Questõesde UNICAMP sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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Foram encontradas 107 questões
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em 1961, o poeta António Gedeão publica o livro Máquina de Fogo. Um dos poemas é “Lágrima de Preta”. Musicado por José Niza, foi gravado por Adriano Correia de Oliveira, em 1970, e incluído no seu álbum “Cantaremos”. A canção foi censurada pelo governo português.

Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.


Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é
costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

(António Gedeão, Máquina de fogo. Coimbra: Tipografia da Atlântida,1961, p. 187.)

Os versos anteriores articulam as linguagens literária e científica com questões de ordem ética e política. Considerando o contexto de produção e recepção de “Lágrima de Preta” (anos 1960 e 1970, em Portugal), o propósito artístico desse poema é

A
inadequado quanto à análise social, ao refutar que haja racismo e preconceito na sociedade, e incorreto no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.
B
inadequado quanto à análise social, ao refutar a existência de racismo e preconceito na sociedade, mas correto no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.
C
pertinente quanto à análise social, ao registrar o racismo e a preconceito na sociedade, e correto no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.
D
pertinente quanto à análise social, ao registrar o preconceito e o racismo na sociedade, mas incorreto no aspecto científico, ao descrever as propriedades químicas de uma lágrima.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Picado pelo ciúme, abriu o ourives seu peito à órfã, ofereceu-lhe a mão, e uma pulseira de brilhantes nela, com a condição de me esquecer. Leontina disse que sim, cuidando que mentia; mas passados oito dias admirou-se de ter dito a verdade. Nunca mais soube de mim, nem eu dela; até que, um ano depois, a criada, que a servia, me contou que a menina casara com o padrinho e que as enteadas, coagidas pelo pai, se tinham ido para o recolhimento do Grilo com uma pequena mesada e a esperança de ficarem pobres. Não sei mais nada a respeito da primeira das sete mulheres que amei, em Lisboa.”

(Camilo Castelo Branco, Coração, cabeça e estômago, p. 4. Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acessado em 20/05/2018.)

O excerto anterior apresenta uma síntese acerca do primeiro dos setes amores da personagem Silvestre da Silva. Considere essa experiência amorosa no contexto da primeira parte da narrativa e assinale a alternativa correta.

A
A mulher é idealizada em cada caso relatado, não havendo espaço para uma ótica realista.
B
A experiência amorosa recebe tratamento solene e sublime por parte das personagens.
C
A personagem masculina se caracteriza pelo interesse sexual; a feminina, pela devoção ao marido.
D
O protagonista da narrativa se frustra em sua crença amorosa a cada vez que se apaixona.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

"A noção de programa genético (...) desempenhou um papel importante no lançamento do Projeto Genoma Humano, fazendo com que se acreditasse que a decifração de um genoma, à maneira de um livro com instruções de um longo programa, permitiria decifrar ou compreender toda a natureza humana ou, no mínimo, o essencial dos mecanismos de ocorrência das doenças. Em suma, a fisiopatologia poderia ser reduzida à genética, já que toda doença seria reduzida a um ou diversos erros de programação, isto é, à alteração de um ou diversos genes".

(Edgar Morin, A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Jornadas temáticas idealizadas e dirigidas por Edgar Morin. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Ltda, 2012, p. 157.)

A expressão programa genético, mencionada no trecho anterior, é

A
uma alegoria, pois sintetiza os mecanismos moleculares subjacentes ao funcionamento dos genes e dos cromossomos no contexto ficcional de um programa de computador.
B
uma analogia, pois diferencia os mecanismos moleculares subjacentes ao código genético e ao funcionamento dos cromossomos dos códigos de um programa de computador
C
uma metáfora, pois iguala toda a informação genética e os mecanismos moleculares subjacentes ao funcionamento e expressão dos genes com as instruções e os comandos de um programa.
D
uma analogia, pois contrasta os mecanismos moleculares dos genes nos cromossomos e das doenças causadas por eles com as linhas de comando de um programa de computador.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na opinião de Klaus R. Mecke, professor no Instituto de Física Teórica da Universidade de Stuttgart, Alemanha, o uso da linguagem da física na literatura obedeceria ao seguinte propósito:

