24ª , vende. Tel. 185-3944.
O anúncio no O Dia foi lido por Fuentes. Ele ligou de seu quarto, no Hotel Bragança. Atendeu uma mulher...[...] Ela disse que ele podia pegar um ônibus no largo de São Francisco.
“É para você?”, perguntou a mulher quando Fuentes lhe falou que era a pessoa que havia telefonado. [...]
“Sim, é para mim.” A mulher não ter percebido a cicatriz no seu olho esquerdo deixou Fuentes satisfeito. [...]
“Dez milhas”, disse a mulher impaciente. “E não é caro. O preço de um carro pequeno. Minha filha é muito moça, nunca teve doença, dentes bons, ouvidos ótimos. Olhos maravilhosos.”


(FONSECA, Rubem. A Grande Arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 137-139.)


Com relação ao texto 02, assinale a alternativa correta:

A
O relato focaliza, preferencialmente, a dinâmica mental das personagens, o que elas pensam, e não suas ações, o que elas fazem, provocando uma profunda mudança na elaboração dos elementos ficcionalizados, ao passar da análise do mundo exterior para aquele ligado, estritamente, à análise mental das personagens.
B
O episódio provém das lembranças, reminiscências e livres associações mentais das personagens, e é feito sem controle da razão, porque decorre das zonas sombrias e pouco conhecidas da mente, caracterizando, assim, uma elaboração profundamente surrealista.
C
Aquele trecho, aparece a denúncia de um aspecto reprovável e ofensivo à ética e que mancha a imagem da nossa sociedade: a venda de órgãos humanos.
D
O autor, ao fazer referência à incapacidade do sistema de saúde para receber a doação contínua de órgãos destinados à reparação da saúde humana, denuncia a esfera governamental por sua inoperância tanto na elaboração de uma política adequada para esse setor, quanto na execução dessa política.
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PUC-GO 2010 - Português - Adjetivos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), Morfologia

TEXTO 02


Ao chegar ao Rio, de Corumbá, Fuentes hospedou-se no Hotel Bragança, na avenida Mem de Sá. Um hotel cheio de turistas argentinos falando portunhol. [...]
Na lista telefônica Fuentes escolheu um oftalmologista de nome espanhol, Pablo Hernandez. O dr. Hernandez descendia de uruguaios e, para desapontamento de Fuentes, não falava espanhol. Em seu bem montado consultório, na avenida Graça Aranha, na Esplanada do Castelo, examinou Fuentes cuidadosamente. O cristalino, a íris, a conjuntiva, o nervo ótico, os músculos, artérias e veias do aparelho ocular estavam perfeitos. A córnea, porém, fora atingida. Didaticamente Hernandez explicou ao seu cliente que a córnea era uma camada externa transparente através da qual a luz – e com a luz, a cor, a forma, o movimento das coisas – penetrava no olho.

Córnea – moça, 24ª , vende. Tel. 185-3944.
O anúncio no O Dia foi lido por Fuentes. Ele ligou de seu quarto, no Hotel Bragança. Atendeu uma mulher...[...] Ela disse que ele podia pegar um ônibus no largo de São Francisco.
“É para você?”, perguntou a mulher quando Fuentes lhe falou que era a pessoa que havia telefonado. [...]
“Sim, é para mim.” A mulher não ter percebido a cicatriz no seu olho esquerdo deixou Fuentes satisfeito. [...]
“Dez milhas”, disse a mulher impaciente. “E não é caro. O preço de um carro pequeno. Minha filha é muito moça, nunca teve doença, dentes bons, ouvidos ótimos. Olhos maravilhosos.”


(FONSECA, Rubem. A Grande Arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 137-139.)



Leia o trecho destacado a seguir e, no que diz respeito à organização do seu material linguístico-textual, marque a única alternativa verdadeira.
“O cristalino, a íris, a conjuntiva, o nervo ótico, os músculos, artérias e veias do aparelho ocular estavam perfeitos.” (FONSECA, 2008, p. 137)

A
A sequência vocabular que se antepõe ao verbo pertence à classe gramatical dos adjetivos, cuja função é nomear cada ser da sequência. A utilização reiterada da vírgula justifica a afirmação posta.
B
A sequência vocabular que se antepõe ao verbo é um sujeito composto. E, para que haja concordância do verbo com o sujeito, flexionou-se o verbo em pessoa e número, marcando-o com –m na desinência.
C
O adjetivo “perfeitos” estabelece uma concordância com o vocábulo “íris”, expressando a categoria de número, cuja marca é a desinência –s.
D
A forma verbal “estavam” representa uma realidade hipotética, anunciada pelo narrador, evidenciada pelo pretérito perfeito do subjuntivo.