Questõesde UNICAMP sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.”

(Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.)

O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições.

A
Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder.
B
Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos.
C
Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência.
D
Graças ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a própria democracia.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

(...)
Eu tenho uma ideia.
Eu não tenho a menor ideia.
Uma frase em cada linha. Um golpe de exercício.
Memórias de Copacabana. Santa Clara às três da tarde.
Autobiografia. Não, biografia.
Mulher.
Papai Noel e os marcianos.
Billy the Kid versus Drácula.
Drácula versus Billy the Kid.
Muito sentimental.
Agora pouco sentimental.
Pensa no seu amor de hoje que sempre dura menos que o seu]

amor de ontem.
Gertrude: estas são ideias bem comuns.
Apresenta a jazz-band.
Não, toca blues com ela.
Esta é a minha vida.
Atravessa a ponte.
(...)

(Ana Cristina Cesar, A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 9.)

Esse trecho do poema de abertura de A teus pés, de Ana Cristina Cesar,

A
expressa nostalgia do passado, visto que mobiliza referências à cultura pop dos anos 1970.
B
requisita a participação do leitor, já que as referências biográficas são fragmentárias.
C
exclui a dimensão biográfica, pois se refere a personagens imaginários e de ficção.
D
tematiza a descrença na poesia, uma vez que a poeta se contradiz continuamente.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para driblar a censura imposta pela ditadura militar, compositores de música popular brasileira (MPB) valiam-se do que Gilberto Vasconcelos chamou de “linguagem da fresta”, expressão inspirada na canção “Festa imodesta”, de Caetano Veloso.

(...)
Numa festa imodesta como esta
Vamos homenagear
Todo aquele que nos empresta sua testa
Construindo coisas pra se cantar
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
E que o otário silencia
Toda festa que se dá ou não se dá
Passa pela fresta da cesta e resta a vida.

Acima do coração que sofre com razão
A razão que volta do coração
E acima da razão a rima
E acima da rima a nota da canção
Bemol natural sustenida no ar
Viva aquele que se presta a esta ocupação
Salve o compositor popular

(Gilberto de Vasconcelos, Música popular: de olho na fresta. Rio de Janeiro: Graal, 1977.)

É correto afirmar que, na canção, essa “linguagem da fresta” transparece

A
na contradição entre “festa” e “fresta”, que funciona como crítica ao malandro.
B
na repetição de palavras com pronúncia semelhante para louvar a MPB.
C
na referência à “fresta” como forma de o compositor se pronunciar.
D
na incoerência da rima entre “festa” e “imodesta” para prestigiar o compositor.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Variação Linguística, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Alguns pesquisadores falam sobre a necessidade de um “letramento racial”, para “reeducar o indivíduo em uma perspectiva antirracista”, baseado em fundamentos como o reconhecimento de privilégios, do racismo como um problema social atual, não apenas legado histórico, e a capacidade de interpretar as práticas racializadas. Ouvir é sempre a primeira orientação dada por qualquer especialista ou ativista: uma escuta atenta, sincera e empática. Luciana Alves, educadora da Unifesp, afirma que "Uma das principais coisas é atenção à linguagem. A gente tem uma linguagem sexista, racista, homofóbica, que passa pelas piadas e pelo uso de termos que a gente já naturalizou. ‘A coisa tá preta’, ‘denegrir’, ‘serviço de preto’... Só o fato de você prestar atenção na linguagem já anuncia uma postura de reconstrução. Se o outro diz que tem uma carga negativa e ofensiva, acredite”.

