Questõesde UFPR sobre Filosofia
Considere o seguinte texto:
Não vos deixeis enganar! É vossa curta vista, não a essência das coisas, que vos faz acreditar ver terra firme onde quer que
seja no mar do vir-a-ser e perecer. Usais nomes das coisas, como se estas tivessem uma duração fixa: mas mesmo o rio, em
que entrais pela segunda vez, não é o mesmo da primeira vez.
(HERÁCLITO DE ÉFESO. Coleção Os Pensadores. Vol. I. São Paulo: Victor Civita, 1973, p. 109.)
Com base no texto e no conhecimento sobre o pensamento de Heráclito de Éfeso, considere as seguintes afirmativas:
1. Em todas as coisas, tem-se a constante transformação e não realidades fixas.
2. Os olhos e os ouvidos são más testemunhas para os homens.
3. A ideia de que tudo se transforma diz respeito ao mundo físico, sendo que em sua essência as coisas não se
alteram.
4. O vir-a-ser e o perecer conduzem as pessoas ao engano.
Assinale a alternativa correta.
Na introdução ao Ensaio sobre o entendimento humano, John Locke declara que nessa obra ele pretende investigar
“a origem, a certeza e a extensão do conhecimento humano, juntamente com as bases e graus da crença, opinião e
assentimento”.
(LOCKE, John. Coleção Os Pensadores. Vol. XVIII. São Paulo: Victor Civita, 1973. p. 145.)
Com base nessa citação e na obra de que foi retirada, é correto afirmar que essa investigação:
Em A Condição Humana, Hannah Arendt observa que o pensamento político dos gregos antigos estava baseado na
distinção bem demarcada entre a esfera pública (a Cidade) e a privada (a família), e que no mundo moderno essa
distinção deixou de ser clara. Assinale a alternativa que, de acordo com a autora, explica essa mudança.
Eis como ainda no início do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se
reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho: seu corpo é o
brasão de sua força e de sua valentia. [...] Na segunda metade do século XVIII, o soldado tornou-se algo que se fabrica; de
uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente
uma coação calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível
e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 162.)
Levando em conta essa passagem e a obra em que está inserida, é correto afirmar que, para Michel Foucault,
instituições como escolas, quartéis, hospitais e prisões são exemplos de espaços em que, a partir do século XVIII, os
indivíduos:
De acordo com Tales de Mileto, a água é origem e matriz de todas as coisas. Essa maneira de reduzir a multiplicidade
das coisas a um único elemento foi considerada uma das primeiras expressões da Filosofia, porque:
Nas primeiras linhas das Meditações Metafísicas, Descartes declara que “recebera muitas falsas opiniões por
verdadeiras” e que “aquilo que fundou sobre princípios mal assegurados devia ser muito duvidoso e incerto”.
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.)Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR,
2009, p. 153.)
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, Descartes entende que é preciso:
Para os filósofos contratualistas, o Estado é pensado como tendo por origem um contrato entre os indivíduos. Segundo
Thomas Hobbes, “é como se cada homem dissesse a cada homem; autorizo e transfiro o meu direito de me governar
a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de transferires para ele o teu direito,
autorizando de maneira semelhante todas as suas ações”.
(HOBBES, T. Leviatã, cap. 17, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos filosóficos, Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 365.)
A partir do enunciado, é correto afirmar que Hobbes recorre à ideia do contrato com o fim de:
Em determinado momento do diálogo de Hípias Menor, de Platão, Sócrates declara que encontrou dificuldade para
responder à pergunta “qual o critério para reconheceres o que é belo e o que é feio?”. De acordo com Platão, a
dificuldade está em que:
Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis próprias e em liberdade, há três modos de manter a sua posse:
primeiro, arruiná-los; segundo, ir habitá-los; terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de
poucos, que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e não a destrói será destruído por
ela. Tais cidades têm sempre por bandeira, nas rebeliões, a liberdade e suas antigas leis, que não esquecem nunca, nem com o
correr do tempo, nem por influência dos benefícios recebidos. Por muito que se faça, quaisquer que sejam as precauções tomadas,
se não se promovem o dissídio e a desagregação dos habitantes, não deixam eles de se lembrar daqueles princípios e, em toda
oportunidade, em qualquer situação, a eles recorrem [...]. Assim, para conservar uma república conquistada, o caminho mais seguro
é destruí-la ou habitá-la pessoalmente.
(MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21-22.)
Com base nessa passagem, extraída da obra O Príncipe, de Maquiavel, assinale a alternativa correta
Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis próprias e em liberdade, há três modos de manter a sua posse: primeiro, arruiná-los; segundo, ir habitá-los; terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e não a destrói será destruído por ela. Tais cidades têm sempre por bandeira, nas rebeliões, a liberdade e suas antigas leis, que não esquecem nunca, nem com o correr do tempo, nem por influência dos benefícios recebidos. Por muito que se faça, quaisquer que sejam as precauções tomadas, se não se promovem o dissídio e a desagregação dos habitantes, não deixam eles de se lembrar daqueles princípios e, em toda oportunidade, em qualquer situação, a eles recorrem [...]. Assim, para conservar uma república conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la pessoalmente.
(MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21-22.)