Uma função literária central da fórmula seria simbolizar a violência. A fórmula torna-se metáfora para a violência, para o calculismo desumano, para a morte e para a fria mecânica - para o golpe de força. Recorde-se também O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, em que a fórmula do pêndulo caracteriza o estrangulamento de um ser humano. Passo a citar: “O período de oscilação, T, é independente da massa do corpo suspenso (igualdade de todos os homens perante Deus)...”. Também aqui a fórmula constitui uma referência irônica à marginalização do sujeito, reduzido à “massa inerte” suspensa.

(Adaptado de Klaus R. Mecke, A imagem da Física na Literatura. Gazeta de Física, 2004, p. 6-7.)

Segundo Mecke, a função literária de algumas noções da Física, presentes em determinados romances, expressa

A
a falta de liberdade do sujeito nas relações sociais, mas o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está incorreto.
B
a revogação parcial das leis da natureza, e o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está correto.
C
a concordância quanto ao modo como representamos a natureza, mas o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está incorreto.
D
a privação da liberdade do ser humano, e o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está correto.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre as representações históricas da morte no Ocidente, Philippe Ariès e Alcir Pécora comentam:

“O moribundo está deitado, cercado por seus amigos e familiares. Está prestes a executar os ritos que bem conhecemos. (...) Seres sobrenaturais invadiram o quarto e se comprimem na cabeceira do ‘jacente’. A grande reunião que nos séculos XII e XIII tinha lugar no final dos tempos se faz, então, a partir do século XV, no quarto do enfermo.”

(Philippe Ariès, História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012, p. 53.)

“(...) essa espécie de arte de morrer de Vieira se opõe à tradição das artes moriendi fundadas na preparação para a ‘última prova’ que acontece apenas no quarto do moribundo. Não é mais lá que se decide a salvação ou a condenação do cristão, mas no exato momento de suas escolhas e ações ao longo da vida, vale dizer, na resolução adequada a ser tomada hic et nunc (aqui e agora).”

(Alcir Pécora, A arte de morrer, segundo Vieira, em Antonio Vieira, Sermões de quarta-feira de cinza. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016. p.51.)

Com base nos excertos anteriores e na leitura dos três Sermões de Quarta-feira de Cinza, assinale a alternativa correta

A
Em Ariès, a salvação ou danação ocorre no quarto do moribundo, mas nos sermões de Vieira é a atenção ao momento presente e a decisão correta que importam para o cristão.
B
A afirmação de Alcir Pécora é válida somente para o primeiro sermão, pois os dois últimos sermões retomam o tema do fim dos tempos e da agonia do moribundo para a fé cristã.
C
Segundo Ariès, o drama da salvação se dá na imagem do quarto do moribundo. Essa imagem é decisiva para a compreensão do terceiro sermão.
D
Para Alcir Pécora, o que distingue os sermões de Vieira dos discursos sobre a morte nesse período é a ênfase do padre jesuíta na ação futura.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“DOROTÉA
O senhor perdeu a cabeça?
DULCINÉA
Fazer de um cangaceiro um delegado!
DOROTÉA
Quando a oposição souber!
DULCINÉA
Que prato pra Neco Pedreira!
ODORICO
E tomara que Neco se sirva bem dele. Tomara que chame
Zeca Diabo de cangaceiro, assassino, quanto mais xingar,
melhor.
DOROTÉA
O senhor não acha que se excedeu?
ODORICO
Em política, dona Dorotéa, os finalmentes justificam os não obstantes.”

(Dias Gomes, O bem-amado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 69-70.)

As personagens femininas do excerto anterior discordam da nomeação de Zeca Diabo feita por Odorico. Assinale a alternativa que indica a razão dessa discordância e a
natureza da crítica às práticas políticas brasileiras presente na peça teatral de Dias Gomes.

