Questõesde FGV 2014 sobre Português

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Foram encontradas 56 questões
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FGV 2014 - Português - Funções morfossintáticas da palavra COMO, Regência, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Orações subordinadas adverbiais: Causal, Comparativa, Consecutiva, Concessiva, Condicional...

Sem que haja alteração de sentido do texto, assinale a alternativa correta quanto à regência verbal.

    Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com a fita verde- amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar. E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o vagabundo que tanto lhe desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão, achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.

– Meu compadre, uma mulher como a D. Inês é para ser respeitada.

– E o capitão desrespeitou a velha, compadre?

– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros, que é homem, borrou-se todo quando lhe entrou um cangaceiro no estabelecimento. Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da força da polícia fazendo o diabo com o povo.

(José Lins do Rego, Fogo Morto)

A
Quando o Capitão Vitorino chegou na sua casa, Mestre José Amaro foi cumprimentar-lhe.
B
Mestre José Amaro lembrou-se que tinha desfeito a imagem de Vitorino como um bobo.
C
A forma solícita como Vitorino tratou a filha vinha de encontro à imagem dele como pobre bobo.
D
Vitorino não se simpatizava de Quinca Napoleão e lhe desaprovava o que fizera a D. Inês.
E
Vitorino não era amigo de Quinca Napoleão, pensava de que ele vivia de roubar o povo.
5b6f305a-3c
FGV 2014 - Português - Colocação Pronominal, Problemas da língua culta, Morfologia - Pronomes

A colocação do pronome está adequada à situação comunicativa da narrativa literária, mas está em desacordo com a norma-padrão, na seguinte passagem do texto:

    Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com a fita verde- amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar. E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o vagabundo que tanto lhe desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão, achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.

– Meu compadre, uma mulher como a D. Inês é para ser respeitada.

– E o capitão desrespeitou a velha, compadre?

– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros, que é homem, borrou-se todo quando lhe entrou um cangaceiro no estabelecimento. Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da força da polícia fazendo o diabo com o povo.

(José Lins do Rego, Fogo Morto)

A
E quando viu o compadre alegrou-se.
B
Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem.
C
... Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo...
D
... para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre.
E
Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado.
5b647052-3c
FGV 2014 - Português - Ortografia, Grafia e Emprego de Iniciais Maiúsculas

O trabalho humano se apresentou sob diferentes formas no decorrer da história da humanidade. Ao longo dos anos, os trabalhadores foram submetidos a condições subumanas, sem proteção alguma, fato este que exigiu atitude por parte do Estado______ de tutelar a classe proletária. O ápice para________ melhoras foi com o advento da Revolução Industrial. A partir de então, diversos países_______ inúmeros direitos à classe trabalhadora, e elevou-se o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana como fundamento do ordenamento jurídico pátrio.

(www.ambito-juridico.com.br. Adaptado)

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:

A
afim ... revindicar ... ratificaram
B
a fim ... reivindicar ... ratificaram
C
afim ... reinvindicar ... retificaram
D
a fim ... revindicar ... retificaram
E
a fim ... reinvindicar ... retificaram
5b54f313-3c
FGV 2014 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Sílaba: Monossílabos, Dissílabos, Trissílabos, Polissílabos

Dentre outros fatores, o ritmo do poema é garantido com o emprego recorrente de palavras

Redundâncias

Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida

Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos

E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
(Ferreira Gullar, Muitas vozes)
A
monossílabas tônicas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de passado e presente.
B
oxítonas e dissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de causa e consequência.
C
paroxítonas e dissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de oposição de sentido.
D
oxítonas trissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de negação e afirmação.
E
paroxítonas trissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de afirmação e inclusão.
5b5f8909-3c
FGV 2014 - Português - Pronomes demonstrativos, Morfologia - Pronomes

Determinado pronome demonstrativo, “quando, no singular masculino, equivale a isto, isso, aquilo...”.

(Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo)


Redundâncias

Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida

Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos

E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
(Ferreira Gullar, Muitas vozes)
A
é coisa dos vivos
B
de tudo o que é vida
C
E ninguém vive a morte
D
quer morto quer vivo
E
mera noção que existe
5b5a67d8-3c
FGV 2014 - Português - Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe

Em relação à oração – é coisa dos vivos –, os enunciados – Ter medo da morte – (1.ª estrofe) e – Ter apego ao mundo – (2.ª estrofe) exercem a função sintática de

Redundâncias

Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida

Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos

E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
(Ferreira Gullar, Muitas vozes)
A
sujeito.
B
predicativo do sujeito.
C
objeto direto.
D
adjunto adnominal.
E
complemento nominal.
5b4ef10c-3c
FGV 2014 - Português - Flexão verbal de número (singular, plural), Flexão verbal de pessoa (1ª, 2ª, 3ª pessoa), Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Verbos auxiliares, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo)

1,7% dos municípios brasileiros, e apenas isso, _____monitorado a qualidade do ar. ______ no país 252 estações que efetuam esse acompanhamento ambiental – nos EUA são cinco mil estações. Os dados_____ estudo exclusivo do Instituto Saúde e Sustentabilidade.

(IstoÉ, 16.07.2014. Adaptado)

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:


A
têm ... Têm ... compõe
B
tem ... Funcionam ... compõe
C
tem ... Existe ... compõe
D
têm ... Há ... compõem
E
têm ... Instalou-se ... compõem
5b4510fd-3c
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Observe os enunciados:

– ... planando sobre os campos ressecados... (2.º parágrafo)

– ... tentando controlar a chuva. (2.º parágrafo)

– ... em mais um ano de secas severas. (3.º parágrafo)

No contexto em que estão empregados, os termos em destaque significam, respectivamente:

   Leia o texto para responder às questões de números 122 a 125.

    Nuvens contêm uma quantidade impressionante de água. Mesmo as pequenas podem reter um volume de 750 km³ de água e, se calcularmos meio grama de água por metro cúbico, essas minúsculas gotas flutuantes podem formar verdadeiros lagos voadores.

   Imagine a situação de um agricultor que observa, planando sobre os campos ressecados, nuvens contendo água mais que suficiente para salvar sua lavoura e deixar um bom saldo, mas que, em vez disso, produzem apenas algumas gotas antes de desaparecer no horizonte. É essa situação desesperadora que leva o mundo todo a gastar milhões de dólares todos os anos tentando controlar a chuva.

    Nos Estados Unidos, a tendência de extrair mais umidade do ar vem aumentando em mais um ano de secas severas. Em boa parte das planícies centrais e do sudoeste do país, os níveis de chuva, desde 2010, têm diminuído entre um e dois terços, com impacto direto nos preços do milho, trigo e soja. A Califórnia, fonte de boa parte das frutas e legumes que abastecem o país, ainda deve recuperar-se de uma seca que deixou seus reservatórios com metade da capacidade e áreas sem gelo perigosamente reduzidas. Em fevereiro, o Serviço Nacional do Clima divulgou que o estado tem uma chance em mil de se recuperar logo. Produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações por falta de umidade, e até a água potável está ameaçada.

(Scientific American Brasil, julho de 2014. Adaptado)

A
descendo, comandar e acentuadas.
B
voando, monitorar e inflexíveis.
C
sobrevoando, conter e rudes.
D
passando, fiscalizar e indulgentes.
E
pairando, dominar e rigorosas.
5b4a2fa5-3c
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Pontuação, Redação - Reescritura de texto, Uso da Vírgula

Assinale a alternativa em que o período, reescrito com base nas informações do texto, está correto quanto ao emprego da vírgula.

   Leia o texto para responder às questões de números 122 a 125.

    Nuvens contêm uma quantidade impressionante de água. Mesmo as pequenas podem reter um volume de 750 km³ de água e, se calcularmos meio grama de água por metro cúbico, essas minúsculas gotas flutuantes podem formar verdadeiros lagos voadores.

