Questõesde ENEM sobre Português
Há quem ache difícil a leitura das bulas de remédios
por causa das letras reduzidas e dos termos técnicos que
deixam a compreensão das informações mais complicada.
Mas as indústrias já oferecem alternativas para ajudar na
leitura e no entendimento da bula.
Consultar a bula sem orientação médica pode ser
perigoso e causar ainda mais problemas para o paciente,
segundo um médico endocrinologista. “Ele pode ler alguns
termos técnicos e fazer má interpretação da bula, levando a
prejuízos no tratamento. Qualquer dúvida, é mais interessante
tirá-la com o médico que prescreveu o medicamento.”, explica.
Para facilitar o entendimento das informações que
constam das bulas, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária regulamentou algumas características com
relação ao formato e à linguagem usada. “A bula obrigatória
vem com perguntas e respostas, em termos simples e
compreensíveis, e ficou de mais fácil leitura. A indústria é
obrigada a oferecer bula em áudio, ou pode vir em tamanho
maior ou em braile. O paciente, entrando em contato com
a indústria, tem até dez dias para receber esse material.”,
afirma o presidente do Conselho Regional de Farmácia.
Disponível em: https://g1.globo.com.
Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
Considerando a função social do gênero reportagem,
a estratégia empregada nesse texto para dar credibilidade
às informações apresentadas é a
33ª poética
estou farta da materialidade embrulhada do signoda metalinguagem narcísica dos poetasdo texto de espelho em punho revirando os óculosmodernos
estou farta dessa falta enxutadessa ausência de objetos rotundos e contundentesdo conluio entre cifras e cifrantesda feminil hora quieta da palavrada lista (política raquítica sifilítica) de supersignoscabais: “duro ofício”, “espaço em branco”, “vocábulo delirante”,“traço infinito”quero antesa página atravancada de abajureso zoológico inteiro caindo pelas tabelasa sedução os maxilareso plágio atrozratas devorando ninhadas úmidasmultidões mostrando as dentinasmultidões desejantesdiluvianasbandos ilícitos fartos excessivos pesados ebastardosa pecar e por cimaos cortinados do pudorvedando tudocom gomade mascar
CESAR, A. C. Poética. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.
Recorrendo à intertextualidade e à metalinguagem, esse
poema expande os referentes da poética de Manuel
Bandeira ao
A rua
A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo.
Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada
casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos
seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer
as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor,
uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante
soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação,
e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais
niveladora das obras humanas.
JOÃO DO RIO. A alma encantadora das ruas.
São Paulo: Cia. das Letras, 2008.
Nesse trecho, as metáforas usadas pelo narrador
caracterizam a rua como um lugar que retrata a

Nesse anúncio publicitário, o trecho que concentra
concomitantemente marcas das funções conativa e
emotiva da linguagem é

Prima Julieta
Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a
feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda
garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela
uns trinta ou trinta e dois anos de idade.
Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa,
diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em
ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os
belos braços brancos. A cabeleira loura incluía reflexos
metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado
borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos: voz
de pessoa da alta sociedade.
MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.
Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o
modo como se organiza a própria composição textual,
tendo-se em vista o objetivo de seu autor: narrar,
descrever, argumentar, explicar, instruir. No trecho,
reconhece-se uma sequência textual
Se todos fossem iguais a você
Se todos fossem iguais a vocêQue maravilha viverUma canção pelo arUma mulher a cantarUma cidade a cantarA sorrir, a cantar, a pedirA beleza de amar
MORAES, V.; TOM JOBIM. Disponível em: http://letras.terra.com.br.
Acesso em: 16 set. 2011 (fragmento).
O locutor da letra da canção exalta as características de
uma pessoa ideal. O uso da palavra “se” contribui para
essa idealização, pois ela introduz no texto a
A animação Vida Maria
Produzido em computação gráfica 3D e finalizado
em 35 mm, o curta-metragem mostra personagens e
cenários modelados com texturas e cores pesquisadas
e capturadas no sertão cearense, no Nordeste do Brasil,
criando uma atmosfera realista e humanizada.
O filme nos mostra a história da rotina da personagem
Maria José, uma menina de cinco anos de idade que
se diverte aprendendo a escrever o nome, mas que é
obrigada pela mãe a abandonar os estudos e começar a
cuidar dos afazeres domésticos e trabalhar na roça.
Enquanto trabalha, ela cresce, casa e tem filhos e
depois envelhece, e o ciclo continua a se reproduzir nas
outras Marias suas filhas, netas e bisnetas.
Disponível em: www.revistaprosaversoearte.com. Acesso em: 1 nov. 2021.
Esse fragmento é caracterizado como gênero sinopse,
pois apresenta
Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa,
veio para a biblioteca, sentou-se a uma cadeira de balanço,
descansando. Estava num aposento vasto, e todo ele era
forrado de estantes de ferro. Havia perto de dez, com quatro
prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo.
Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleção
de livros havia de espantar-se ao perceber o espírito
que presidia a sua reunião. Na ficção, havia unicamente
autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da
Prosopopeia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama,
o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo,
o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros.
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008.
No texto, o uso do artigo definido anteposto aos nomes
próprios dos escritores brasileiros

