Questõesde UNESP sobre Escolas Literárias
Futurismo. O Manifesto Futurista, de autoria do poeta
italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), foi publicado em Paris em 1909. Nesse manifesto, Marinetti declara a
raiz italiana da nova estética: “queremos libertar esse país (a
Itália) de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos,
cicerones e antiquários”. Falando da Itália para o mundo, o
Futurismo coloca-se contra o “passadismo” burguês e o tradicionalismo cultural. A exaltação da máquina e da “beleza
da velocidade”, associada ao elogio da técnica e da ciência,
torna-se emblemática da nova atitude estética e política.
(https://enciclopedia.itaucultural.org.br. Adaptado.)
Verifica-se a influência dessa vanguarda artística nos seguintes versos do poeta português Fernando Pessoa:
Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante!
Outra vez a obsessão movimentada dos ônibus.
E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo
[dentro de todos os comboios
De todas as partes do mundo,
De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios,
Que a estas horas estão levantando ferro ou
[afastando-se das docas.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esprança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade.
O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso...
Não me compreendo nem no que, compreendendo, faço.
Não atinjo o fim ao que faço pensando num fim.
É diferente do que é o prazer ou a dor que abraço.
Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena
[cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como
[o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam
[a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre
[correria,
E sempre iria ter ao mar.
A obra Prisão de Tiradentes (datada de 1914), do pintor brasileiro Antônio Parreiras (1860-1937), remete a evento histórico
relacionado ao seguinte movimento literário brasileiro:
A obra Prisão de Tiradentes (datada de 1914), do pintor brasileiro Antônio Parreiras (1860-1937), remete a evento histórico
relacionado ao seguinte movimento literário brasileiro:
Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na conduta)
e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. O mito da pureza
da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade
dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura
brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo
perguntar se a visão luxuosa dos autores desse movimento
não representava para as classes dominantes uma espécie
de correlativo da prosperidade material e, para o comum dos
leitores, uma miragem compensadora que dava conforto.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
O texto refere-se ao movimento denominado
Tal movimento distingue-se pela atenuação do sentimentalismo e da melancolia, a ausência quase completa de interesse político no contexto da obra (embora não na conduta) e (como os modelos franceses) pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico. O mito da pureza da língua, do casticismo vernacular abonado pela autoridade dos autores clássicos, empolgou toda essa fase da cultura brasileira e foi um critério de excelência. É possível mesmo perguntar se a visão luxuosa dos autores desse movimento não representava para as classes dominantes uma espécie de correlativo da prosperidade material e, para o comum dos leitores, uma miragem compensadora que dava conforto.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
O texto refere-se ao movimento denominado
Do segundo ao último verso da primeira estrofe do poema, revelam-se características marcantes do Romantismo:
Instrução: A questão toma por base um fragmento de Glória moribunda, do poeta romântico brasileiro Álvares de Azevedo (1831-1852).
É uma visão medonha uma caveira?
Não tremas de pavor, ergue-a do lodo.
Foi a cabeça ardente de um poeta,
Outrora à sombra dos cabelos loiros.
Quando o reflexo do viver fogoso
Ali dentro animava o pensamento,
Esta fronte era bela. Aqui nas faces
Formosa palidez cobria o rosto;
Nessas órbitas — ocas, denegridas! —
Como era puro seu olhar sombrio!
Agora tudo é cinza. Resta apenas
A caveira que a alma em si guardava,
Como a concha no mar encerra a pérola,
Como a caçoula a mirra incandescente.
Tu outrora talvez desses-lhe um beijo;
Por que repugnas levantá-la agora?
Olha-a comigo! Que espaçosa fronte!
Quanta vida ali dentro fermentava,
Como a seiva nos ramos do arvoredo!
E a sede em fogo das ideias vivas
Onde está? onde foi? Essa alma errante
Que um dia no viver passou cantando,
Como canta na treva um vagabundo,
Perdeu-se acaso no sombrio vento,
Como noturna lâmpada apagou-se?
E a centelha da vida, o eletrismo
Que as fibras tremulantes agitava
Morreu para animar futuras vidas?
Sorris? eu sou um louco. As utopias,
Os sonhos da ciência nada valem.
A vida é um escárnio sem sentido,
Comédia infame que ensanguenta o lodo.