   Imagine a situação de um agricultor que observa, planando sobre os campos ressecados, nuvens contendo água mais que suficiente para salvar sua lavoura e deixar um bom saldo, mas que, em vez disso, produzem apenas algumas gotas antes de desaparecer no horizonte. É essa situação desesperadora que leva o mundo todo a gastar milhões de dólares todos os anos tentando controlar a chuva.

    Nos Estados Unidos, a tendência de extrair mais umidade do ar vem aumentando em mais um ano de secas severas. Em boa parte das planícies centrais e do sudoeste do país, os níveis de chuva, desde 2010, têm diminuído entre um e dois terços, com impacto direto nos preços do milho, trigo e soja. A Califórnia, fonte de boa parte das frutas e legumes que abastecem o país, ainda deve recuperar-se de uma seca que deixou seus reservatórios com metade da capacidade e áreas sem gelo perigosamente reduzidas. Em fevereiro, o Serviço Nacional do Clima divulgou que o estado tem uma chance em mil de se recuperar logo. Produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações por falta de umidade, e até a água potável está ameaçada.

(Scientific American Brasil, julho de 2014. Adaptado)

A
A Califórnia, ainda deve recuperar-se de uma seca que deixou seus reservatórios com metade da capacidade e áreas sem gelo perigosamente reduzidas.
B
Imagine que, um agricultor observa, nuvens contendo água mais que suficiente para salvar a sua lavoura, deixando um bom saldo.
C
Quando a situação fica desesperadora o mundo todo, para controlar a chuva gasta milhões de dólares todos os anos.
D
As nuvens pequenas, que podem reter um volume de 750 km³ de água, são capazes de formar verdadeiros lagos voadores.
E
O Serviço Nacional do Clima divulgou em fevereiro, que a chance de uma recuperação rápida da Califórnia, é de uma em mil.
5b3f04cf-3c
FGV 2014 - Português - Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia

No texto, são exemplos de palavras formadas por derivação prefixal e por derivação sufixal, respectivamente:

   Leia o texto para responder às questões de números 122 a 125.

    Nuvens contêm uma quantidade impressionante de água. Mesmo as pequenas podem reter um volume de 750 km³ de água e, se calcularmos meio grama de água por metro cúbico, essas minúsculas gotas flutuantes podem formar verdadeiros lagos voadores.

   Imagine a situação de um agricultor que observa, planando sobre os campos ressecados, nuvens contendo água mais que suficiente para salvar sua lavoura e deixar um bom saldo, mas que, em vez disso, produzem apenas algumas gotas antes de desaparecer no horizonte. É essa situação desesperadora que leva o mundo todo a gastar milhões de dólares todos os anos tentando controlar a chuva.

    Nos Estados Unidos, a tendência de extrair mais umidade do ar vem aumentando em mais um ano de secas severas. Em boa parte das planícies centrais e do sudoeste do país, os níveis de chuva, desde 2010, têm diminuído entre um e dois terços, com impacto direto nos preços do milho, trigo e soja. A Califórnia, fonte de boa parte das frutas e legumes que abastecem o país, ainda deve recuperar-se de uma seca que deixou seus reservatórios com metade da capacidade e áreas sem gelo perigosamente reduzidas. Em fevereiro, o Serviço Nacional do Clima divulgou que o estado tem uma chance em mil de se recuperar logo. Produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações por falta de umidade, e até a água potável está ameaçada.

(Scientific American Brasil, julho de 2014. Adaptado)

A
impressionante e quantidade.
B
quantidade e impacto.
C
perigosamente e controlar.
D
desaparecer e reservatórios.
E
potável e umidade.
5b39e5d1-3c
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Redação - Reescritura de texto

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa e sem alterar os sentidos do texto, a frase final pode ser reescrita da seguinte forma:

   Leia o texto para responder às questões de números 122 a 125.

