O poema é um soneto, composição textual que
tem quatro estrofes e quatorze versos. As rimas
apresentam o seguinte esquema:
abba/abba/cdc/dcd. A medida rígida do soneto
requer o trabalho racional com a linguagem e
com a exposição dos sentimentos.
XXVIII
Que nele se transforme o peito amante;
Daqui vem, que a minha alma delirante
Se não distingue já do meu cuidado.
Nesta doce loucura arrebatado
Anarda cuido ver, bem que distante;
Mas ao passo, que a busco, neste instante
Me vejo no meu mal desenganado.
Pois se Anarda em mim vive, e eu nela vivo,
E por força da ideia me converto
Na bela causa do meu fogo ativo;
Como nas tristes lágrimas, que verto,
Ao querer contrastar seu gênio esquivo,
Tão longe dela estou, e estou tão perto.