LAERTE. Mapa-múndi. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 24 out. 2021.
Nesse cartum, a predominância da função poética da
linguagem manifesta-se na

Terça-feira, 30 de maio de 1893.
Eu gosto muito de todas as festas de Diamantina; mas
quando são na igreja do Rosário, que é quase pegada
à chácara de vovó, eu gosto ainda mais. Até parece que
a festa é nossa. E este ano foi mesmo. Foi sorteada para
rainha do Rosário uma ex-escrava de vovó chamada
Júlia e para rei um negro muito entusiasmado que eu
não conhecia. Coitada de Júlia! Ela vinha há muito tempo
ajuntando dinheiro para comprar um rancho. Gastou tudo
na festa e ainda ficou devendo. Agora é que eu vi como fica caro para os pobres dos negros serem reis por um dia.
Júlia com o vestido e a coroa já gastou muito. Além disso,
teve de dar um jantar para a corte toda. A rainha tem uma
caudatária que vai atrás segurando na capa que tem uma
grande cauda. Esta também é negra da chácara e ajudou
no jantar. Eu acho graça é no entusiasmo dos pretos
neste reinado tão curto. Ninguém rejeita o cargo, mesmo
sabendo a despesa que dá!
MORLEY, H. Minha vida de menina. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
O trecho apresenta marcas textuais que justificam
o emprego da linguagem coloquial. O tom informal do
discurso se deve ao fato de que se trata de um(a)
Terça-feira, 30 de maio de 1893.
Eu gosto muito de todas as festas de Diamantina; mas quando são na igreja do Rosário, que é quase pegada à chácara de vovó, eu gosto ainda mais. Até parece que a festa é nossa. E este ano foi mesmo. Foi sorteada para rainha do Rosário uma ex-escrava de vovó chamada Júlia e para rei um negro muito entusiasmado que eu não conhecia. Coitada de Júlia! Ela vinha há muito tempo ajuntando dinheiro para comprar um rancho. Gastou tudo na festa e ainda ficou devendo. Agora é que eu vi como fica caro para os pobres dos negros serem reis por um dia. Júlia com o vestido e a coroa já gastou muito. Além disso, teve de dar um jantar para a corte toda. A rainha tem uma caudatária que vai atrás segurando na capa que tem uma grande cauda. Esta também é negra da chácara e ajudou no jantar. Eu acho graça é no entusiasmo dos pretos neste reinado tão curto. Ninguém rejeita o cargo, mesmo sabendo a despesa que dá!
MORLEY, H. Minha vida de menina. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
O trecho apresenta marcas textuais que justificam
o emprego da linguagem coloquial. O tom informal do
discurso se deve ao fato de que se trata de um(a)
Proclamação do amor antigramática
“Dá-me um beijo”, ela me disse,E eu nunca mais voltei lá.Quem fala “dá-me” não ama,Quem ama fala “me dᔓDá-me um beijo” é que é correto,É linguagem de doutor,Mas “me dá” tem mais afeto,Beijo me-dado é melhor.A gramática foi feitaPor um velho professor,Por isso é tão má receitaPra dizer coisas de amor.O mestre pune com zeroQuem não diz “amo-te”. ApostoQue em casa ele é mais sinceroE diz pra mulher: “te gosto”Delírio dos olhos meus,Estás ficando antipática.Pelo diabo ou por deusManda às favas a gramática.Fala, meu cheiro de rosa,Do jeito que estou pedindo:“Hoje estou menas formosa,Com licença, vou se indo”.Comete miles de erros,Mistura tu com você,E eu proclamarei aos berros:“Vós és o meu bem querer”.
LAGO, M. Disponível em: www.mariolago.com.br. Acesso em: 30 out. 2021.
Nesse poema, o eu lírico defende o uso de algumas
estruturas consideradas inadequadas na norma-padrão
da língua. Esse uso, exemplificado por “me dá” e “te
gosto”, é legitimado

