Questõesde UNB sobre Interpretação de Textos

O refrão do poema — “Meu canto de morte,/ Guerreiros, ouvi” — remete ao passado do personagem épico I-Juca Pirama, como indica o emprego da forma verbal “ouvi”, flexionada no pretérito do indicativo.

No contexto da literatura brasileira do século XIX, era incomum o recurso a protagonistas ameríndios em poemas épicos e romances. Especialmente os autores que se filiavam ao romantismo tenderam a dar destaque, nos seus textos a heróis de proveniência europeia, como forma de rejeitar o projeto de uma identidade brasileira, bem como de restaurar os laços com a cultura europeia, que haviam sido cortados desde a independência.

A imagem final do poema extrai sua eficácia estética do atrito entre a beleza de uma imagem comumente associada à esperança (aurora) e a condição trágica da inusitada mistura de cores que resulta do assassinato do leiteiro (leite e sangue).

Pela maneira como são apresentados sentimentos em um modelo poético sucinto e inspirado na tradição clássica, o poema pode ser considerado um diálogo de Carlos Drummond de Andrade com a poesia do grupo de poetas brasileiros que ficou conhecido como Geração de 45.

O narrador enuncia os fatos de forma a aderir ao ponto de vista do senhor que mata o leiteiro por acidente, como se verifica na forma sutil com que avalia como imprudente a ação do personagem que entrega leite em domicílio.

O leiteiro é um personagem caracterizado no poema sobretudo em sua dimensão psicológica, o que aproxima a estrutura do poema à de um texto jornalístico.

O autor emprega recursos linguísticos para expressar, de forma impessoal, a voz da ideologia que fundamenta a atitude do senhor que atira no leiteiro sem refletir sobre o real perigo de tal ato.

Nos seis versos iniciais do poema, a impessoalidade poética é reforçada pelo emprego de orações sem sujeito ou com sujeito indeterminado. Tal impessoalidade contrasta com a aproximação entre narrador e personagem, marcada, textualmente, pelo emprego do pronome “Meu” no verso “Meu leiteiro tão sutil” (v.20).

O segmento “envolvidas no transporte de sedimentos” (L.5) acrescenta ao texto informação que caracteriza tipos específicos de ondas e correntes marinhas cuja ação transforma o relevo.

Na última estrofe, fica evidenciada a insignificância do homem na perspectiva divina.

Infere-se do texto que a existência da atmosfera terrestre se deve à presença humana na Terra.

O autor defende que a instituição judiciária deveria ser receptiva às determinações da ciência.

O autor constata que assegurar direitos iguais no acesso à justiça criminal requer a supremacia do Poder Executivo sobre o Legislativo.

O texto defende que o sistema de justiça criminal brasileiro tem-se mostrado eficiente no tratamento da criminalidade, prescindindo de reformas nas suas práticas profissionais.

No trecho “Os que não se beneficiassem” (L.5), está subentendida a palavra cidadãos após o artigo “Os”.

Seriam mantidos a correção gramatical e os sentidos originais do texto se a expressão “perante a lei” (L.8) fosse deslocada, entre vírgulas, para após a forma verbal “são” (L.7).

Na linha 9, a locução verbal “tem de infligir” corresponde a deve transgredir.

Nas linhas 14 e 15, na fala atribuída ao torturador, foi usada a linguagem coloquial. Esse trecho poderia ser expresso corretamente em linguagem formal: Não há de se evocar Deus, porque, aqui, Deus somos nós mesmos.

No texto, o autor questiona o discurso da ciência que vem em socorro da justiça, pois, segundo ele, tal discurso desconsidera as próprias regras legais para poder instituir a verdade, o que acaba por constituir um paradoxo, dado que a verdade da lei não deve ser científica e os dois discursos se excluem mutuamente.

Assinale a opção que está de acordo com as ideias desenvolvidas no texto de Michel Foucault.