Há talvez um segredo que ela esconde;
Mas esse a morte o sabe e o não revela.
Os túmulos são mudos como o vácuo.
Desde a primeira dor sobre um cadáver,
Quando a primeira mãe entre soluços
Do filho morto os membros apertava
Ao ofegante seio, o peito humano
Caiu tremendo interrogando o túmulo...
E a terra sepulcral não respondia.
(Poesias completas, 1962.)
Tal movimento não era apenas um movimento europeu
de caráter universal, conquistando uma nação após outra
e criando uma linguagem literária universal que, em última
análise, era tão inteligível na Rússia e na Polônia quanto na
Inglaterra e na França; ele também provou ser uma daquelas
correntes que, como o Classicismo da Renascença, subsistiu
como fator duradouro no desenvolvimento da arte. Na verdade, não existe produto da arte moderna, nenhum impulso emocional, nenhuma impressão ou estado de espírito do
homem moderno, que não deva sua sutileza e variedade à
sensibilidade que se desenvolveu a partir desse movimento.
Toda exuberância, anarquia e violência da arte moderna, seu
lirismo balbuciante, seu exibicionismo irrestrito e profuso, derivaram dele. E essa atitude subjetiva e egocêntrica tornou-se
de tal modo natural para nós, tão absolutamente inevitável,
que nos parece impossível reproduzir sequer uma sequência abstrata de pensamento sem fazer referência aos nossos
sentimentos.
(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1995. Adaptado.)
O texto refere-se ao movimento denominado
Tal movimento não era apenas um movimento europeu
de caráter universal, conquistando uma nação após outra
e criando uma linguagem literária universal que, em última
análise, era tão inteligível na Rússia e na Polônia quanto na
Inglaterra e na França; ele também provou ser uma daquelas
correntes que, como o Classicismo da Renascença, subsistiu
como fator duradouro no desenvolvimento da arte. Na verdade, não existe produto da arte moderna, nenhum impulso emocional, nenhuma impressão ou estado de espírito do
homem moderno, que não deva sua sutileza e variedade à
sensibilidade que se desenvolveu a partir desse movimento.
Toda exuberância, anarquia e violência da arte moderna, seu
lirismo balbuciante, seu exibicionismo irrestrito e profuso, derivaram dele. E essa atitude subjetiva e egocêntrica tornou-se
de tal modo natural para nós, tão absolutamente inevitável,
que nos parece impossível reproduzir sequer uma sequência abstrata de pensamento sem fazer referência aos nossos
sentimentos.
(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1995. Adaptado.)
O texto refere-se ao movimento denominado
Esse movimento descobriu algo que ainda não havia
sido conhecido ou enfatizado antes: a “poesia pura”,
a poesia que surge do espírito irracional, não conceitual
da linguagem, oposto a toda interpretação lógica. Assim, a
poesia nada mais é do que a expressão daquelas relações
e correspondências, que a linguagem, abandonada a si
mesma, cria entre o concreto e o abstrato, o material e o
ideal, e entre as diferentes esferas dos sentidos.
Sendo a vida misteriosa e inexplicável, como pensavam
os adeptos desse movimento, era natural que fosse
representada de maneira imprecisa, vaga, nebulosa, ilógica
e ininteligível.
(Afrânio Coutinho. Introdução à literatura no Brasil, 1976. Adaptado.)
O comentário do crítico Afrânio Coutinho refere-se ao
movimento literário denominado
Esse movimento descobriu algo que ainda não havia sido conhecido ou enfatizado antes: a “poesia pura”, a poesia que surge do espírito irracional, não conceitual da linguagem, oposto a toda interpretação lógica. Assim, a poesia nada mais é do que a expressão daquelas relações e correspondências, que a linguagem, abandonada a si mesma, cria entre o concreto e o abstrato, o material e o ideal, e entre as diferentes esferas dos sentidos.
Sendo a vida misteriosa e inexplicável, como pensavam os adeptos desse movimento, era natural que fosse representada de maneira imprecisa, vaga, nebulosa, ilógica e ininteligível.
(Afrânio Coutinho. Introdução à literatura no Brasil, 1976. Adaptado.)