A
Segundo as personagens, Zeca Diabo não possui os atributos necessários para o cargo. Critica-se uma sociedade que desconsidera a meritocracia.
B
As práticas políticas são desconhecidas pelas personagens. A ingenuidade do cidadão e a astúcia necessária dos políticos são criticadas na fala delas e de Odorico.
C
Dulcinéa e Dorotéa não simpatizam com Zeca Diabo, o que indica que a peça faz uma crítica às relações sociais presididas por afetos e interesses privados.
D
Dulcinéa e Dorotéa não admitem que alguém fora da lei possa cuidar da ordem da cidade. Criticam-se os atos de um poder executivo que se orienta por um projeto pessoal de poder.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

(...)
Eu tenho uma ideia.
Eu não tenho a menor ideia.
Uma frase em cada linha. Um golpe de exercício.
Memórias de Copacabana. Santa Clara às três da tarde.
Autobiografia. Não, biografia.
Mulher.
Papai Noel e os marcianos.
Billy the Kid versus Drácula.
Drácula versus Billy the Kid.
Muito sentimental.
Agora pouco sentimental.
Pensa no seu amor de hoje que sempre dura menos que o
seu]
amor de ontem.
Gertrude: estas são ideias bem comuns.
Apresenta a jazz-band.
Não, toca blues com ela.
Esta é a minha vida.
Atravessa a ponte.
(...)
(Ana Cristina Cesar, A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 9.)

Esse trecho do poema de abertura de A teus pés, de Ana Cristina Cesar,

A
expressa nostalgia do passado, visto que mobiliza referências à cultura pop dos anos 1970.
B
requisita a participação do leitor, já que as referências biográficas são fragmentárias.
C
exclui a dimensão biográfica, pois se refere a personagens imaginários e de ficção.
D
tematiza a descrença na poesia, uma vez que a poeta se contradiz continuamente.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.”
(Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.)

O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas
observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições.

A
Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder.
B
Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos.
C
Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência.
D
Graças ao desinteresse do povo, os políticos s apropriam do Estado, contrariando a própria democracia.

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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Alguns pesquisadores falam sobre a necessidade de um “letramento racial”, para “reeducar o indivíduo em uma perspectiva antirracista”, baseado em fundamentos como o reconhecimento de privilégios, do racismo como umproblema social atual, não apenas legado histórico, e a capacidade de interpretar as práticas racializadas. Ouvir sempre a primeira orientação dada por qualquer especialista ou ativista: uma escuta atenta, sincera e empática. Luciana Alves, educadora da Unifesp, afirma que "Uma das principais coisas é atenção à linguagem. A gentetem uma linguagem sexista, racista, homofóbica, quepassa pelas piadas e pelo uso de termos que a gente já naturalizou. ‘A coisa tá preta’, ‘denegrir’, ‘serviço de preto’... Só o fato de você prestar atenção na linguagem já anuncia uma postura de reconstrução. Se o outro diz que tem uma carga negativa e ofensiva, acredite”.

(Adaptado de Gente branca: o que os brancos de um país racista podem fazer pela igualdade além de não serem racistas. UOL, 21/05/2018)

Segundo Luciana Alves, para combater o racismo e mudar de postura em relação a ele, é fundamental

A
ouvir com atenção os discursos e orientações de especialistas e ativistas.
B
reconhecer expressões racistas existentes em práticas naturalizadas.
C
passar por um “letramento racial” que dispense o legado histórico.
D
prestar atenção às práticas históricas e às orientações da educadora.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto a seguir, publicado no Instagram e em um livro do @akapoeta João ederlein.

(João Doederlein, O livro dos ressignificados. São Paulo: Paralela, 2017, p. 17.)


A ressignificação de estrela ocorre porque o verbete apresenta

A
diversas acepções dessa palavra de modo amplo, literal e descritivo.
B
cinco definições da palavra relativas à realidade e uma definição figurada.
C
vários contextos de uso que evidenciam o caráter expositivo do gênero verbete.
D
uma entrada formal de dicionário e acepções que expressam visões particulares.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada. Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.”
(Clarice Lispector, “Amor”, em Laços de família. 20ª ed. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1990, p. 39.)