(Adaptado de Gente branca: o que os brancos de um país racista podem fazer pela igualdade além de não serem racistas. UOL, 21/05/2018)

Segundo Luciana Alves, para combater o racismo e mudar de postura em relação a ele, é fundamental

A
ouvir com atenção os discursos e orientações de especialistas e ativistas.
B
reconhecer expressões racistas existentes em práticas naturalizadas.
C
passar por um “letramento racial” que dispense o legado histórico.
D
prestar atenção às práticas históricas e às orientações da educadora.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Uma página do Facebook faz humor com montagens que combinam capas de livros já publicados e memes que circulam nas redes sociais. Uma dessas postagens envolve a obra de Henry Thoreau, para quem a desobediência civil é uma forma de protesto legítima contra leis ou atos governamentais considerados injustos pelo cidadão e que ponham em risco a democracia.



(Fonte: Página de Facebook Obras Literárias com capas de memes genuinamente brasileiros.)

O efeito de humor aqui se deve ao fato de que a montagem

A
refuta as razões para a desobediência civil com base na desculpa apresentada pela criança.
B
antecipa uma possível avaliação negativa da desobediência sustentada pelo livro.
C
equipara as razões da desobediência civil à justificativa apresentada pela criança.
D
contesta a legitimidade da desobediência civil defendida por Thoreau.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto a seguir, publicado no Instagram e em um livro do @akapoeta João Doederlein.



(João Doederlein, O livro dos ressignificados. São Paulo: Paralela, 2017, p. 17.)

A ressignificação de estrela ocorre porque o verbete apresenta

A
diversas acepções dessa palavra de modo amplo, literal e descritivo.
B
cinco definições da palavra relativas à realidade e uma definição figurada.
C
vários contextos de uso que evidenciam o caráter expositivo do gênero verbete.
D
uma entrada formal de dicionário e acepções que expressam visões particulares.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na década de 1950, quando iniciava seu governo, Juscelino Kubitschek prometeu “50 anos em 5”. Na campanha do atual governo o slogan ficou assim: “O Brasil voltou, 20 anos em dois”. A ‘tradução’ não tinha como dar certo; era como comparar vinho com água. E mais: havia uma vírgula no meio do caminho. Na propaganda, apenas uma vírgula impede que a leitura, ao invés de ser positiva e associada ao progressismo de Juscelino, se transforme numa mensagem de retrocesso: o Brasil de fato ‘voltou’ muito nesses últimos dois anos; para trás.

(Adaptado de Lilia Schwarcz, Havia uma vírgula no meio do caminho. Nexo Jornal, 21/05/2018.)

Considerando o gênero propaganda institucional e o paralelo histórico traçado pela autora, é correto afirmar que o slogan do atual governo fracassou porque

A
o uso da vírgula provocou uma leitura negativa do trecho que alude ao slogan da década de 1950.
B
a mensagem projetada pelo slogan anterior era mais clara, direta, e não exigia o uso da vírgula.
C
a alusão ao slogan anterior afasta o público jovem e provoca a perda de seu poder persuasivo.
D
o duplo sentido do verbo “voltar” gerou uma mensagem que se afasta daquela projetada pelo slogan anterior.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

(Disponível em https://www.facebook.com/SeboItinerante/photos/. Acessado em 28/05/2018.)


“Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo do bom senso e do senso comum."

(Adaptado de “Franz Kafka, carta a Oscar Pollak, 1904.” Disponível em https://laboratoriode sensibilidades.wordpress.com. Acessado em 28/05/2018.)


Assinale o excerto que confirma os dois textos anteriores.

A
A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles que formam leitores – professores, bibliotecários – desempenham um papel político. (Marisa Lajolo)
B
Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igualitarização, há aumento sensível do hábito de leitura, e portanto difusão crescente das obras. (Antonio Candido)
C
Ler é abrir janelas, construir pontes que ligam o que somos com o que tantos outros imaginaram, pensaram, escreveram; ler é fazer-nos expandidos. (Gilberto Gil)
D
A leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos? (Fernando Pessoa)
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto. As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico.
As palavras mais pernósticas são sempre proparoxítonas. Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto - e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica! Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito. É inequívoca a diferença entre o arruaceiro e o vândalo. Uma coisa é estar na ponta – outra, no vértice. Ser artesão não é nada, perto de ser artífice.
Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice.