O comentário do crítico Afrânio Coutinho refere-se ao movimento literário denominado
De fato, este romance constitui um dos poucos romances
cômicos do romantismo nacional, afastando-se
dos traços idealizantes que caracterizam boa parte das
obras “sérias” dos autores de então. O modo pelo qual
este romance pinta a sociedade, representado-a a partir
de um ângulo abertamente cômico e satírico, também era
relativamente novo nas letras brasileiras do século XIX.
(Mamede Mustafa Jarouche.
“Galhofa sem melancolia”, 2003. Adaptado.)
O comentário refere-se ao romance
De fato, este romance constitui um dos poucos romances cômicos do romantismo nacional, afastando-se dos traços idealizantes que caracterizam boa parte das obras “sérias” dos autores de então. O modo pelo qual este romance pinta a sociedade, representado-a a partir de um ângulo abertamente cômico e satírico, também era relativamente novo nas letras brasileiras do século XIX.
(Mamede Mustafa Jarouche. “Galhofa sem melancolia”, 2003. Adaptado.)
O comentário refere-se ao romance
A poesia dos antigos era a da posse, a dos novos é
a da saudade (e anseio); aquela se ergue, firme, no chão
do presente; esta oscila entre recordação e pressentimento.
O ideal grego era a concórdia e o equilíbrio perfeitos
de todas as forças; a harmonia natural. Os novos, porém,
adquiriram a consciência da fragmentação interna que
torna impossível este ideal; por isso, a sua poesia aspira
a reconciliar os dois mundos em que se sentem divididos,
o espiritual e o sensível, fundindo-os de um modo indissolúvel.
Os antigos solucionam a sua tarefa, chegando à
perfeição; os novos só pela aproximação podem satisfazer
o seu anseio do infinito.
(August Schlegel apud Anatol Rosenfeld.
Texto/Contexto I, 1996. Adaptado.)
Os “novos” a que se refere o escritor alemão August Schlegel
são os poetas
A poesia dos antigos era a da posse, a dos novos é a da saudade (e anseio); aquela se ergue, firme, no chão do presente; esta oscila entre recordação e pressentimento. O ideal grego era a concórdia e o equilíbrio perfeitos de todas as forças; a harmonia natural. Os novos, porém, adquiriram a consciência da fragmentação interna que torna impossível este ideal; por isso, a sua poesia aspira a reconciliar os dois mundos em que se sentem divididos, o espiritual e o sensível, fundindo-os de um modo indissolúvel. Os antigos solucionam a sua tarefa, chegando à perfeição; os novos só pela aproximação podem satisfazer o seu anseio do infinito.
(August Schlegel apud Anatol Rosenfeld. Texto/Contexto I, 1996. Adaptado.)
Os “novos” a que se refere o escritor alemão August Schlegel são os poetas
Quando este(a) autor(a) publicou seu primeiro livro, duas
vertentes assinalavam o panorama da ficção brasileira: o regionalismo
e a reação espiritualista. Sua obra vai representar
uma síntese feliz das duas vertentes. Como regionalista, volta-se
para os interiores do país, pondo em cena personagens
plebeias e “típicas”. Leva a sério a função da literatura como
documento, ao ponto de reproduzir a linguagem característica
daquelas paragens. Porém, como os autores da reação
espiritualista, descortina largo sopro metafísico, costeando o
sobrenatural, em demanda da transcendência. No que superou
a ambas, distanciando-se, foi no apuro formal, no caráter
experimentalista da linguagem, na erudição poliglótica, no
trato com a literatura universal de seu tempo, de que nenhuma
das vertentes dispunha, ou a que não atribuíam importância.
E no fato de escrever prosa como quem escreve poesia
– ou seja, palavra por palavra, ou até fonema por fonema.
(Walnice Nogueira Galvão. “Introdução”, 2000. Adaptado.)
Esse comentário refere-se a
Quando este(a) autor(a) publicou seu primeiro livro, duas vertentes assinalavam o panorama da ficção brasileira: o regionalismo e a reação espiritualista. Sua obra vai representar uma síntese feliz das duas vertentes. Como regionalista, volta-se para os interiores do país, pondo em cena personagens plebeias e “típicas”. Leva a sério a função da literatura como documento, ao ponto de reproduzir a linguagem característica daquelas paragens. Porém, como os autores da reação espiritualista, descortina largo sopro metafísico, costeando o sobrenatural, em demanda da transcendência. No que superou a ambas, distanciando-se, foi no apuro formal, no caráter experimentalista da linguagem, na erudição poliglótica, no trato com a literatura universal de seu tempo, de que nenhuma das vertentes dispunha, ou a que não atribuíam importância. E no fato de escrever prosa como quem escreve poesia – ou seja, palavra por palavra, ou até fonema por fonema.