Ao caracterizar a personagem Ana, a expressão “piedade de leão” reúne valores opostos, remetendo simultaneamente à compaixão e à ferocidade. É correto afirmar que, no conto “Amor”, essa formulação

A
revela um embate de natureza social, já que a pobreza do cego causa náuseas na personagem.
B
expressa o dilema cristão da alma pecadora diante de sua incapacidade de fazer o bem.
C
indica um conflito psicológico, uma vez que a personagem não se sente capaz de amar.
D
alude a um contraste moral e existencial que provoca na personagem um sentimento de angústia.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para driblar a censura imposta pela ditadura militar, compositores de música popular brasileira (MPB) valiam-se do que Gilberto Vasconcelos chamou de “linguagem da
fresta”, expressão inspirada na canção “Festa imodesta”, de Caetano Veloso.

(...)
Numa festa imodesta como esta
Vamos homenagear
Todo aquele que nos empresta sua testa
Construindo coisas pra se cantar
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
E que o otário silencia
Toda festa que se dá ou não se dá
Passa pela fresta da cesta e resta a vida.

Acima do coração que sofre com razão
A razão que volta do coração
E acima da razão a rima
E acima da rima a nota da canção
Bemol natural sustenida no ar
Viva aquele que se presta a esta ocupação
Salve o compositor popular

(Gilberto de Vasconcelos, Música popular: de olho na fresta. Rio de Janeiro:
Graal, 1977.)

É correto afirmar que, na canção, essa “linguagem da fresta” transparece

A
na contradição entre “festa” e “fresta”, que funciona como crítica ao malandro.
B
na repetição de palavras com pronúncia semelhante para louvar a MPB.
C
na referência à “fresta” como forma de o compositor se pronunciar.
D
na incoerência da rima entre “festa” e “imodesta” para prestigiar o compositor.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Uma página do Facebook faz humor com montagens que combinam capas de livros já publicados e memes que circulam nas redes sociais. Uma dessas postagens envolve a obra de Henry Thoreau, para quem a desobediência civil é uma forma de protesto legítima contra leis ou atos governamentais considerados injustos pelo cidadão e que ponham em risco a democracia.


(Fonte: Página de Facebook Obras Literárias com capas de memes genuinamente brasileiros.)

O efeito de humor aqui se deve ao fato de que a montagem

A
refuta as razões para a desobediência civil com base na desculpa apresentada pela criança.
B
antecipa uma possível avaliação negativa da desobediência sustentada pelo livro.
C
equipara as razões da desobediência civil à justificativa apresentada pela criança.
D
contesta a legitimidade da desobediência civil defendida por Thoreau.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto. As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico. As palavras mais pernósticas são sempre proparoxítonas. Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto - e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica! Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito. É inequívoca a diferença entre o arruaceiro e o vândalo. Uma coisa é estar na ponta – outra, no vértice. Ser artesão não é nada, perto de ser artífice. Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice.


(Adaptado de Eduardo Affonso, “Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto”. Disponível em www.facebook.com/eduardo22affonso/.)


Segundo o texto, as proparoxítonas são palavras que


A
garantem sua pronúncia graças à exigência de uma sílaba tônica.
B
conferem nobreza ao léxico da língua graças à facilidade de sua pronúncia.
C
revelam mais prestígio em função de seu pouco uso e de sua dupla acentuação.
D
exibem sempre sua prepotência, além de imporem a obrigatoriedade da acentuação.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Pontuação, Uso da Vírgula, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na década de 1950, quando iniciava seu governo, Juscelino Kubitschek prometeu “50 anos em 5”. Na campanha do atual governo o slogan ficou assim: “O Brasil voltou, 20 anos em dois”. A ‘tradução’ não tinha como dar certo; era como comparar vinho com água. E mais: havia uma vírgula no meio do caminho. Na propaganda, apenas uma vírgula impede que a leitura, ao invés de ser positiva e associada ao progressismo de Juscelino, se transforme numa mensagem de retrocesso: o Brasil de fato ‘voltou’
muito nesses últimos dois anos; para trás.