    Nuvens contêm uma quantidade impressionante de água. Mesmo as pequenas podem reter um volume de 750 km³ de água e, se calcularmos meio grama de água por metro cúbico, essas minúsculas gotas flutuantes podem formar verdadeiros lagos voadores.

   Imagine a situação de um agricultor que observa, planando sobre os campos ressecados, nuvens contendo água mais que suficiente para salvar sua lavoura e deixar um bom saldo, mas que, em vez disso, produzem apenas algumas gotas antes de desaparecer no horizonte. É essa situação desesperadora que leva o mundo todo a gastar milhões de dólares todos os anos tentando controlar a chuva.

    Nos Estados Unidos, a tendência de extrair mais umidade do ar vem aumentando em mais um ano de secas severas. Em boa parte das planícies centrais e do sudoeste do país, os níveis de chuva, desde 2010, têm diminuído entre um e dois terços, com impacto direto nos preços do milho, trigo e soja. A Califórnia, fonte de boa parte das frutas e legumes que abastecem o país, ainda deve recuperar-se de uma seca que deixou seus reservatórios com metade da capacidade e áreas sem gelo perigosamente reduzidas. Em fevereiro, o Serviço Nacional do Clima divulgou que o estado tem uma chance em mil de se recuperar logo. Produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações por falta de umidade, e até a água potável está ameaçada.

(Scientific American Brasil, julho de 2014. Adaptado)

A
Produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações devido falta de umidade, e até ameaça da água potável.
B
Como há falta de umidade, produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações. Além disso, inclusive a água potável está ameaçada.
C
Falta umidade e ameaça de água potável, coisas com que se preocupa os produtores de amêndoas e suas plantações.
D
Falta umidade e ameaça à água potável existe, contudo os produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações.
E
Produtores de amêndoas estão preocupados com suas plantações que os transtornos se deve à falta de umidade e de água potável.
5b348e7e-3c
FGV 2014 - Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo, Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia

Leia os quadrinhos.

Nos quadrinhos, a sequência macroeconomia-microeconomia-nanoeconomia é empregada para

A
atenuar a ideia de queda do PIB.
B
fortalecer a ideia de um PIB alto.
C
reforçar a ideia de queda do PIB.
D
sugerir a ideia de estabilidade do PIB.
E
contestar a ideia de queda do PIB.
b70c2567-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Entre os recursos estilísticos de que lança mão o poeta na composição do poema, só NÃO se encontra

                Catar Feijão

1
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.


             João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.
A
a atenuação da distinção entre poesia e prosa.
B
a estrutura discursiva lógico-argumentativa.
C
o emprego de neologismos.
D
a personificação (ou prosopopeia).
E
o recurso sonoro da aliteração.
b5de13be-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considere as seguintes afirmações relativas ao poema de Cabral de Melo:

I O ideal de economia verbal, preconizado no poema, assemelha-se ao ideal estilístico do Graciliano Ramos de Vidas secas, também este sequioso de restringir-se ao essencial.

II O recurso ao “grão imastigável, de quebrar dente” e à “pedra [que] dá à frase seu grão mais vivo”, com o sentido que lhe dá Cabral de Melo, encontra-se presente no próprio poema que a reivindica.

III A ideia de se produzir uma obstrução da leitura como algo positivo participa do objetivo de se romper com os autoritarismos da percepção – desígnio frequente na literatura moderna, inclusive em autores estilisticamente muito diferentes de Cabral, como é o caso de Guimarães Rosa.

Está correto o que se afirma em

                Catar Feijão

1
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.


             João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.
A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
II e III, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.
b4a88317-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos

A comparação escolhida por João Cabral de Melo Neto para caracterizar o ato de escrever

                Catar Feijão

1
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.