(Walnice Nogueira Galvão. “Introdução”, 2000. Adaptado.)
Esse comentário refere-se a
A partir do início do século XX, na França, alguns artistas
vão subverter a concepção que se tinha da pintura. Em vez
de simplesmente representar o que era visto, eles decidem
representar aquilo que não podia ser visto. Os rostos de perfil
têm dois olhos, a natureza se decompõe em formas geométricas... a realidade se revela em todas as suas facetas, como
um cubo achatado.
(Christian Demilly. Arte em movimentos
e outras correntes do século XX, 2016. Adaptado.)
Uma obra representativa da estética à qual o texto se refere
está reproduzida em:
A partir do início do século XX, na França, alguns artistas vão subverter a concepção que se tinha da pintura. Em vez de simplesmente representar o que era visto, eles decidem representar aquilo que não podia ser visto. Os rostos de perfil têm dois olhos, a natureza se decompõe em formas geométricas... a realidade se revela em todas as suas facetas, como um cubo achatado.
(Christian Demilly. Arte em movimentos e outras correntes do século XX, 2016. Adaptado.)
Uma obra representativa da estética à qual o texto se refere está reproduzida em:
Desde já a ciência entra, portanto, no nosso domínio de
romancistas, nós que somos agora analistas do homem, em
sua ação individual e social. Continuamos, pelas nossas observações
e experiências, o trabalho do fisiólogo que continuou
o do físico e o do químico. Praticamos, de certa forma, a
Psicologia científica, para completar a Fisiologia científica; e,
para acabar a evolução, temos tão somente que trazer para
nossos estudos sobre a natureza e o homem o instrumento
decisivo do método experimental. Em uma palavra, devemos
trabalhar com os caracteres, as paixões, os fatos humanos
e sociais, como o químico e o físico trabalham com os corpos
brutos, como o fisiólogo trabalha com os corpos vivos.
O determinismo domina tudo. É a investigação científica, é o
raciocínio experimental que combate, uma por uma, as hipóteses dos idealistas, e substitui os romances de pura imaginação
pelos romances de observação e de experimentação.
(Émile Zola. O romance experimental, 1982. Adaptado.)
Depreendem-se do comentário do escritor francês Émile Zola
preceitos que orientam a corrente literária
Desde já a ciência entra, portanto, no nosso domínio de romancistas, nós que somos agora analistas do homem, em sua ação individual e social. Continuamos, pelas nossas observações e experiências, o trabalho do fisiólogo que continuou o do físico e o do químico. Praticamos, de certa forma, a Psicologia científica, para completar a Fisiologia científica; e, para acabar a evolução, temos tão somente que trazer para nossos estudos sobre a natureza e o homem o instrumento decisivo do método experimental. Em uma palavra, devemos trabalhar com os caracteres, as paixões, os fatos humanos e sociais, como o químico e o físico trabalham com os corpos brutos, como o fisiólogo trabalha com os corpos vivos. O determinismo domina tudo. É a investigação científica, é o raciocínio experimental que combate, uma por uma, as hipóteses dos idealistas, e substitui os romances de pura imaginação pelos romances de observação e de experimentação.
(Émile Zola. O romance experimental, 1982. Adaptado.)
Depreendem-se do comentário do escritor francês Émile Zola preceitos que orientam a corrente literária
Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea,
pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema,
assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas
simples, contornos relativamente nítidos e supressão do
espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e
manufaturadas para consumo de massa.
(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adaptado.)
O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra
reproduzida em:
Essa nova sensibilidade artística, apesar de heterogênea, pode ser resumida através da atenção à forma e ao tema, assim como ao processo. A forma inclui cores saturadas, formas simples, contornos relativamente nítidos e supressão do espaço profundo. O tema deriva de fontes preexistentes e manufaturadas para consumo de massa.
(David McCarthy. Movimentos da arte moderna, 2002. Adaptado.)