Com base nessa passagem, extraída da obra O Príncipe, de Maquiavel, assinale a alternativa correta
Considere as três premissas abaixo:
1. Devemos proibir legalmente apenas o que é moralmente incorreto.
2. Os filhos mentirem para os pais é moralmente incorreto.
3. Todavia, os filhos mentirem para os pais não deve ser legalmente proibido.
A partir dessas premissas, é correto inferir que:
Considere as três premissas abaixo:
1. Devemos proibir legalmente apenas o que é moralmente incorreto.
2. Os filhos mentirem para os pais é moralmente incorreto.
3. Todavia, os filhos mentirem para os pais não deve ser legalmente proibido.
A partir dessas premissas, é correto inferir que:
A estética corresponde ao ramo da filosofia que se ocupa das manifestações artísticas, buscando apontar, por
exemplo, os diferentes critérios e modos como em diferentes momentos ou culturas se percebe e classifica algo como
belo, sublime ou agradável. Trata-se, assim, de uma forma de conhecimento que não nega a razão, ao certo, mas que
coloca em relevo a forma como ela se relaciona com a imaginação e com a sensibilidade.
A partir do exposto acima, é correto afirmar:
A estética corresponde ao ramo da filosofia que se ocupa das manifestações artísticas, buscando apontar, por exemplo, os diferentes critérios e modos como em diferentes momentos ou culturas se percebe e classifica algo como belo, sublime ou agradável. Trata-se, assim, de uma forma de conhecimento que não nega a razão, ao certo, mas que coloca em relevo a forma como ela se relaciona com a imaginação e com a sensibilidade.
A partir do exposto acima, é correto afirmar:
Mas, logo em seguida, adverti que enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que
pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais
extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o
primeiro princípio da Filosofia que procurava.
(DESCARTES. Discurso do método. Col. Os Pensadores. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 46.)
O texto citado corresponde a uma das passagens mais marcantes da filosofia de Descartes, um filósofo considerado
por muitos intérpretes como o pai do racionalismo. Com base no texto e na ideia geral de racionalismo, é correto
afirmar:
Mas, logo em seguida, adverti que enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.
(DESCARTES. Discurso do método. Col. Os Pensadores. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 46.)
O texto citado corresponde a uma das passagens mais marcantes da filosofia de Descartes, um filósofo considerado por muitos intérpretes como o pai do racionalismo. Com base no texto e na ideia geral de racionalismo, é correto afirmar:
Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: “Que quererá dizer o Deus? Que sentido oculto pôs na resposta? Eu
cá não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que quererá ele então significar declarando-me o mais sábio?
Naturalmente não está mentindo, porque isso lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por
fim, muito contra meu gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a expor.
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.)
O texto acima pode ser tomado como um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a
passagem do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada:
Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir assim: “Que quererá dizer o Deus? Que sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que quererá ele então significar declarando-me o mais sábio? Naturalmente não está mentindo, porque isso lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido; por fim, muito contra meu gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a expor.
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.)
O texto acima pode ser tomado como um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a passagem do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada:
Em um texto chamado “Resposta à questão: o que é esclarecimento?”, Kant afirma que o “esclarecimento é a saída do homem
da menoridade”. Afirma também que a “menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia”
e que “o homem é o culpado por esta incapacidade, quando sua causa resulta na falta, não do entendimento, mas de resolução
e coragem para fazer uso dele sem a direção de outra pessoa”.
(KANT, Resposta à questão: O que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos.
Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.)
Por sua vez, Foucault afirma: “Houve, durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo do poder.
Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo – ao corpo que se manipula, se modela, se
treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam [...]”, referindo-se a um corpo (homem) que se
torna ao mesmo tempo analisável e manipulável.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. Pondé Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987,
p. 125.).
Com base nos dois textos e no pensamento desses filósofos, considere as afirmativas abaixo:
1. O Esclarecimento seria uma espécie de menoridade intelectual e corresponderia à afirmação da religião como
ponto de partida para o homem tomar suas principais decisões.
2. Enquanto Kant se preocupa em avaliar o quanto os indivíduos são responsáveis por se deixarem dirigir por outros,
Foucault trata de mostrar os modos como a sociedade torna o homem manipulável.
3. Tanto Kant quanto Foucault se questionam pelo nível de autonomia do homem, ambos, porém, a partir de
abordagens diferentes e chegando a conclusões diferentes.
4. Fica claro no texto de Foucault que a idade clássica favorece o autoconhecimento e a autonomia de pensamento.
Assinale a alternativa correta.
Em um texto chamado “Resposta à questão: o que é esclarecimento?”, Kant afirma que o “esclarecimento é a saída do homem da menoridade”. Afirma também que a “menoridade é a incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia” e que “o homem é o culpado por esta incapacidade, quando sua causa resulta na falta, não do entendimento, mas de resolução e coragem para fazer uso dele sem a direção de outra pessoa”.
(KANT, Resposta à questão: O que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.)
Por sua vez, Foucault afirma: “Houve, durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo do poder. Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo – ao corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam [...]”, referindo-se a um corpo (homem) que se torna ao mesmo tempo analisável e manipulável.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. Pondé Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 125.).
Com base nos dois textos e no pensamento desses filósofos, considere as afirmativas abaixo:
1. O Esclarecimento seria uma espécie de menoridade intelectual e corresponderia à afirmação da religião como ponto de partida para o homem tomar suas principais decisões.
2. Enquanto Kant se preocupa em avaliar o quanto os indivíduos são responsáveis por se deixarem dirigir por outros, Foucault trata de mostrar os modos como a sociedade torna o homem manipulável.
3. Tanto Kant quanto Foucault se questionam pelo nível de autonomia do homem, ambos, porém, a partir de abordagens diferentes e chegando a conclusões diferentes.
4. Fica claro no texto de Foucault que a idade clássica favorece o autoconhecimento e a autonomia de pensamento.
Assinale a alternativa correta.