Disponível em: https://twitter.com/emicida. Acesso em: 23 out. 2021.
Nessa postagem dirigida aos seus seguidores de rede
social, o autor utiliza uma linguagem
Disponível em: https://twitter.com/emicida. Acesso em: 23 out. 2021.
Nessa postagem dirigida aos seus seguidores de rede social, o autor utiliza uma linguagem
Construindo uma irmandade da língua
A ideia de que a língua portuguesa é pertença de
todos os seus falantes é hoje quase pacífica. Só meia
dúzia de ultranacionalistas portugueses insiste ainda no
disparate de se julgar proprietário exclusivo do idioma.
Aliás, ao contrário da Commonwealth e da francofonia,
a irmandade da língua portuguesa não tem um único centro
ou voz dominante, e essa é precisamente uma das suas
maiores virtudes.
AGUALUSA, J. E. O Globo, 8 maio 2021 (adaptado).
Nesse texto, o termo “Aliás” articula dois enunciados
envolvidos numa mesma relação argumentativa,
construindo, para o segundo, uma ideia de
A solidão nas cidades grandes é muito mais um sinal da
precariedade do sentido da comunidade e da convivência,
é mais um problema sociocultural do que de escolha individual.
Certamente ela reflete a impossibilidade de retornar
às florestas, como um dia fez Henry Thoreau. As florestas
estão em extinção, assim como, curiosamente, a ideia de
humanidade. Resta fugir para a moderna caverna na selva
de pedra — sem querer reeditar lugares-comuns — que
é a casa de cada um.
A solidão é, assim, a categoria política que expressa
a nostalgia de uma vivência de si mesmo. Ela é, por isso,
a tentativa de preservar a subjetividade e a intimidade
consigo mesmo que não tem lugar no contexto de relações
sociais transformadas em mercadorias baratas.
A sociedade da antipolítica precisa tratar a solidão
como uma pena e um mal-estar quando não consegue
olhar para a miséria da vez: o fetiche da hiperconectividade,
que ilude que não somos sozinhos.
TIBURI, M. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 7 out. 2011.
Marcia Tiburi trata de um tema relevante para a sociedade
moderna: a convivência interpessoal e a hiperconectividade
vivenciada no ciberespaço. O texto classifica-se, quanto
ao gênero textual, como artigo de opinião, porque
Trechos do discurso de Ulysses Guimarães na
promulgação da Constituição em 1988
Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as
reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação
deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes
do discurso de posse como presidente da Assembleia
Nacional Constituinte.
Hoje, 5 de outubro de 1988, no que tange à
Constituição, a Nação mudou. A Constituição mudou
na sua elaboração, mudou na definição dos Poderes.
Mudou restaurando a federação, mudou quando quer
mudar o homem cidadão. E é só cidadão quem ganha
justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital
e remédio, lazer quando descansa.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o
fizemos com amor, aplicação e sem medo.
A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria
o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar,
sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.
Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios,
promulgamos o Estatuto do Homem, da Liberdade e da
Democracia, bradamos por imposição de sua honra.
Nós, os legisladores, ampliamos os nossos deveres.
Teremos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a
negligência e a inépcia.
O povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo
referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.
Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira,
desbravadora.
Termino com as palavras com que comecei esta fala.
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação
vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a
vontade política da sociedade rumo à mudança.
Que a promulgação seja o nosso grito.
Mudar para vencer. Muda, Brasil!
Disponível em: www.senadofederal.br. Acesso em: 30 out. 2021.
O discurso de Ulysses Guimarães apresenta
características de duas funções da linguagem: ora revela
a subjetividade de quem vive um momento histórico,
ora busca informar a população sobre a Carta Magna.
Essas duas funções manifestam-se, respectivamente,
nos trechos:

Esse cartaz tem como função social conquistar clientes
para um evento turístico, e, por isso, seria recomendável
que fosse escrito na norma-padrão da língua portuguesa.
O comentário acrescentado por um interlocutor sugere
que a grafia incorreta da palavra “excursão”

Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebe-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: "A partir de hoje, você não vai mais nem sentir cheiro dessas comidas!".
Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo.
Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.
PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).
Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da
Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebe-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: "A partir de hoje, você não vai mais nem sentir cheiro dessas comidas!".
Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo.
Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.
PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).
Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da