O comentário do historiador David McCarthy aplica-se à obra reproduzida em:
Outro traço importante da poesia de Álvares de Azevedo
é o gosto pelo prosaísmo e o humor, que formam a vertente
para nós mais moderna do Romantismo. A sua obra
é a mais variada e complexa no quadro da nossa poesia
romântica; mas a imagem tradicional de poeta sofredor e
desesperado atrapalhou a reconhecer a importância de sua
veia humorística.
(Antonio Candido. “Prefácio”.
In: Álvares de Azevedo. Melhores poemas, 2003. Adaptado.)
A veia humorística ressaltada pelo crítico Antonio Candido na
poesia de Álvares de Azevedo está bem exemplificada em:
Outro traço importante da poesia de Álvares de Azevedo é o gosto pelo prosaísmo e o humor, que formam a vertente para nós mais moderna do Romantismo. A sua obra é a mais variada e complexa no quadro da nossa poesia romântica; mas a imagem tradicional de poeta sofredor e desesperado atrapalhou a reconhecer a importância de sua veia humorística.
(Antonio Candido. “Prefácio”. In: Álvares de Azevedo. Melhores poemas, 2003. Adaptado.)
A veia humorística ressaltada pelo crítico Antonio Candido na poesia de Álvares de Azevedo está bem exemplificada em:
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?
Ontem tinha chovido... Que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
Os autores deste movimento pregavam a simplicidade,
quer nos temas de suas composições, quer como sistema de
vida: aplaudindo os que, na Antiguidade e na Renascença,
fugiam ao burburinho citadino para se isolar nas vilas, pregavam
a “áurea mediocridade”, a dourada mediania existencial,
transcorrida sem sobressaltos, sem paixões ou desejos. Regressar
à Natureza, fundir-se nela, contemplar-lhe a quietude
permanente, buscar as verdades que lhe são imanentes – em
suma, perseguir a naturalidade como filosofia de vida.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
O comentário do crítico Massaud Moisés refere-se ao seguinte
movimento literário:
Os autores deste movimento pregavam a simplicidade, quer nos temas de suas composições, quer como sistema de vida: aplaudindo os que, na Antiguidade e na Renascença, fugiam ao burburinho citadino para se isolar nas vilas, pregavam a “áurea mediocridade”, a dourada mediania existencial, transcorrida sem sobressaltos, sem paixões ou desejos. Regressar à Natureza, fundir-se nela, contemplar-lhe a quietude permanente, buscar as verdades que lhe são imanentes – em suma, perseguir a naturalidade como filosofia de vida.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
O comentário do crítico Massaud Moisés refere-se ao seguinte movimento literário:
Leia um trecho do “Manifesto do Surrealismo", publicado
por André Breton em 1924.
Surrealismo: Automatismo psíquico por meio do qual
alguém se propõe a exprimir o funcionamento real do pensamento.
Ditado do pensamento, na ausência de controle
exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral.
O Surrealismo assenta-se na crença da realidade superior
de certas formas de associação, negligenciadas até
aqui, na onipotência do sonho, no jogo desinteressado do
pensamento.
(Apud Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia
e Modernismo brasileiro, 1992. Adaptado.)
Tendo em vista as considerações de André Breton, assinale
a alternativa cujos versos revelam influência do Surrealismo.
Surrealismo: Automatismo psíquico por meio do qual alguém se propõe a exprimir o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de controle exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral.
O Surrealismo assenta-se na crença da realidade superior de certas formas de associação, negligenciadas até aqui, na onipotência do sonho, no jogo desinteressado do pensamento.
(Apud Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia e Modernismo brasileiro, 1992. Adaptado.)
Tendo em vista as considerações de André Breton, assinale a alternativa cujos versos revelam influência do Surrealismo.
os sinos secavam as flores
as flores eram cabeças de santos.
Minha memória cheia de palavras
meus pensamentos procurando fantasmas
meus pesadelos atrasados de muitas noites.
(João Cabral de Melo Neto, “Noturno", em Pedra do sono.)
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé.
Comprida história que não acaba mais.
(Carlos Drummond de Andrade, “Infância", em Alguma poesia.)
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida Confiantes na vida.
(Manuel Bandeira, “Momento num café", em Estrela da manhã.)
onde as formas e as ações não encerram nenhum
[exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo
[sexual.