(Adaptado de Eduardo Affonso, “Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto”. Disponível em www.facebook.com/eduardo22affonso/.)

Segundo o texto, as proparoxítonas são palavras que

A
garantem sua pronúncia graças à exigência de uma sílaba tônica.
B
conferem nobreza ao léxico da língua graças à facilidade de sua pronúncia.
C
revelam mais prestígio em função de seu pouco uso e de sua dupla acentuação.
D
exibem sempre sua prepotência, além de imporem a obrigatoriedade da acentuação.
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UNICAMP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O poema abaixo é de autoria do poeta Augusto de Campos, integrante do movimento concretista.

Nesse poema, nota-se uma técnica de composição que consiste



A
na disposição arbitrária de anagramas, sem produzir uma relação de sentido com o título do poema.
B
na disposição exaustiva de anagramas, sem produzir uma relação de sentido com o título do poema.
C
na disposição arbitrária de anagramas, para produzir uma relação de sentido com o título do poema.
D
na disposição exaustiva de anagramas, para produzir uma relação de sentido com o título do poema.
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UNICAMP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Estrangeirismos são palavras e expressões de outras línguas usadas correntemente em nosso cotidiano. Sobre o emprego de palavras estrangeiras no português, o linguista Sírio Possenti comenta:

Tomamos alguns verbos do inglês e os adaptamos a nosso sistema verbal exclusivamente segundo regras do português. Se adotarmos start, logo teremos estartar (e todas as suas flexões), pois nossa língua não tem sílabas iniciais como st-, que imediatamente se tornam est-. A forma nunca será startar, nem ostartar ou ustartar, nem estarter ou estartir, nem printer ou printir, nem atacher ou atachir etc., etc., etc. 

(Adaptado de Sírio Possenti, “A questão dos estrangeirismos”, em Carlos Alberto Faraco, Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001, p. 173-174.)

As alternativas abaixo reproduzem trechos de um fórum de discussão na Internet sobre um jogo eletrônico. Nessa discussão, um jogador queixa-se por não ter conseguido se conectar a uma partida e ter perdido pontos. Escolha a alternativa que contém um exemplo do processo de adaptação de verbos do inglês para o sistema verbal do português, como descreve Sírio Possenti.

(Adaptado de http://forums.br.leagueoflegends.com/board/showthread.php?t=187120. Acessado em 15/07/2017.)


A
“Aconteceu logo na manhã deste domingo, quando iniciei uma ranked.”
B
“Ela não deu load e pensei que era um bug no site.”
C
“Entrei no lolking para ver se a partida estava sendo computada.”
D
“Nem upei meu personagem de tanto problema no server.”
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Ironia ao natural

É natural,
é bom
e quanto mais melhor,
como os cogumelos
vermelhos,
as rãs azuis
ou o suco de serpente...
É químico,
processado,
é mau,
como a
aspirina,
um perfume
ou o plástico
da válvula
cardíaca
de um coração...
(João Paiva, quase poesia quase química. Sociedade Portuguesa de Química, 2012, p.15. Disponível em www.spq.pt/files/docs/boletim/poesia/quase-poesia-quasequimica-jpaiva2012.pdf.
Acessado em 06/07/2016.)

Nesse poema, há

A
inversão dos atributos do que seria bom na natureza e do que seria ruim nos processados, de modo a, ironicamente, ressaltar a importância da química.
B
comparação entre o lado bom dos produtos naturais e o lado ruim dos produtos processados, de modo a ressaltar, efusivamente, o perigo da química.
C
demonstração do lado bom dos produtos naturais e o lado ruim dos produtos processados, sem, contudo, realizar uma crítica em relação à química.
D
elogio aos produtos naturais, reforçando-se a ideia de consumirmos mais desses produtos em detrimento de produtos processados com o auxílio da química.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe a tirinha abaixo.