(Adaptado de Lilia Schwarcz, Havia uma vírgula no meio do caminho. Nexo Jornal, 21/05/2018.)

Considerando o gênero propaganda institucional e o paralelo histórico traçado pela autora, é correto afirmar que o slogan do atual governo fracassou porque

A
o uso da vírgula provocou uma leitura negativa do trecho que alude ao slogan da década de 1950.
B
a mensagem projetada pelo slogan anterior era mais clara, direta, e não exigia o uso da vírgula.

C
a alusão ao slogan anterior afasta o público jovem e provoca a perda de seu poder persuasivo.

D
o duplo sentido do verbo “voltar” gerou uma mensagem que se afasta daquela projetada pelo slogan anterior.
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UNICAMP 2019 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


(Disponível em https://www.facebook.com/SeboItinerante/photos/. Acessado em 28/05/2018.)

“Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo do bom senso e do senso comum."

(Adaptado de “Franz Kafka, carta a Oscar Pollak, 1904.” Disponível em https://laboratoriode sensibilidades.wordpress.com. Acessado em 28/05/2018.)

Assinale o excerto que confirma os dois textos anteriores.

A

a) Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igualitarização, há aumento sensível do hábito de leitura, e portanto difusão crescente das obras. (Antonio Candido)

B

a) Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igualitarização, há aumento sensível do hábito de leitura, e portanto difusão crescente das obras. (Antonio Candido)

C

a) Ler é abrir janelas, construir pontes que ligam o que somos com o que tantos outros imaginaram, pensaram, escreveram; ler é fazer-nos expandidos. (Gilberto Gil)

D
A leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos? (Fernando Pessoa)
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Picado pelo ciúme, abriu o ourives seu peito à órfã, ofereceu-lhe a mão, e uma pulseira de brilhantes nela, com a condição de me esquecer.

Leontina disse que sim, cuidando que mentia; mas passados oito dias admirou-se de ter dito a verdade. Nunca mais soube de mim, nem eu dela; até que, um ano depois, a criada, que a servia, me contou que a menina casara com o padrinho e que as enteadas, coagidas pelo pai, se tinham ido para o recolhimento do Grilo com uma pequena mesada e a esperança de ficarem pobres. Não sei mais nada a respeito da primeira das sete mulheres que amei, em Lisboa.”

(Camilo Castelo Branco, Coração, cabeça e estômago, p. 4. Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acessado em 20/05/2018.)

O excerto anterior apresenta uma síntese acerca do primeiro dos setes amores da personagem Silvestre da Silva. Considere essa experiência amorosa no contexto da primeira parte da narrativa e assinale a alternativa correta.

A
A mulher é idealizada em cada caso relatado, não havendo espaço para uma ótica realista.
B
A experiência amorosa recebe tratamento solene e sublime por parte das personagens.
C
A personagem masculina se caracteriza pelo interesse sexual; a feminina, pela devoção ao marido.
D
O protagonista da narrativa se frustra em sua crença amorosa a cada vez que se apaixona.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na opinião de Klaus R. Mecke, professor no Instituto de Física Teórica da Universidade de Stuttgart, Alemanha, o uso da linguagem da física na literatura obedeceria ao seguinte propósito:

Uma função literária central da fórmula seria simbolizar a violência. A fórmula torna-se metáfora para a violência, para o calculismo desumano, para a morte e para a fria mecânica - para o golpe de força. Recorde-se também O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, em que a fórmula do pêndulo caracteriza o estrangulamento de um ser humano. Passo a citar: “O período de oscilação, T, é independente da massa do corpo suspenso (igualdade de todos os homens perante Deus)...”. Também aqui a fórmula constitui uma referência irônica à marginalização do sujeito, reduzido à “massa inerte” suspensa.