(Carlos Drummond de Andrade, “Elegia 1938", em Sentimento do mundo.)
se faz mais branda e macia
quanto mais do litoral
a viagem se aproxima.
Agora afinal cheguei
nessa terra que diziam.
Como ela é uma terra doce
para os pés e para a vista.
(João Cabral de Melo Neto, “O retirante chega à Zona da Mata", em Morte e vida severina.)
A musicalidade, as reiterações, as aliterações e a profusão
de imagens e metáforas são algumas características
formais do poema, que apontam para sua filiação ao movimento
A questão abordam um poema do português Eugênio de Castro (1869-1944).
Estão corretas as afirmações
Estão corretas as afirmações
I. O quadro Abaporu, de 1928, inspirou o Manifesto Antropofágico, e os quadros de Tarsila serviram para divulgar o modernismo brasileiro.
II. As formas ousadas e cores de tons fortes e vibrantes usadas nos quadros de Tarsila traduziram o espírito de brasilidade.
III. Em 1929, a cafeicultura no Brasil, sobretudo a paulista, sofreu um forte abalo com a quebra da bolsa de Nova Iorque.
IV. A cultura cafeeira paulista, buscando as manchas de terras roxas, possibilitou a conservação do solo e a preservação das florestas, minimizando as ações antrópicas.
Ser dela, não é ser escravo; mas servir a Deus, que a fez
um anjo.
Com esta visão que o sertanejo tem de sua senhora, fica perfeitamente
caracterizado no relato um dos traços fundamentais da
literatura do Romantismo:
Ser dela, não é ser escravo; mas servir a Deus, que a fez um anjo.
Com esta visão que o sertanejo tem de sua senhora, fica perfeitamente caracterizado no relato um dos traços fundamentais da literatura do Romantismo:
Instrução: A questão toma por base uma passagem do romance O sertanejo, do romântico brasileiro José de Alencar (1829-1877).
O sertanejo
O moço sertanejo bateu o isqueiro e acendeu fogo num toro carcomido, que lhe serviu de braseiro para aquentar o ferro; e enquanto esperava, dirigiu-se ao boi nestes termos e com um modo afável:
– Fique descansado, camarada, que não o envergonharei levando-o à ponta de laço para mostrá-lo a toda aquela gente! Não; ninguém há de rir-se de sua desgraça. Você é um boi valente e destemido; vou dar-lhe a liberdade. Quero que viva muitos anos, senhor de si, zombando de todos os vaqueiros do mundo, para um dia, quando morrer de velhice, contar que só temeu a um homem, e esse foi Arnaldo Louredo.
O sertanejo parou para observar o boi, como se esperasse mostra de o ter ele entendido, e continuou:
– Mas o ferro da sua senhora, que também é a minha, tenha paciência, meu Dourado, esse há de levar; que é o sinal de o ter rendido o meu braço. Ser dela, não é ser escravo; mas servir a Deus, que a fez um anjo. Eu também trago o seu ferro aqui, no meu peito. Olhe, meu Dourado. O mancebo abriu a camisa, e mostrou ao boi o emblema que ele havia picado na pele, sobre o seio esquerdo, por meio do processo bem conhecido da inoculação de uma matéria colorante na epiderme. O debuxo de Arnaldo fora estresido com o suco do coipuna, que dá uma bela tinta escarlate, com que os índios outrora e atualmente os sertanejos tingem suas redes de algodão.
Depois de ter assim falado ao animal, como a um homem que o entendesse, o sertanejo tomou o cabo de ferro, que já estava em brasa, e marcou o Dourado sobre a pá esquerda.
– Agora, camarada, pertence a D. Flor, e portanto quem o ofender tem de haver-se comigo, Arnaldo Louredo. Tem entendido?... Pode voltar aos seus pastos; quando eu quiser, sei onde achá-lo. Já lhe conheço o rasto.
O Dourado dirigiu-se com o passo moroso para o mato; chegado à beira, voltou a cabeça para olhar o sertanejo, soltou um mugido saudoso e desapareceu.
Arnaldo acreditou que o boi tinha-lhe dito um afetuoso adeus.
E o narrador deste conto sertanejo não se anima a afirmar que ele se iludisse em sua ingênua superstição.
(José de Alencar. O sertanejo. Rio de Janeiro:
Livraria Garnier, [s.d.]. tomo II, p. 79-80. Adaptado.)