Na língua portuguesa, a ordem dos algarismos de acordo com o comentário do “5” seria

A
1 2 3 4 5 6 7 8 9.
B
5 2 9 8 4 6 7 3 1.
C
2 3 6 7 1 9 4 5 8.
D
1 3 7 6 4 8 9 2 5.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Uma peripécia, uma reviravolta nas circunstâncias, de uma hora para outra transforma uma sequência rotineira de acontecimentos numa história.”
(Jerome Bruner, Fabricando histórias. Direito, literatura, vida. São Paulo: Letra e Voz, 2014, p.15.)
Levando-se em conta a noção acima proposta por Jerome Bruner, qual é a peripécia que ocorre no terceiro ato da peça Lisbela e o prisioneiro

A
O disparo de arma de fogo em direção a Frederico Evandro, realizado por Lisbela, e a descoberta posterior de que as balas do revólver eram de festim.
B
O encontro furtivo de Lisbela e Leléu na prisão, que torna possível a fuga do casal de amantes e produz o desenlace do drama.
C
A fuga de Leléu da prisão, que somente foi possível devido às artimanhas de Lisbela ao pedir que seu pai desse uma corda para o prisioneiro.
D
O retorno heroico de Frederico Evandro à prisão, com o intuito de salvar Leléu e assassinar o Tenente Guedes.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sabe-se que Coração, cabeça e estômago é uma obra atípica na produção ficcional de Camilo Castelo Branco. Em relação a essa obra, assinale a alternativa em que todas as características listadas são corretas.

A
Inclusão da edição do livro como parte do jogo narrativo; sátira da poesia e das motivações espirituais; caracterização do herói como alguém incapaz de amar
B
Paródia da vida romântica e natural; espiritualização das necessidades do corpo; transformação do herói ao longo da narrativa.
C
Descrição da formação do indivíduo; caricatura dos valores e sentimentos românticos; impossibilidade de adaptação do herói à vida social.
D
Caricatura das questões relacionadas ao espírito e à posição social; elogio irônico das motivações fisiológicas; ridicularização do herói.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“São Francisco botava o dedo nas feridas dos leprosos. Mas é que ele era um santo, fazia milagres, e ela é simplesmente Doralice Leitão Leiria, um ser humano como qualquer outro.”
(Érico Veríssimo, Caminhos cruzados. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016, p.77.)
“ – Queres seguir a política? Então? Procura imitar Bismarck! Haverá padrão melhor?” (Idem, p. 290.)
Os fragmentos acima captam um dos traços principais de Caminhos cruzados no que diz respeito à identidade narrativa das personagens. Considerando o conjunto do romance, tal traço consiste em uma

A
percepção de que a necessidade de status na vida social e a produção de desejos políticos e religiosos nascem da cópia de um modelo consagrado.
B
afirmação, por meio do narrador, da necessidade de protagonistas bem construídos para o êxito da narrativa ficcional.
C
recusa dos modelos bem sucedidos na vida social, pois eles constrangem a imaginação artística e moral dos romancistas.
D
representação literária da condição humana, que não necessita de figuras imaginárias para atribuir sentido à vida religiosa e política.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Essas duas cenas de ciúmes concluem dois textos diferentes de Jorge de Lima. A primeira pertence ao conhecido poema modernista “Essa negra Fulô”; a segunda, ao poema “História”, de Poemas Negros (1947). Em relação a “Essa negra Fulô”, o poema “História”, especificamente, representa

“O Sinhô foi açoitar
sozinho a negra Fulô.
A negra tirou a saia
e tirou o cabeção,
de dentro dêle pulou
nuinha a negra Fulô.

Essa negra Fulô!
Essa negra Fulô!

Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou?
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?

Essa negra Fulô!”
(Jorge de Lima, Poesias Completas, v.1. Rio de Janeiro/Brasília: J.Aguilar e INL,
1974, p. 121.)