(Adaptado de Klaus R. Mecke, A imagem da Física na Literatura. Gazeta de Física, 2004, p. 6-7.)

Segundo Mecke, a função literária de algumas noções da Física, presentes em determinados romances, expressa

A
a falta de liberdade do sujeito nas relações sociais, mas o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está incorreto.
B
a revogação parcial das leis da natureza, e o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está correto.
C
a concordância quanto ao modo como representamos a natureza, mas o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está incorreto.
D
a privação da liberdade do ser humano, e o uso da independência do período do pêndulo simples com a massa do corpo suspenso, feito por Umberto Eco, está correto.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

"A noção de programa genético (...) desempenhou um papel importante no lançamento do Projeto Genoma Humano, fazendo com que se acreditasse que a decifração de um genoma, à maneira de um livro com instruções de um longo programa, permitiria decifrar ou compreender toda a natureza humana ou, no mínimo, o essencial dos mecanismos de ocorrência das doenças. Em suma, a fisiopatologia poderia ser reduzida à genética, já que toda doença seria reduzida a um ou diversos erros de programação, isto é, à alteração de um ou diversos genes".

(Edgar Morin, A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Jornadas temáticas idealizadas e dirigidas por Edgar Morin. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Ltda, 2012, p. 157.)

A expressão programa genético, mencionada no trecho anterior, é

A
uma alegoria, pois sintetiza os mecanismos moleculares subjacentes ao funcionamento dos genes e dos cromossomos no contexto ficcional de um programa de computador.
B
uma analogia, pois diferencia os mecanismos moleculares subjacentes ao código genético e ao funcionamento dos cromossomos dos códigos de um programa de computador.
C
uma metáfora, pois iguala toda a informação genética e os mecanismos moleculares subjacentes ao funcionamento e expressão dos genes com as instruções e os comandos de um programa.
D
uma analogia, pois contrasta os mecanismos moleculares dos genes nos cromossomos e das doenças causadas por eles com as linhas de comando de um programa de computador.
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre as representações históricas da morte no Ocidente, Philippe Ariès e Alcir Pécora comentam:

“O moribundo está deitado, cercado por seus amigos e familiares. Está prestes a executar os ritos que bem conhecemos. (...) Seres sobrenaturais invadiram o quarto e se comprimem na cabeceira do ‘jacente’. A grande reunião que nos séculos XII e XIII tinha lugar no final dos tempos se faz, então, a partir do século XV, no quarto do enfermo.”

(Philippe Ariès, História da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012, p. 53.)

“(...) essa espécie de arte de morrer de Vieira se opõe à tradição das artes moriendi fundadas na preparação para a ‘última prova’ que acontece apenas no quarto do moribundo. Não é mais lá que se decide a salvação ou a condenação do cristão, mas no exato momento de suas escolhas e ações ao longo da vida, vale dizer, na resolução adequada a ser tomada hic et nunc (aqui e agora).”

(Alcir Pécora, A arte de morrer, segundo Vieira, em Antonio Vieira, Sermões de quarta-feira de cinza. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2016. p.51.)

Com base nos excertos anteriores e na leitura dos três Sermões de Quarta-feira de Cinza, assinale a alternativa correta.

A
Em Ariès, a salvação ou danação ocorre no quarto do moribundo, mas nos sermões de Vieira é a atenção ao momento presente e a decisão correta que importam para o cristão.
B
A afirmação de Alcir Pécora é válida somente para o primeiro sermão, pois os dois últimos sermões retomam o tema do fim dos tempos e da agonia do moribundo para a fé cristã.
C
Segundo Ariès, o drama da salvação se dá na imagem do quarto do moribundo. Essa imagem é decisiva para a compreensão do terceiro sermão.
D
Para Alcir Pécora, o que distingue os sermões de Vieira dos discursos sobre a morte nesse período é a ênfase do padre jesuíta na ação futura.