             João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.
A
recupera para a literatura as concepções de poesia que orientavam a literatura de folhetos do Nordeste, ou “cordel”.
B
inverte certa concepção erudita da poesia, que a vê como atividade elevada, sublime, separada do cotidiano banal.
C
inscreve a poética do autor no Regionalismo literário, por vincular a representação literária a práticas locais bem determinadas.
D
reata com a tradição parnasiana, que concebia a arte poética como ofício de artesão ou artífice.
E
contrapõe-se ao elitismo do Modernismo paulista, que repudiava o primitivismo e as culturas rústicas.
b37669ef-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

       Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
       Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.


                                                             Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Ao configurar as Memórias póstumas de Brás Cubas como narrativa em primeira pessoa, conforme se verifica no trecho, Machado de Assis

A
deu um passo decisivo em direção ao Realismo, adotando os procedimentos mais típicos dessa escola.
B
visa a criticar o subjetivismo romântico e os excessos sentimentalistas em que este incorrera.
C
deu a palavra ao proprietário escravista e rentista brasileiro do Oitocentos, para que ele próprio exibisse sua desfaçatez.
D
parodia as Memórias de um sargento de milícias, retomando o registro narrativo que as caracterizava.
E
confere confiabilidade aos juízos do narrador, uma vez que este conhece os acontecimentos de que participou.
b2416dbf-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos

      Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
      Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.


                                                               Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

A leitura do excerto permite inferir vários traços de caráter do narrador-personagem. Entre os traços relacionados abaixo, o único que NÃO é abonado ou confirmado pelo texto é o que está em

A
exibicionismo.
B
populismo.
C
presunção.
D
irreverência.
E
vaidade.
b1086937-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos

      Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
      Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.


                                                              Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Pode-se apontar, no texto, a contradição, que repercute na obra a que ele pertence, entre

A
o discurso ostensivamente racional e as alegações incompatíveis com a esfera da razão.
B
o tom elevado, solene, e o vocabulário de caráter oral-popular.
C
a evidente filiação do narrador ao Espiritismo e sua referência ao Velho Testamento.
D
o caráter clássico da erudição do narrador e o romantismo de sua demanda de originalidade.
E
a frieza analítica da argumentação e a intensidade emocional do conteúdo nela veiculado.
af99b233-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

      Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
      Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.


                                                              Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Para a composição do texto, o autor recorre ao emprego reiterado do recurso da antítese, como se pode verificar nos pares de palavras “princípio" e “fim", e “nascimento" e “morte". Examine os seguintes pares de palavras, considerando a relação de sentido que eles têm no contexto.

I "campa" e “berço";
II “galante" e "novo";
III “introito" e “cabo";
IV “rijos" e “prósperos".

É correto afirmar que constituem antíteses apenas os pares

A
I e II.
B
I e IV.
C
I e III.
D
II e IV.
E
II, III e IV.
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FGV 2014 - Português - Análise sintática, Sintaxe

Argumento (Paulinho da Viola) 

Tá legal 
Eu aceito o argumento 
Mas não me altere o samba tanto assim 
Olha que a rapaziada está sentindo a falta 
De um cavaco, de um pandeiro 
Ou de um tamborim. 

Sem preconceito 
Ou mania de passado 
Sem querer ficar do lado 
De quem não quer navegar 
Faça como um velho marinheiro 
Que durante o nevoeiro 
Leva o barco devagar. 




No verso “Mas não me altere o samba tanto assim", o pronome “me" não exerce função sintática alguma. Segundo a gramática da língua portuguesa, trata-se de um recurso expressivo de que se serve a pessoa que fala para mostrar que está vivamente interessada no cumprimento da exortação feita. Constitui uso mais comum na linguagem coloquial.

Nas citações abaixo, todas extraídas de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, esse recurso ocorre em:

A
Mano Brás, que é que você vai fazer? perguntou-me aflita.
B
.. estou farto de filosofias que me não levam a coisa nenhuma
C
Mostrou que eu ia colocar-me numa situação difícil.
D
... achou que devia, como amigo e parente, dissuadir-me de semelhante ideia.
E
Ânimo, Brás Cubas; não me sejas palerma.