“A Sinhá mandou arrebentar-lhe os dentes:
Fute, Cafute, Pé-de-pato, Não-sei-que-diga,
avança na branca e me vinga.
Exu escangalha ela, amofina ela,
amuxila ela que eu não tenho defesa de homem,
sou só uma mulher perdida neste mundão.
Neste mundão.
Louvado seja Oxalá.
Para sempre seja louvado.”
(Idem, p.164.)

A
a reiteração da denúncia das relações de poder, muito arraigadas no sistema escravocrata, que colocam no mesmo plano violências raciais e sexuais.
B
a passagem de uma caracterização da mulher negra como sedutora para uma postura solidária em relação à escrava, que explicita as estratégias compensatórias de que se vale para sobreviver.
C
a permanência de uma visão pitoresca sobre a situação da mulher negra nos engenhos de açúcar, que oculta os mecanismos de poder que garantiam sua exploração.
D
a superação da visão idílica da vida na senzala, graças a uma postura realista e social, que revela a violência das relações entre senhores e escravos.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No conto “Amor”, de Clarice Lispector, após ver um cego mascando chicletes, a personagem passa por uma situação que, segundo o narrador, ela própria chama de “crise”:
“O que chamava de crise viera afinal. E sua marca era o prazer intenso com que olhava agora as coisas, sofrendo espantada. O calor se tornara mais abafado, tudo tinha ganho uma força e vozes mais altas.”
(Clarice Lispector, Laços de Família. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p.23.)
Essa crise, que transforma a relação da personagem com o mundo e com a família,

A
nasce do colapso da vontade de viver da personagem, em razão do doloroso prazer com que passou a ver as coisas.
B
revela o conflito vivido pela personagem entre o tipo de vida que havia escolhido e as coisas que passou a desejar.
C
constitui, para a personagem, uma alteração no modo de vida que antes a fazia sofrer e do qual agora havia se libertado.
D
remete à excitação da personagem por ter conseguido harmonizar sua antiga vida com os novos desejos e sensações.
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


Na tira acima, o autor retoma um célebre lema retirado do Manifesto Comunista (1848), de Karl Marx e Friedrich Engels: “Operários do mundo, uni-vos!”.

Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é correto afirmar que nela se lê

A
uma apologia ao Manifesto Comunista, atenuada pela onomatopeia que imita o som (“zzzzzz”) das abelhas.
B
uma paródia do lema do Manifesto Comunista, baseada na semelhança fonética entre “uni-vos” e “zuni-vos”.
C
uma parábola para explicar o Manifesto Comunista por meio da semelhança fonética entre “uni-vos” e “zuni-vos”
D
uma fábula que recria o lema do Manifesto Comunista, com base na linguagem onomatopaica das abelhas (“zzzzzz”).
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UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Caligrafia (Arnaldo Antunes)
Arte do desenho manual das letras e palavras.
Território híbrido entre os códigos verbal e visual. A caligrafia está para a escrita como a voz está para a fala. A cor, o comprimento e espessura das linhas, a disposição espacial, a velocidade dos traços da escrita correspondem a timbre, ritmo, tom, cadência, melodia do discurso falado. Entonação gráfica.
Assim como a voz apresenta a efetivação física do discurso (o ar nos pulmões, a vibração das cordas vocais, os movimentos da língua), a caligrafia também está intimamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais de maior força ou delicadeza, rapidez ou lentidão, brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
(Adaptado de https://www.arnaldoantunes.com.br. Acessado em 12/07/2016.)
Em Caligrafia, o autor

A
estabelece uma relação de causa e efeito entre caligrafia e voz.
B
sugere uma relação de oposição entre caligrafia e voz.
C
projeta uma relação de gradação entre caligrafia e voz.
D
apreende uma relação de analogia entre caligrafia e voz.